Encontro de amigos

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  Já eram 2 da tarde e ela ainda estava na loja com a mãe, aquilo era muito chato, e olha que eu havia chegado há uns 20min. Resolvi mandar uma mensagem.
    
     >Oi, Lua. (•v•)
  
     >Oi, Sol.
  
     >Você já terminou? (•-•)
  
     >Não, quer dizer, eu poderia muito bem sair daqui, minha mãe consegue resolver isso sozinha. Mas ela parece que gosta de me torturar.
 
    >Minha cara Lua, vc fala como uma adolescente. ( U-U)
  
    >Insuportável.
  
    >ksksksks Eu já cheguei no shopping, tô num banco, mas já estou ficando entediado.

    >Onde vc tá?

   >De frente pra uma loja chata, lá dentro tem uma garota branquela que parece nunca ter visto sol na vida. Ela tá com uma T-shirt preta com desenhos de flamingos e uma calça jeans surrada. Q garota estranha.

    >...

    >Agora ela está olhando em volta, deve estar procurando alguém, talvez um homem alto de cabelo de algodão doce. Talvez.
 
    >...
  
    >Hum... parece q ela achou o q queria (○•○)  está me ncarando... eu sou mesmo irresistível. Não posso dizer o mesmo da blusa dela. É feia.

   >Feio é vc.
 
   >skksksks me espera tô indo aí.

   >Espera, pra q? E pq vc tá deitado num banco?!

