Capítulo 20 - Mémorias

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Fecho a porta exausto. Sair com Rebekah é uma das piores coisas que eu poderia ter arrumado para fazer. Primeiro que aquela cabana era só faixada, ela me levou lá para pegar dinheiro. Depois partimos para o shopping. Fui muito ingênuo de segui-la para o estabelecimento.

Caminho até a sala com o objetivo de me jogar no sofá, mas antes que fosse possível ela me chama a atenção novamente.

— Não vai deixar as minhas coisas aqui, vai?— questiona apontando para as dezenas de sacolas que se prendiam em meus braços. Linhas vermelhas estendiam-se por eles, porém, ao soltar tudo no quarto da loira, logo curaram-se.— Um verdadeiro cavalheiro. Pena que o Nick te pegou 'pra ele. Ao menos eu pude aproveitar.— ela dá de ombros e reviro os olhos.

Volto para meu quarto, lembrando dos anos 20 e tudo o que vivi. Com certeza, não fora um dos meus melhores períodos, já que estava tomado pela escuridão e diversão, mas também não fez parte dos piores. Alguns momentos foram bons, já que nada é ruim para sempre.

Pensei em Damon novamente. Em ele ter vindo até aqui. O fato de que Caroline ou Elena não terem se oferecido também me surpreende, já que ambas, principalmente a Forbes, são meio desesperadas no quesito de preocupação. Mas agora tudo já melhorou. Klaus deve voltar logo, sem Davina nem Sebastian, espero; então decido ligar para a loira de Mystic Falls.

Alô?— questiona do outro lado da linha com uma voz apressada. Pelo bem que a conheço, deve estar organizando algo do colégio ou parecido.

— Oi, Caroline. É o Stefan.— revelo e o que se passa a seguir é uma grande recordação dos últimos dias de sua vida. Ela mal se quer deixa eu explicar o que estou fazendo aqui, mas, em algum momento, consigo abrir a boca.— Klaus me sequestrou e me trouxe até aqui. Coisa que apenas aquele híbrido maníaco faria. Pelo bem que conheço Damon, ele já deve ter te contado sobre nosso envolvimento.

Então é verdade? Primeiro, eu achei que fosse apenas mais uma brincadeirinha do Damon, já que ele adora fazer isso.— posso sentir sua respiração ofegante pela ansiedade em seu peito. Ela adora conversar, tanto que as vezes chega a ser cansativo. Mas estou disposto a escuta-la, afinal ela é minha melhor amiga.

— É verdade. No começo, achei estranho que estivesse de volta a minha humanidade, já que ele me forçou a desligá-la no nosso último incidente com Elena; mas então acordei em um dos quartos da mansão dele e todo o sentimento e culpa me preencheu quando eu vi que havia matado tanta gente. Tentei ignorar a culpa, o que, de certo modo, desapareceu. Depois, Klaus me revelou todos os seus interesses sobre retomar o poder de New Orleans e que queria governar comigo. A gente discutiu muito, mas acabou que, no final, ele estava com medo de admitir os próprios sentimento e eu queria ajudá-lo. Em meio a tudo isso, descobrir que estava perdidamente apaixonado...— termino de falar, deixando que as palavras envolvessem tudo o que sinto em relação ao híbrido e o sibilar de Caroline me surpreende. Eu sei que ela entenderia, ela seria a única capaz.

Ele se mostra um real cavalheiro quando quer. Você sabe de tudo o que a gente já viveu junto. Eu já te contei. Ele pode não ser o melhor homem do mundo e chegar perto de ser o pior, mas não é.— riu de seu comentário.— tudo o que posso dizer é "aproveite", Stefan; mas não some. Você entrou na vida da minha melhor amiga e então me tornei vampira e, por ter me ajudado, vai ter que encarar uma sentença eterna de me carregar pelo resto de nossas vidas, Okay?— ela surta.

— Ok, ok.— afirmo com o peito palpitando, pois escutei a porta lá de baixo se abrir. Provavelmente era ele.— Conversar com você foi libertador, Carol, sério, mas eu preciso ir agora.— digo esperando que ela entenda.

— Tudo bem. Até depois.

Desligo e jogo o aparelho nos lençóis da cama. Demora alguns minutos até que Klaus encontre a porta certa.

— Com quem falava?— pergunta deitando-se ao meu lado.

— Caroline. Depois de tudo, eu devia uma explicação a ela. Felizmente, tudo ocorreu bem. E os garotos?— questiono após ele concordar com a cabeça.

— Levei eles até Laura. Ela pode ajudar.— ah, claro. A bruxa que fomos até em minha primeira saída desta casa.

— E Marcel?

— Meus híbridos o obrigaram a deixar o trono.— deu de ombros.— Ele conhece a cidade, vai ficar bem.— escondeu os lábios finalmente me encarando nos olhos.— Depois da tempestade o mar se acalma.— repete o ditado popular me puxando para perto.

— Ou se agita ainda mais.— acrescento.

— Deixe de ser pessimista, love.— passou a mão pelos meus cabelos e acabei por adormecer ali, naquele fim de tarde.

Como é bom estar perto de quem amamos, mesmo que este seja um sádico psicopata altamente problemático.

Escrevo neste diário todos estes últimos dias, pois temo que eles cheguem ao fim e, aqui, tenho ao menos a certeza de que não esquecerei. É importante demais para deixar que simplesmente vá embora como a fumaça das fábricas, a qual causa tanto estrago ao mundo; mas produz cada vez mais. Talvez não seja sobre consumismo ou ganância e sim sobre amor. As memórias são o amor. E quero te amar, Klaus, quero te amar para sempre. Mas, como tudo, temo que esse sentimento se apague como a fogueira de hoje a noite, quando compartilhamos de um momento único; o qual você soltou Kol de seu eterno aprisionamento. Me senti muito orgulhoso. Te amo, apesar de tudo. Obrigado por me fazer passar por todo esse turbilhão de emoções e, ao mesmo tempo, se permitir senti-las...

Em meio a tudo isso~ [ KLEFAN ]Onde histórias criam vida. Descubra agora