Boa leitura, nos vemos nas notas finais! <3
Eu estive esperando: até que não haja mais nuvens.
~
JIMIN.
Quando era mais jovem, por volta dos dezesseis ou dezessete anos e soube que pela primeira vez iria para uma escola e não mais seria educado em casa, um pensamento doce demais para a minha realidade me ocorreu. Pela primeira vez eu conheceria pessoas de verdade, sem que estivessem em um contexto regrado como o meu, onde mais pareciam robôs do que qualquer outra coisa, e em quem o olhar triste de certo modo sempre me fazia perguntar o que aqueles jovens herdeiros haviam feito de tão ruim para serem lobotomizados daquele jeito.
Haveriam experiências reais mesmo em um lugar tão regrado quanto a educação particular que havia recebido em casa, e foi pensando nisso que reservei uma parte da parede do meu quarto e instalei um mural que apelidei carinhosamente de La Gaudiére, naquele ano havia me interessado por conhecer melhor a etimologia das palavras e por coincidência acabei por esbarrar no trabalho do artista John Koening chamado o Dicionário de Tristezas Obscuras, onde ele inventou palavras que pudessem demonstrar sentimentos aos quais não conseguimos expressar.
Um deles era o La Gaudiére, que é enxergar o brilho de bondade dentro das pessoas.
Nesse mural haveriam fotos das pessoas as quais enxerguei aquilo, que pude criar memórias afetivas que levaria para o resto da vida e à quem eu recorreria quando precisasse de uma gota de seu amor.
Ele estava vazio.
Sempre esteve vazio.
Era apenas um quadro de fotos quase que totalmente em branco se não fosse pelo título e por uma polaroid dos meus pais que coloquei pendurado bem ao lado, pois iria para um outro mural. Hoje, observando bem o pensamento que tive quando me empolguei com essa ideia consigo relembrar o sentimento esperançoso e desesperador que havia em mim, tanta ânsia por ser acolhido, tanta vontade de estar em meios que jamais me acolheriam. Tanto querer.
Com o passar do tempo enquanto observava que talvez este quadro nunca fosse preenchido com o seu real propósito, percebia que meu querer estava além daquilo que eu merecia, era um pensamento doloroso que hoje não mais existe, mas acabava por ser mais reconfortante pensar que algumas realidades estavam para determinadas pessoas do que ter a certeza de que mesmo havendo a possibilidade para mim, ainda assim não obteria isso.
Suspirei fundo e fui até o quadro retirando a polaroid dos meus pais e guardando na minha carteira, por um momento refleti sobre ele, se o deixaria ali apenas tomando espaço de uma estante que comportaria melhor os meus livros.
Mas antes que a decisão definitiva chegasse senti um perfume floral invadir minhas narinas, e me virei para encontrar Misuk observando meu quarto enquanto me deslumbrava por sua beleza única, evidenciada pelo vestido preto justo, um salto igualmente escuro e os lábios em carmim.
— Que bonito. — apontou para os arredores e eu concordei sorrindo. — Esse lugar continua a sua cara.
— É, ela não quis mexer nas minhas coisas depois que fui embora. — dei de ombros deixando a carteira de qualquer maneira na cama e observando melhor sua roupa. — Você está magnífica.
Ela sorriu tímida e eu me permiti segurar em uma de suas mãos e roda-la para vê-la completamente, Misuk era uma das mulheres mais bonitas que eu conhecia, mas conseguia ser ainda mais bela fora da formalidade do trabalho, esta parecia ser uma noite especial já que seu traje era elegante para uma ocasião qualquer.
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Ephemeral | jjk + pjm
ФанфикVivendo sozinho em Seul com seu emprego péssimo, em um lugar onde alguém com mais 1,80 de altura não conseguiria morar e matando seu estômago com comida ruim e sua mente com paranoias, Jeon Jungkook não esperava que muita coisa fosse mudar em sua vi...