Desliguei o celular, o banco até que estava bem gostosinho, mas era hora de fazer um show.
   Caminhei  lentamente até a loja, do lado da minha  acompanhante estava a tão temida mãe. Uma mulher de corpo robusto e levemente arredondado, uma expressão de poucos amigos (pra não dizer "cara de bund"...)  unhas cumpridas e afiadas, pintadas de verde musgo, a minha cor detestada... o conjunto perfeito para me dar medo.
   Eu admito, eu tenho conjuntos perfeitos de medo. Um cara branco, careca, de cavanhaque usando roupas casuais; ou uma mulher igual a citada acima. Eu não tenho nada contra pessoas gordas, ou carecas, ou com cavanhaque, ou com unhas cumpridas. Mas juntar tudo isso é sim, assustador! É tipo uma lacraia. Eu não tenho nada contra bichos compridos, ou alguns insetos (alguns), ou bichos com veneno, mas juntar tudo isso é um exagero.
   Me aproximei delas e puxei minha amiga pra um aperto de mão com um toquinho especial desesperado, que eu tirei de um filme de comédia, pra fingir uma super intimidade (éramos íntimos sim, mas nunca tivemos um toquinho secreto):
   _Gabi, que bom que você já chegou!
   A mãe dela se virou com um olhar de repulsa pra mim.
  _Dona!!! DOOOONAAAA.... _Droga! Esqueci o nome da mulher!
  _Marta..._Gabriela sussurrou.
  _Dona Marta, maravilhosa Marta! Há quanto tempo! Eu jamais me esqueci da senhora! _Ok, que ela nunca saiba o esforço que meus dois últimos neurônios fizeram pra se quer lembrar o rosto dela._ Que saudade! Sou eu! Island, o amigo da Gabriela! A senhora lembra, não lembra? Eu não acredito que não lembra de mim, eu ía sempre na sua casa!  _Isso é verdade, ela só não estava lá quando eu ía.
   _Ah, oh sim, eu lembro... _Mentirosa._ Island, não é mesmo? Eu nunca esqueceria seu nome. _ É claro, eu acabei de dizer..._ Você era o amiguinho que sempre ajudava a Gabriela certo? _ Oh claro, eu sou aquele que você chamou de má influência depois de incentivar ela a subir numa árvore e quebrar o dente...
  _Eu mesmo! _Gabriela me olhava incrédula. Eu sempre fui um ótimo ator.
  _Sabe, dona Marta, eu até queria conversar mais, colocar o assunto em dia, mas eu tenho horário pra voltar pra casa..._ Despejei meu melhor olhar de anjo, Gabriela me encarou._ E eu queria pedir pra senhora convencer a Gabizinha a vir logo comigo, afinal, a gente marcou de sair pra relembrar os velhos tempos! Mas pelo jeito, a Gabi não quer desgrudar da senhora, fala pra ela que a senhora é capaz de se virar sozinha! Olha só Gabi..._ Me virei pra minha amiga que, por mais séria que estivesse, ainda assim estava vermelha como tomate._ A sua mãe já existia antes de você! Se toca! Até onde eu lembro ela toma conta de um escritório sozinha! É óbvio que ela conseque se virar. Não é, dona Marta?
  A mulher estava com os olhos arregalados me encarando, quando fechei a boca e abri meu sorriso mais inocente, ela olhou para filha e concordou com cada palavra minha:
   _Pois bem... ah... aproveitem o passeio... até... até mais... aproveitem para relembrar o passado... as brincadeiras não é? _Ela riu de nervoso.
   Acenei com a cabeça e puxei Gabriela para fora da loja, quando estávamos já na porta respondi:
   _Oh, sim, relembrar! Vamos no fliperama, e ao cinema também, e lá... vamos brincar de médico...
   _É  claro... espera... MÉDICO?!
   Acenei puxando Gabi o mais rápido possível.
  _ELE TÁ BRINCANDO!!! TA BRINCANDO!!! _Gabriela gritou.
  Tive uma crise de risos enquanto corríamos até a escada rolante.
  Carambola eu amo isso! Eu deveria ser ator! Estou desperdiçando tempo desenhando!
   _QUAL É A SUA!?
   _O quê? _ Fingir demência era a cereja do bolo.
   _Brincar de médico?!
   _'Qualé', é brincadeira luazinha, o homem sai da 5° série, mas a 5° série nunca sai do homem...
    Ela esquivou o olhar e me deixou rindo por um tempo, até que não aguentou e deixou escapar algumas risadas, não muitas, afinal ela roncaria se começasse a rir mais.
