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Ao contrário do dia anterior, Shiori não encontrou um céu ensolarado e quente. Ela se viu em um clima ameno, quase melancólico, mas ainda assim acolhedor. O clima do tipo que mães fazem bolinhos de chuva e pais preparam pipoca pra rever algum filme velho. 

Apesar da família nada convencional e comum, seus pais mafiosos foram carinhosos o suficiente para que a menina tivesse essa experiência também. 

E nesse dia nublado, ela recordou cada experiência enquanto os pés a levavam sozinhos pelo campo verde em um trajeto gravado na memória muscular do corpo há anos. Ela observou as lápides e as flores ao lado delas. Parando em um túmulo específico, com uma lápide limpa e delicada, Shiori deixou suas próprias flores, um buquê de lírios cor-de-rosa da fragrância suave que a mãe gostava, e sentiu um aperto familiar no coração, lendo mais uma vez a inscrição verdadeira na placa, "Sakura. Mãe querida e mulher de bom coração.".

- Oi mãe — começou a jovem, se sentando na grama aparada na frente da lápide — Como você tá, aí em cima? Tenho tanta coisa pra te contar... 

O céu começou a afastar as nuvens cinzentas, e o clima que conferia uma sensação de aconchego se tornou atento e encorajador quando o sol apareceu, como se Sakura abrisse caminho no firmamento para ver melhor a filha crescida.

— Bem, eu fui ao cinema com meu colega de turma, o Katsuki. Nos divertimos muito, e ele me beijou. Eu gostei — Shiori fez uma pausa, como se perdida em pensamento — Mas… Aconteceu outra coisa. O Dabi também me beijou, e disse que me ama. E eu também gostei! 

Falando pela primeira vez sobre o que realmente tinha sentido, Shiori notou-se um pouco desesperada.

— Agora, eu tô confusa sobre os dois. O Katsuki é um cara muito gentil, do jeito dele. Mas o Dabi me conhece a tanto tempo, e é tão bom comigo... O que eu devo fazer, mãe?

Olhando novamente para a lápide de mármore entalhado, a morena derramou lágrimas quentes e sentiu o coração apertar um pouco mais.

- Ah, mamãe… Você saberia o que me dizer. Eu tô tão confusa que não sei o que fazer. Tenho medo de magoar os meninos!!

Com as lágrimas pesando os olhos e o estado de confusão trazendo uma exaustão repentina, Shiori se deitou na grama, como se estivesse recebendo um abraço da finada mãe, e adormeceu.

...

-Acorda, meu amor. Vamos, filha. Acorde. 

- O que...

- Vamos princesinha. É hora de acordar.

- Mãe? Mãe!!

Shiori levantou em estado de choque e abraçou a mãe com força, soluçando emocionada nos braços da loira. A mulher passou a mão nos cabelos da filha, tão parecidos com o pai, e cantarolou a música que costumava cantar para ela.

- Mamãe, como eu sinto sua falta!

- Eu sei, meu bem. Também sinto falta de vocês. Mas não é só por isso que eu estou aqui, Shi. Você disse que está tendo problemas em relação a garotos?

- É… meio que é isso — Shiori corou — O Katsuki é lindo, incrível e muito gentil. Bem, do jeito dele. Mas o Dabi é... O Dabi é tão fofo e meigo, ele se preocupa comigo e me conhece tão bem… Eu não sei o que fazer, mãe.

- Siga o seu coração, minha filha. Pode ter certeza que ele vai dizer quem é a pessoa certa.

- Mas meu coração parece tão dividido entre os dois...

A filha do chefe (+16)Onde histórias criam vida. Descubra agora