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-Estamos reunidos aqui hoje para prestar homenagens ao senhor Hakay Matsumoto. Um homem de bom coração, dedicado e apaixonado por seus filhos e família. É com indescritível tristeza na alma que nos despedimos de um cidadão honrado e justo.

As palavras do mestre de cerimônias que regia o funeral foram nublando e perdendo o sentido na cabeça de Shiori. Tudo que ela conseguia focar era na injustiça e maldade que foi feita com seu pai, e em como ela faria para devolver o dobro do luto ao cruel Terror do Anoitecer.

O caixão desceu até o fundo da cova com o final das palavras do religioso. A jovem órfã Matsumoto observou com curiosidade mórbida enquanto a caixa de madeira enegrecia na escuridão da terra. Dabi estava de um lado, segurando sua mão e tentando manter a garota firme em seu pranto silencioso. Hanake estava do outro lado, com pequenas lágrimas escorrendo pelo rosto inchado. Shiori tocou seu ombro em um sinal de que estava pronta, e juntos, eles jogam as flores em cima da tampa entalhada do caixão.

- Acho que é um adeus, pai. — A morena sussurrou para o corpo sepultado — Eu prometo que venho te visitar.

A garota estava perto de se virar, quando uma mão enluvada e fria tocou seu ombro, seguida de uma voz arrastada e baixa.

- Ei, oi. Você deve ser a Shiori.

-Sim, hm, sou eu — Shiori se virou na direção da voz, encarando um homem relativamente alto, com uma postura que gritava exaustão e descuido, flanqueado por dois rostos comuns e familiares — Ah, espera! Eram vocês dois que estavam me perseguindo há algumas semanas atrás! — a moça exclamou, apontando o dedo para os acompanhantes envergonhados do homem cansado. Uma risada quase desencarnada brotou dos lábios rachados da figura.

-Por favor, perdoe meus rapazes. Só estavam seguindo minhas ordens.

- Certo. E o que você quer?

- Eu só quero ajudar você. Eu quero me vingar do Terror do Anoitecer tanto quanto você, ele já me tirou muita coisa também. E eu sei que tanto quanto você não consegue fazer sozinha, eu não consigo. A melhor escolha é formar uma aliança. O que você acha, Princesa de Sakura?

Um pequeno arrepio percorreu a espinha da mencionada, com o tom sedutor que foi colocado em "Princesa" e com a seriedade do título sendo usado pela primeira vez, agora que a perspectiva de herdar os negócios da família se tornaram reais.

- É, pode contar comigo. O Terror do Anoitecer vai se arrepender por mexer comigo. Ou, conosco, agora. Nós seremos seu pior pesadelo.

Shigaraki e Shiori apertaram as mãos em acordo, e a partir disso, começava um árduo treinamento tácito para compensar suas habilidades com a experiência do inimigo. Nas tardes de treinamento passadas no terreno amplo da propriedade Sakura, Shiori aprimorou não apenas sua pontaria com arco e flechas, proficiência da falecida mãe, mas também se aprofundou na história sombria da Máfia Twilight. Juntos, a dupla de jovens líderes planejou o ataque ao lado inimigo.

...

Um mês se passou desde a morte de Hakay. Um mês, circulado em vermelho no calendário, desde o início do treinamento intensivo com Shigaraki. Já era tempo o bastante para a garota estar certa acerca dos preparativos para a invasão da propriedade Twilight.

Shiori estava sentada no terraço da escola com as costas encostadas na parede, ouvindo música. Uma mão alcança seu ombro, e a garota olha para cima, encontrando um par de olhos azuis melancólicos.

- Oi, Dabi.

- Oi, Shi. O que tá fazendo aqui?

- Ah, tô só me distraindo um pouco.

A filha do chefe (+16)Onde histórias criam vida. Descubra agora