  Andamos até o fliperama mais próximo e eu sentia a adrenalina e a nostalgia pularem nas minhas veias, em contra partida ela não parecia tão animada assim.
   _Ei, não sente a nostalgia de um lugar assim, não?
   _Hm, nostalgia? Não, nunca joguei num fliperama. E nem sou muito de jogos, você sabe...
   _Aaargh!!! _Respirei fundo... essa garota sem cultura me estressa. _ Bem, agora tenho certeza que você vai se divertir. Confia no tio.
   Ela coçou o nariz q já dava os sinais pela mudança de tempo. Me encarou de cima a baixo e resolveu entrar.
   Aquele lugar era simplesmente o paraíso... a iluminação baixa néon, as várias máquinas exalando suas luzes, cores e efeitos especiais, francamente eu poderia morrer aqui e agora! Nem parece que tenho a idade que tenho! Minha cabeça girou no meio daquela infinidade de jogos, tinha de todos os tipos, jogos de corrida, simuladores de moto, carro e nave espacial! Com capacete e tudo! Jogo de dança, ataque, caça a zumbis, jogos de guerra e tiro, tinha dos retrôs também! Quase parei de respirar quando vi um do packman! Bomber man, Super Mario, Street fighter, Mortal Combat e jogos de mesa também! Droga eu acho que vou chorar!
   _Em qual a gente vai? _Ela me tirou do transe.
   _Ammm... olha... tenho medo de jogar algo de corrida com você, minha costela ainda está estranha... então...
  _Tomara que inflame...
  _O quê?!
  _Uai! Você não para de falar nisso! _Segurou o riso.
  _Que feio! Desejando o mal para o próximo! _A garota revirou os olhos e depois inspecionou o lugar rapidamente.
  _Já que tem tanto medo de perder pra mim em um jogo de corrida... vamos pra luta!
  _Hm, agressiva ela... _Fitei a máquina que ela encarava, "Mortal Combat".
  _Ho ho hooo, minha cara Watson! Você almeja coisas grandes! _ Estralei o pescoço. _ Tem certeza que quer me encarar nesse?_ soltei a voz mais sombria que consegui.
   Ela me olhou com desdém e estralou os dedos das mãos, e com um olhar ambicioso ela se dirigiu até a máquina se posicionando:
   _Vou te fazer implorar pela vida... assim que eu descobrir como se joga.
  Revirei os olhos... e vamos de tutorial!
  Depois de um breve tutorial de como jogar, e uma apresentação bem meia boca dos personages, finalmente estávamos prontos pra luta, meu Scorpion vs o Sub zero dela... É óbvio que a primeira partida eu venci. E a segunda também, e a terceira, e várias até que finalmente eu tive cãibra no dedo, e ela usou o "ataque desesperado de apertar qualquer coisa que apareça" me vencendo numa "honrosa" vitória de  7×1...
  A julgar pelo seu humor do anão zangado da branca de neve, e pela super disposição que ela exala... eu poderia jurar que depois da 6° derrota ela iria desistir e dar a louca, me arrastar pra qualquer outro lugar, mas pra minha surpresa, foi o contrário!
  Jogamos de mais! Na visão dela seria mais facil me vencer na corrida, e ela estava certa,  gosto de acelerar, mas aquelas telas me deixavam tonto! Eu não posso negar o quanto tudo foi divertido, até perder na corrida foi ótimo! Passamos pelo futebol de mesa, e outros jogos sem tela... eu já tinha me esquecido como era ser um adulto, já estávamos roucos de tanto gritar, e eu já havia perdido as contas de quantos roncos ela soltou entre uma gargalhada e outra, fazia tempo que eu não a via rir e pular daquele jeito, até tirou sarro de mim! Aquilo poderia ser infinito, mas... nossas fichas acabaram. Então fomos ao cinema e, em qualquer outra situação eu teria apostado todas as minhas fichas que esse seria o momento de glória, a tal hora de brincar de médico. Aquele clássico, escolher um filme legal, mas nem tanto, sentar no fundo, esperar o momento certo, ou seja, a parte chata do filme, investir... arranjar uma sessão de beijos longos no escuro... mas, quer saber? Aquele era um encontro sem compromisso, não do tipo "beija e passa", mas do tipo, amigos. E eu sinceramente estava gostando! Era bom, e pela forma como ela agia, aposto que eu não era o único curtindo. Éramos amigos como sempre fomos, e estávamos nos divertindo como sempre.
           
