Não é isso que você deveria meter

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Richarlison estava na porta do dormitório de Son, repassando mentalmente as coisas que iria fazer e dizer ao coreano. Ele sempre havia sido um cara muito espontâneo, porém quando se tratava de Son ele saia completamente de seus eixos. Após desligar a ligação com Son no tardou a se arrumar e ir ao dormitório do mesmo.

Batendo suavemente na porta três vezes, ela foi rapidamente aberta pelo mais velho e, ao ver o rosto de seu amigo, Richarlison se quebrou completamente. O coreano estava com o rosto inchado e os olhinhos e a ponta do nariz vermelhos de tanto chorar, sem pensar duas vezes o mais alto abraçou o outro, que prontamente retribuiu o abraço.

E assim os dois ficaram por alguns minutos que pareceram uma eternidade, com os braços de Richarlison em volta da cintura de Son o apertando fortemente, como se não quisesse o soltar nunca. E os braços do coreano agarrando o pescoço do outro. Son deitou sua cabeça no ombro do amigo, que virou um pouco de lado e aproximou seu nariz ao suave cabelo do outro, inalando profundamente ali.

- Ei...- Começou o mais novo sem saber ao certo o que dizer - Vamos entrar, hum? - Son se afastou do outro concordando, e abrindo caminho para Richarlison entrar. Fechando a porta logo em seguida.

Richarlison olhou em volta ao dormitório de Son, não era muito diferente do seu, apesar de ser mil vezes mais organizado e cheiroso.

- Posso? - Ele perguntou apontando para a cama, Son assentiu concordando. Richarlison se sentou na cama, seu gesto sendo logo repetido por Son, que sentou ao seu lado.

- Então... - Começou Son remexendo seus dedos em cima de sua coxa, um hábito frequente seu quando estava nervoso, hábito que Richarlin achava particularmente fofo. - Você quer me dizer algo específico?

Richarlison abriu a boca para falar algo, porém a fechou logo em seguida. Ele tinha algo para falar? Tomando coragem ele se aproximou um pouco mais do mais velho. Descansando sua mão na coxa do outro, em um gesto singelo. Que deixou Son completamente corado. Todos sabiam que o brasiiro não era o maior fã de toques físicos, porém quando se tratava de Son era tudo diferente.

- Eu só queria que soubesse que jogou muito hoje, Son. voce foi foda cara.

- Claro - Zombou ele com escárnio, porém ainda triste - Tão foda que perdi. Decepcionei não só a minha nação, mas também a mim mesmo. - Seus olhos estavam baixos mas era visível a tristeza neles.

Richarlison negou firmemente com a cabeça, perplexo com as palavras do outro. Não era possível que ele pensasse dessa forma. Ele moveu a sua mão mais para cima, fazendo um rubor subir pelo pescoço de Son e consequentemente pelo seu também.

- Seu talento não é medido por quantas vezes você já venceu um campeonato ou quantos gols já fez. E sim por sua coragem e determinação em campo, e como você não desistiu apesar de tudo. Você é um dos maiores jogadores que eu já conheci, Heung-Min Son.

Son riu da pronúncia de coreano barato e errada de seu amigo, mas ainda sim muito comovido e feliz por tais palavras do outro jogador. Ele tinha muito apreço e admiração por todos da Seleção Brasileira e principalmente por Richarlison. Porém agora, ele sabia que toda admiração havia se direcionado para uma paixão desenfreada.

É claro que ele não iria falar aquilo para o amigo, saiba que o brasileiro não era homofobico, mas isso não significava que estava disposto a se relacionar com outro homem,e ainda mais, se relacionar com Son. Então ele iria se contentar apenas com a amizade do mais novo.

- Obrigado, Rich. - Son sorriu, fazendo seus olhinhos se fecharem e ficarem apenas uma linha fina, do jeito que Richarison tanto amava quando ele fazia - Eu fico feliz por você pensar dessa forma. Mas o que você está fazendo aqui? Deveria estar comemorando com seu time.

Richarliso suspirou enquanto sua boca transformou-se numa linha dura. Sim, ele deveria estar festejando com seus amigos, mas por algum motivo preferia estar ali, conversando com Son, o tocando como - e mais - estava fazendo.

Era um sentimento estranho para si, ele já havia se relacionado com muitas mulheres, é claro, todas eram loucas por ele. Mas ele realmente tinha sentido isso por poucas e agora, sentia isso por Son, seu amigo e companheiro de time Son. Um homem.

Aquilo o assustava profundamente mas ao mesmo tempo parecia incrivelmente certo, pois o jogador coeano era a pessoa mais extraordinária que o mais novo já havia conhecido. E o sentimento era mútuo, Son já era mais resolvido com sua sexualidade, por mais que não tivesse realmente um rótulo sobre si sabia muito bem que poderia amar sem problemas com barreiras de gênero.

- Sim, eu deveria - Ele cerrou os dentes - Mas eu prefiro estar com você. Eu sei que é meio estranho. Mas é a verdade.

- Tem razao. - Son riu - É bem estranho.

A tristeza nublou a feição de mais novo, fazendo ele retirar a mão da perna de Son e encolher seus ombros

- Se quiser eu vou embora, sem problemas.

Rapidamente Son percebeu o erro que havia cometido, não tinha a menor intenção de deixar seu amigo inseguro, só queria fazer uma brincadeira amigável. É claro que aquele não era o momento certo para nenhum dos dois.

Antes de Richarlison pudesse fazer algo mais, Son prontamente se levantou um pouco, ficando de joelhos na cama em frente ao mais novo, apoiando as mãos em seus ombros.

- Se você sair daqui eu te mando de volta ao Brasil a chutes.

Reconhecendo que aquilo era apenas uma de suas usuais provocações, Richarlison substituiu a tristeza por um sorriso maldoso.

- Já 'tá bem bonzinho 'né Sonny, talvez eu devesse meter outra goleada em você.

Não é isso que você deveria meter em mim. Pensou Son. Corando profundamente ao perceber que tipo de coisas estava pensando, mas logo se preocupou ao ver a expressão de seu amigo.

E naquele momento fugia-o palavras para explicar o que ele estava vendo, dizer que Richarlison estava aterrorizado era um eufemismo. O brasileiro estava completamente petrificado com o que acabara de ouvir.

- O que você quer que eu meta em você, Son?

Merda.

Você é meu Sol Onde histórias criam vida. Descubra agora