Álvaro Iglesias não era alguém considerado de sucesso. Nascido em Puente de Vallecas, um bairro periférico em Madri, sua família sempre havia passado por dificuldades financeiras, seu pai havia abandonado sua mãe logo após o nascimento do último filho do casal, sem nem se quer se despedir, deixando ela para criar sozinha 5 filhos.
Desde muito novo Álvaro queria ser jogador de futebol, passava horas em frente a minúscula televisão que possuíam em casa assistindo jogos, vidrado, observando cada movimento dos jogadores. Porém seu sonho foi completamente destruído aos 14 anos de idade, quando recorrente a alta exposição a lixos tóxicos que eram despejados naquela área foi diagnosticado com Síndrome de Piriforme, um distúrbio que compromete o andar.
Sua mãe fez de tudo para poder pagar seu tratamento, desde fazer turnos extras em seu trabalho de garçonete, até pedir empréstimos ao governo que jamais teria como pagar. Os esforços dela tiveram resultado quando o garoto finalmente havia se recuperado da doença. Mas não saiu totalmente ileso, sequelas haviam permanecido, fazendo sua perna direita ser completamente comprometida, perdendo completamente o movimento.
Desde cedo teve muita dificuldade em conseguir emprego, afinal de contas ninguém quer contratar um alejado. Então teve que se contentar com trabalhos perigosos e mal remunerados, como passar o dia carregando madeira em uma fábrica. Aos 19 anos de idade, conseguiu um emprego como ajudante em um jornal local. O salário não era nada maravilhoso, mas conseguiu ajudar sua família a se manter.
Acabou descobrindo uma paixão por fotografia, por ser muito empenhado logo recebeu uma promoção de seu chefe, Inácio, - que surpreendente era homem muito amigável - para ser fotógrafo de da página de fofocas do jornal. Álvaro trabalhou incansavelmente dias e noites, independente se fazia Sol ou chuva ele estava lá, fotografando e relatando.
Cinco anos após começar a trabalhar no jornal já era o melhor fotógrafo do lugar, trabalhando muitas vezes como fotógrafo de casamento e aniversários, tendo juntado quase dinheiro o suficiente para montar seu próprio estúdio de fotografia. Porém seu amor pelo futebol não estava morto. Ele estava certo que precisava se reconectar com isso de alguma forma.
E por isso, decidiu que iria até o Qatar, fotografar a Copa do Mundo. Quando comentou isso com seus amigos e colegas de trabalho recebeu risadas e zombaria, mas quando falou para Inácio, pode ver os olhos do homem brilharem. Ele ajudou Álvaro com a parte financeira. E então, ele partiu para o país da Copa 22, com a esperança de reacender seu amor pelo futebol.
O arrependimento o atingiu apenas alguns dias depois. Estava em um país onde não fazia ideia de como se comunicar com as pessoas. Apesar de o inglês ser muito falado, ainda possuía grandes dificuldades linguísticas, fazendo muitas vezes desistir de entrevista várias pessoas na rua. Se sentia um peixe fora d'água.
E esse não era o único problema do espanhol. Seu maior empecilho naquele momento era que simplesmente não existia nenhuma matéria que realmente valesse a pena. Por mais que tenha ido com a intenção de focar no futebol, ainda era um fotógrafo de página de fofocas, ele precisava de algo quente. Porém para qualquer lugar que olhasse havia apenas bolas de futebol e chuteiras.
Então em uma noite tipicamente quente do Qatar, resolveu sair para apreciar o céu lindo do país, pegou seu maço de cigarros e sua bengala e saiu pela rua. Enquanto caminhava, recebendo sempre olhares curiosos das pessoas na rua, admirava o lugar. Se repreendeu mentalemnte por não ter trazido sua câmera para fotografar as belezas.
Caminhou pelo que pareciam ser horas, até sua perna começar a doer, como sempre acontecia quando andava demais. Se deu conta que estava em uma praça, conveniente cheia de bancos, se sentou em um deles e acendeu seu cigarro, jogando sua cabeça para trás enquanto inalava a fumaça. Não poderia voltar para casa sem nada.
Foi então quando abriu seus olhos e logo em seguida os arregou. Levantou-se quase que em um pulo. Não podia acreditar no que estava vendo, Esfregou os olhos algumas vezes, tentando saber se estava tendo alguma alucinação, e então descobriu que não. O que ele estava vendo era real. Ele mal podia acreditar.
Em uma das varandas do hotel em que estava sentado na frente estavam Heung-Min Son, jogador da Seleção Coreana, e Richarlison, jogador da Seleção Brasileira. Sua primeira ação foi abrir a boca e a segunda foi de rir, cobrindo a boca em seguida. Ali estava a sua oportunidade. E aquela era uma oportunidade de ouro.
Tirou seu celular do bolso de seu casaco, se repreendendo pela segunda vez na noite por não ter trazido consigo sua câmera, Deu o máximo de zoom que pode nos dois e tirou várias fotos, de todos os angulos possiveis, totalizando quase umas 50, alguma delas teria que ser boa o suficiente.
Parou de fotografar quando eles entraram no quarto e fecharam as cortinas. Sorriu lago, e se pudesse teria começado a pular de alegria ali mesmo. Aquilo iria para a primeira página de todas as revistas e jornais, sejam eles digitais ou impressos, o twitter com certeza iria totalizar milhões de visualizações. Fez uma nota mental para criar uma conta.
Fechou os olhos suspirando, ainda com um sorriso no rosto. O mundo inteiro iria lembrar de seu nome. Álvaro Iglesias, o homem que descobriu o relacionamento dos dois maiores jogadores de seus países, na atualidade.
Gente de onde vocês são? quais estados desse nosso brasil aí?
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Você é meu Sol
FanfictionApós a chegada do mais novo no Tottenham, Richarlison e Son criaram fortes laços de amizade, ficando cada dia mais próximos. E com a perda da Coreia na Copa do Mundo, em uma tentativa de consolar o amigo, Richarlison descobre que esses laços talvez...