   As horas tinham voado e eu já sentia o estômago tentando me digerir. Saímos depressa do fliperama em direção à praça de alimentação, passamos no Subway mesmo com ela insistindo que tinham lugares melhores, como o lugar que vendia o "podrão"  que ela gostava. No fim, a decisão da parte mais forte foi acatada, calei todas as reclamações dela com "pedra, papel e tedoura". Subway venceu! Fatality! (Ainda bem que venci, pois pelo jeito ela esqueceu que eu fui expulso de lá!)
   Saímos do shopping quando as nuvens estavam começando a se tingir de rosa, o céu laranja combinava com o milkshake de frutas amarelas que eu tomava ( é a primeira vez que vejo isso! ). Eu estava tranquilamente testando meus limites com um sanduíche de 30cm e um copo de 400ml, quando avistei o ponto de ônibus, apertei o passo pra sentar, antes que aparecessem mais pessoas quando ela me parou:
   _Hmm, vamos andando? Eu... gosto de caminhar.
   _Sério?
   _Ah, gostar é uma palavra muito forte, mas ultimamente tenho saído de noite pra caminhar! Mas tenho compromisso mais tarde, então, se você topar, podemos ir andando, eu já adianto minha caminhada.  _Falou enquanto chutava uma pedrinha na calçada. 
   _Tudo bem. _ Dei de ombros e a acompanhei pela rua. _Eai, como está se sentindo?
   Ela fungou coçando o nariz rosado e encarou as nuvens como se elas tivessem culpa das cócegas no nariz:
   _Sabe, Solzinho, eu estou... deveras cansada... E com muito calor...
   _Caramba, ontem você reclamou da chuva...
   _Sim, e agora eu tô reclamando do calooor. _Ela forçou uma voz de tédio e depois sorriu._  Mas estou bem! Deu pra descansar bastante! Foi muito legal!
   Sorri.
   Ela tinha uma expressão mais leve, encarava o céu de vez em vez, enquanto bebericar o milkshake, dessa vez o céu não parecia ter culpa de nada, era uma expressão diferente.
   _No que pensando?_ Me arrisquei.
   _Hm, em como tudo exala um pouco de Deus.
   _Hm.
   _Essas nuvens são tão lindas, eu sei lá, mesmo nessa cidade esquisita... _ Olhamos ao redor, pessoas apressadas, veículos fumegantes e uma dose boa de barulho._ Ainda sinto que as coisas podem exalar um pouco dele.
   _É uma visão interessante. _Mordi o sanduíche. _O que vai fazer quando chegar em casa?
   _Am...
   _Espera, deixa eu adivinhar! Você vai... tomar um banho relaxante e dormir muito!
   _É... vou dormir que nem pedra! Até dar a hora de sair! _Rimos um pouco e ela pareceu se nublar. _ Bem, se minha mãe não vier com algo.
   _Ora, você passou tanto tempo ajudando ela, por que ela viria com algo agora?
   _Ah, você não conhece ela, parece que sempre quer atenção, mas de um jeito ruim, não aquela atenção que você espera receber de alguém que ama, mas aquele tipo "Ei, olha pra mim, vocês precisam me ver! Como assim não estão se preocupando com algo que eu disse!?" Se ela fosse assim, e fosse no minimo preocupada, amorosa, sei lá, mais mãe... Eu ficaria até tranquila, mas não é esse o caso, ela não se importa.
    Levei um último pedaço de sanduíche à boca enquanto digeria o que ela disse.
    _Deve ser ruim. Me diz, você tem raiva dela? Tipo, muita raiva? Eu lembro que ela te evitava bastante, não sei se era só impressão minha, afinal, todas as vezes que eu ía na sua casa ela não estava, ou se era algo real. Se eu estiver viajando, só ignora.
    _Não, não é uma viagem sua, ela realmente não parece gostar muito de mim, a sensação é quase como se eu fosse um peso. E sim, é muito ruim lidar com ela, ela caça uma treta a cada dia. Já tive muita raiva dela, foi um processo perdoar. Mas agora, não. Só me canso as vezes, sabe aquela sensação de ter lidado com uma criança teimosa o dia todo? Pois é. É isso que restou.
    _Hm... _Encarei ela, apesar da expressão cansada, seus olhos estavam serenos, bem serenos, eram os mesmos olhos verdes de sempre, mas com um toque mais tranquilo. Me inclinei pra limpar o molho que havia ficado na bochecha dela. Lembrei de mais uma coisa.
    _Desculpe o interrogatório, mas lembrei de algo. Um dia na loja você deixou o celular ligado na aba de alarmes, tinha um alarme pra te lembrar de um remédio, era um antidepressivo, ?
   _Era sim. Bem, lá pros 14 anos eu tive o diagnóstico.  _ Ela esfregou os ombros, e depois misturou o restante do milkshake.
