No jantar eu não vi o príncipe, não sabia se havia feito algo errado, meu estômago começou a embrulhar, era uma sensação estranha.
- Então princesa Agnes. - Miranda estava me encarando enquanto tomava um pouco de vinho. - Podemos começar a decidir os preparativos para sua coroação amanhã, há muito o que ser feito. Me recordo da coroação de minha irmã, Anabeth, foi demais. - Miranda estava mais radiante que o normal, como se tivesse tomado um chá com mil cravos dentro e café. - Vamos fazer sua coroação ser O evento.
- É uma ótima ideia Miranda. - Meu pai sorriu para a garota. Saber que a princesa estava cumprindo seu papel, que ele achava ser o único do qual a manteve em Íris, deixava-o feliz. - Com a ajuda da princesa Miranda, me sobrará tempo para realizar a festa de aniversário de Eleonora.
- Já disse que não quero nada pai. - Nora disse com tristeza, nunca a culpamos pelo falecimento de nossa mãe, mas ela sabia o que o aniversário significava, por isso todos os anos era uma luta para comemora-lo.
- Está brincando irmãzinha? - Diana disse forçando um sorriso. - Mamãe jamais deixaria de comemorar um aniversário seu. - ela pegou a mão de nossa irmã mais nova. - Que tal chamarmos só algumas princesas mais próximas de você e fazermos uma pequena festa? Só entre nós?
- Sei que não vão aceitar que passe em branco, então tudo bem. - Ela suspirou de forma cansada. - Vou para o meu quarto, se me derem licença. - Nora fez uma reverência e se retirou.
Terminamos o jantar em silêncio, ninguém queria falar sobre o que havia acontecido, ou sobre a festinha que iria acontecer.
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De manhã eu encontrei com Miranda na biblioteca, ela estava com uma prancheta e uma caneta, me joguei na cadeira ao seu lado na mesa.
- Tudo bem, vamos lá. - Apontei para a prancheta. - Me mostra o que você tá pensando.
- Bem, como é uma coroação de Íris, pensei em colocar diversas flores no caminho até o trono e quando você for coroada, outras flores de Íris poderiam cair do teto, como confetes. - Ela gesticulava com a mão, como se o momento realmente estivesse acontecendo. - Olhei sua paleta de cores com a estilista há alguns dias atrás, ela disse que rosa e azul são suas cores, então pensei em colocar no caminho as azuis e as que caírem, rosa. Além disso, pensei em ornamentos dourados, anjos, o brasão de Íris e uma estátua do primeiro rei daqui.
- Rainha, - Corrigi Miranda, ela achava que a primeira pessoa a governar Íris fora um homem. - foi uma mulher.
- Que incrível! - Ela disse um pouco perplexa. - Não sabia dessa informação. - Ela anotou algo na prancheta e me olhou novamente. - Para os convidados, pensei em montarmos uma lista minuciosa, com os jovens mais importantes do país e alguns príncipes, princesas e reis de outros reinos.
- Não. - Na minha cabeça essa era a única certeza que possuía sobre a coroação. - Vou governar para todos, então quero todos presentes, todo o povo de Íris, plebeus e nobreza, as portas do castelo ficarão abertas e receberemos todos aqueles que quiserem ver a coroação. Nada de convites, apenas cartazes anunciando isso. - Apontei para a prancheta dela. - Anota aí.
- Você acha que seu pai vai autorizar? - Ela estava um pouco resistente com o que eu queria.
- Não precisarei da autorização dele, eu serei a rainha. - Me levantei para ir embora, não queria pensar mais na minha coroação.
- Agnes, - A princesa me chamou antes de eu ir. - Tem uma coisa que eu queria te contar. - me sentei de novo, ela estava com a mesma animação do jantar estampada no rosto. - Ontem a noite, antes do jantar, eu e Matteo observamos os planetas e em um momento a gente se beijou. - Tentei não ficar boquiaberta ou pálida, senti algo em meu peito apertar. - Acho que ele está realmente atraído por mim, queria te agradecer por juntar a gente.
- Amigos são para isso. - Disse forçando o sorriso, não sabia se queria ouvi-la dizer sobre o beijo ou se queria ir embora, todavia continuei. - E o que achou do beijo?
- Foi incrível! - Ela se recordou do momento, seus olhos brilhavam. - Os lábios dele são tão macios, seu hálito tem cheiro de hortelã, ele me segurou pela cintura, foi um sonho. - Senti vontade de vomitar, então me levantei.
- Fico feliz por você Miranda, - Forcei outro sorriso, não podia ficar ali. - Espero um dia encontrar o amor também, mas agora eu tenho que ir resolver algumas coisas. - Fiz uma reverência e sai em passos apressados do lugar.
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Fui até o quarto de Diana, ela estava lá.
- Oi Agnes, - Ela abriu a porta e me convidou para entrar, eu o fiz. - O que houve? - Ela me encarou enquanto fechava a porta. - Está pálida.
- Como você sabe que está apaixonada por Simon? - Perguntei me sentando em sua cama.
- Por que está me perguntando isso? - Ela estava desconfiada.
- Apenas responda. - Insisti.
- Bem, eu sei que estou apaixonada por ele porque eu sinto falta de estar com ele quando está longe, quando eu o vejo fico com borboletas no estômago e só penso em ficar em seus braços, na sua companhia. Ele é a pessoa com quem eu sinto vontade de contar tudo e compartilhar momentos. - Ela cruzou os braços e parou na minha frente. - Por que está me perguntando isso Agnes?
- Queria saber a sensação de se apaixonar, já que nunca vou sentir isso por ninguém. - Menti, sabia que Matteo estava mexendo comigo, só não podia admitir. - Obrigada por esclarecer isso. - Me levantei e abri a porta.
- Agnes, - ela disse antes de eu ir embora. - você está bem? - Ela buscou meus olhos. - O aniversário de Eleonora está se aproximando.
- Tá tudo bem irmã. - Menti outra vez. - Até mais tarde. - Fechei a porta e fui correndo para o estábulo.
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Dimitri estava penteando Ruffus, estava ensopado, devia ter dado banho em algum dos cavalos.
- Princesa. - Ele sorriu para mim. - A que te devo a honra? - Ele zombou. - O que houve Agnes?
- Matteo beijou Miranda. - Me sentei em um fardo de feno.
- E por que está parecendo que saiu de um funeral? - Ele me encarou enquanto penteava meu cavalo.
- Porque eu acho que estou criando algum tipo de sentimento por Matteo, você tem que me ajudar a não deixar que isso aconteça. - Encarei-o, estava desesperada.
- E como eu faria isso? - Ele riu incrédulo com meu pedido.
- Não sei, dá seu jeito, mas não deixe que isso aconteça. - Fiquei esperando ele dar alguma ideia.
- Por que não se enche com diplomacia para não ter que ficar saindo com ele? - Meu amigo sugeriu e eu me levantei animada.
- Tem razão! - Fui até ele e dei um beijo em sua bochecha. - Obrigada Dimitri! - Corri para fora do estábulo, precisava encontrar meu pai.
- O que seria de você sem mim princesa. - Pude ouvir meu amigo falar antes de me afastar completamente de lá.
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Meu pai estava no escritório dele, olhando para o quadro pintado dele com minha mãe, meu coração se partiu ao ver a cena.
- Oi pai. - Chamei sua atenção, ele limpou uma lágrima que havia escorrido e sorriu para mim.
- Oi minha filha, - O rei se sentou em sua poltrona real. - está tudo bem?
- Bem, pensei que como a minha coroação está se aproximando, podia aprender mais sobre diplomacia. - Sentei no sofá do local. - Sei que sempre fui muito resistente quanto a isso, mas prometo me esforçar dessa vez.
- Mas é claro filha, quando quer começar os estudos? - Ele me olhou com um sorriso, ainda estava triste.
- Agora pai, - Me levantei e fui até sua mesa. - por favor.
- Tudo bem.
Então ele começou a me explicar tudo.
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Procure outra princesa
RomanceAgnes é a herdeira direta ao trono e, próxima à completar seus 18 anos, seu pai, o rei, enfrenta a menina sobre o seu fatídico destino de se casar com um príncipe. Matteo é o segundo filho do rei e rainha de Amarílis, sempre fora ensinado a como se...