Epílogo

152 20 32
                                    

Por mais que eu quisesse, o tempo demorou a passar.

Naquele mesmo dia de ano novo, mais tarde, me despedi das irmãs Romanoff. Queria ter ido com elas no aeroporto, mas eu contava que aquela não seria a última vez que eu as veria.

Com muitos beijos e abraços, vi o carro delas partir pra longe de mim. E quando ele virou a esquina, deixei que minha primeira lágrima caísse.

Chorei nos braços de Bucky, no quarto do hotel, enquanto Peggy acariciava meus cabelos.

À noite, tomei meu primeiro porre de amor, como prometido. Não foi o primeiro porre e nem a primeira ressaca, foi o primeiro por culpa da minha dor de cotovelo.

Dois dias depois, pegamos o avião pra São Paulo e de lá chegamos em Nova Jersey. Peggy segurou minha mão enquanto sobrevoavamos Nova York, já que a rota é pelo mar.

No aeroporto, fomos recebidos por nossos pais, bronzeados do frio europeu, enquanto nós exalávamos o calor sul-americano.

Contamos como foi a viagem, mas agradeci por nenhum dos meus irmãos ter mencionado Natasha.

No dia seguinte, reabrimos o restaurante. Era bom estar de volta. Só era ruim sentir que estava faltando uma parte minha.

Mas, com o tempo, eu fui distraindo com o trabalho. O estresse, a rapidez, a precisão e a delicadeza de cada prato me faziam distrair das minhas dores emocionais e voltar a ser o Steve Rogers que eu era antes de Natasha. O sem tempo pra namorar, workaholic.

Eu acordava cedo, ia malhar, visitava meus pais e almoçava com eles ou sozinho. Depois do almoço, eu estudava um pouco mais e tomava banho antes de ir pro restaurante.

Às três, eu e Peggy já deveríamos estar lá e o restaurante já estaria limpo. Às quatro, chegava os outros cozinheiros, pra que eu e minha sous chef passássemos o cardápio do dia. Às cinco, todos os funcionários deveriam estar lá, inclusive Bucky.

Abrimos às seis e aí o movimento começava. Quando minha mãe comandava tudo com meu pai, eles conseguiram juntos, uma estrela Michelin e quando eu cheguei, consegui outra. Meu propósito é conseguir a terceira, ainda esse ano.

Que eu tinha quase certeza que ainda não tinha por ser extremamente tímido na cozinha e travo em fazer o que faço todos os dias, sob o olhar de alguém. Como um dos cinco requisitos observa o chef no seu ambiente natural... Eu sabia que era bom, só não o suficiente pra três estrelas.

Mas, apesar disso, eu já estava feliz que na minha gestão tinha conseguido uma com meus irmãos e que meus pais tinham a outra, na gestão deles. Duas estrelas Michelin já é uma grande honra.

Nós fechamos o restaurante oficialmente à meia noite, mas só vamos pra casa às uma, principalmente meus irmãos e eu. Ficávamos pra discutir não só os pratos, mas a gestão, os pontos positivos e negativos do dia, o que pode melhorar, o que melhorou e o que piorou. Mesmo cansados e esgotados, sabíamos que essas reuniões eram necessárias.

E, além disso, o trabalho me distraia, já que quando eu chegava em casa estava completamente de saco cheio de pensar em alguma coisa que não fosse um banho quente e dormir.

Mas o domingo sempre chegava. E, com ele, minha dor no coração.

Domingo não tinha academia, não tinha restaurante e meus pais tinham me proibido de estudar, pra preservar minha sanidade mental. Tanto que todos os meus livros estavam na casa deles e não na minha.

Minha única distração nesse dia era minha família, já que almoçamos todos juntos.

Quando fez um mês que eu não via Natasha, eu estava mais melancólico do que já tinha ficado. Minhas inseguranças estavam batendo, eu não queria ver ninguém, mas fui obrigado a socializar, já que era aniversário do Mozart, o cachorro da minha mãe. Sim, ela faz festa pra ele e sim, meus pais tem esse fetiche de gostarem de nome de gente velha e morta.

Me Reencontrei Nas Suas CurvasOnde histórias criam vida. Descubra agora