   _Caramba, eu também comecei um quadro deprê... mas não foi pra frente, foi lá pros 16 anos, eu já não tava aguentando a cidade onde eu morava, era muito parado, e eu precisava de movimento, sabe como é, mente inquieta, e eu não gostava de ninguém por lá, na verdade, eu meio que odiava tudo e todos. _Alonguei os braços._ Era massante de mais e eu sentia que não ia conseguir me adaptar nunca, como meu pai estava num bom serviço por lá, a gente conversou e com um pouco de esforço eu pude me mudar. Daí fui me ocupando e foi fácil sair. O que rolou com você?
   _Muitos paranauês... _Ela se esquivou.
   _Não quer falar?
   _Sabe, Solzinho... só de eu ter dito isso sobre minha mãe com você,  pode acreditar, já foi uma grande confissão, não costumo falar muito, pelo menos não sobre mim, você me conhece... quer dizer... não costumo falar muito do que sinto, não gosto de mexer nessas áreas.  Você pode não acreditar, mas Deus foi muito importante pra mim nisso. _Ela tomou mais um gole, provavelmente o último._ Eu tive uns momentos barra pesada, fiquei bem sozinha por muito tempo, tive várias pequenas grandes coisas que se acumularam, e que eu não vou falar agora, porque... porque ... eu acho que não tô bem preparada pra verbalizar assim, mas vi muitas coisas sendo trabalhadas em mim. Eu definitivamente não sou aquela Gabriela de quando criança, queria ser, mas não sou. Eu também não sou a Gabriela da minha pior fase, eu já mudei. Agora eu poderia dizer que estou na minha melhor fase, embora sinta que a qualquer momento as coisas podem desandar, é um certo frio na barriga, entende? Então, eu estou contente, mas eu me sinto desapegada a muita coisa, as vezes ainda sinto aquela sensação ruim, aquela de não sentir nada. Esquisito dizer isso haha, parece contraditório. Esse não sentir nada ainda me assusta. Ainda tenho depressão. Levei um tempo pra entender que é possível estar assim e ter Deus. Ele prometeu estar conosco, disse que passaríamos pelas fases ruins, Ele nunca negou isso, e nunca disse que nos tiraria desse mundo, mas ele prometeu estar comigo. _Nessa hora eu vi um brilho, não era lágrima, mas brilhava, no fundo daqueles olhos encantadores. Ainda que relutante, eu acreditei em cada palavra, não tinha como contestar aquele brilho.
   _Uau... _Não sei se estava sem comentários, ou com 100 comentários entalados.
   _É, pois é... Ah, olha, estamos chegando em casa!
   _Ah sim! _concordei entregando meu copo a ela.
   _Que é isso?!
  _Um copo. _ Ao ouvir a resposta, a moça me encarou friamente. _Uai! Você vai entrar, não vai? Eu não vejo nenhuma lixeira por aqui, custaria fazer esse favor? Lua...?
   Ela agarrou o copo e revirou os olhos:
   _Já que estou fazendo esse favor, que tal você retribuir?
   _Hmm com... beijos?
   _Não, com voluntariedade.
   _O quê?  
   Ela retirou o celular do bolso e estendeu uma foto de um cartaz mal feito  "adoção de filhotes"
  _Quer que eu me voluntarie pra isso?
  _Sim.
  _Só por que te pedi pra jogar meu lixo fora?
  _Sim.
  _Afinal, eu te chamei pra sair e você topou, logo eu teria que topar, certo?
  _Sim.
  _E como eu sou vegetariano e digo gostar dos animais em geral, não aceitar me voluntariar para uma causa animal em um dia de folga seria hipocrisia, certo?
  _Claro.
  _Esperta, muito esperta. _Peguei o celular de sua mão. O cartaz era horroroso e não seguia nenhuma regra de dsign, não que eu seja formado nisso, não sou, mas seria interessante se as pessoas procurassem saber das coisas um pouco. Resolvi não falar nada, afinal, se eu não fiz e não pretendo fazer um melhor pra ajudar, é melhor não opinar.
  _Tudo bem, mas eu não vi nenhum cartaz nas ruas, vocês distribuíram?
  _Não, apenas no Whats.
  _Qualé, isso dá muito pouco alcance! Ok, deixa quieto, eu vou ajudar, tudo bem?
  _Isso! Obrigada, Solzinho! _Não se engane esse "solzinho" foi com ar de deboche. 
  Ela se virou e foi para casa lentamente como se tivesse todo o tempo do mundo, não sem antes voltar as pressas e me dar o abraço mais inesperado. Eu não vou negar, meu coração se desesperou no peito, foi difícil disfarçar,  embora ela parecesse apenas uma amiga.
  Já era bem de noite quando cheguei em casa, encarei a imagem do cartaz de adoção, que ela havia me mandado alguns minutos depois de entrar em casa. Era ridículo.
  Tudo bem, eu vou fazer um melhor, tenho tempo, tenho ferramentas... estou à toa... talvez eu tenha um TOC com isso...

  

Como Sol e LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora