A casa continuava a mesma que Blanc se recordava, a garota deixou suas coisas no quarto, notando que seu pai foi na cozinha. Ela olhou para o quarto, estava em casa, estava tudo bem, não tinha o que se preocupar, talvez escutaria uma bronca de Andreas, mas não era a primeira vez, também nem seria a última.
Ela foi até cozinha, andando devagar, olhando o corredor da residência, tinha uma foto dos três pendurada na parede, depois a marcação de altura, para ver se elas estavam crescendo, a marca da magia de Beatrix...Eles não eram uma família perfeita, nunca iriam ser, porém isso não importava, Andreas sempre cuidou dela com amor, carinho, mas com aprendizado, ensinou suas meninas a lidar com dor, lutar, se defender no outro mundo, e principalmente nunca abaixar a cabeça para ninguém. A garota chegou na porta da cozinha, se encostando no batente da porta, olhando para seu pai perto do fogão, preparando alguma coisa.
-Panquecas de chocolate-Ele fala, notando a presença da garota na porta, que sorri
-As minhas favoritas-Ela fala, algo que ele já sabia, desde que fez pela primeira vez, a menina anunciou que aquelas panquecas eram sua comida favorita.
-Imagino que estava com saudade de as comer-Ele fala se virando para olhar a garota, ela esperava alguma punição por voltar para casa, porém o olhar do homem era tranquilo, não parecia que iria gritar com ela
-Leu a minha mente-Ela fala entrando na cozinha, se sentando na mesa
-Eu conheço minha filha -Ele fala a entregando um prato e se senta na frente dela
-Não vai brigar comigo?-Ela pergunta e o olha
-Adianta alguma coisa?Você nunca me escuta-Ele fala se encostando na cadeira atrás de si-Mas eu acredito que tenha um bom motivo para você ter voltado...vai me contar?
-...A gente foi pega-Ela fala, não tinha que esconder algo de seu pai-Silva me liberou, Beatrix ainda está lá, mas acho que ela tem um plano para escapar...
-Ainda não sei porque está aqui
-Silva me deu duas opções, ficar e contar a verdade...ou sair de Alfea-Ela olha para o prato na sua frente-Eu vim para casa...porquê eu não sei o que fazer, estou perdida, pai
O homem desvia o olhar, processando o que acabou de escutar, se pudesse imaginar que suas filhas podiam se machucar, nunca teria as enviado até Alfea. Ele olhou para as marcas no braço da filha, então a olhou.
-Pode gritar-Ela fala e volta a comer, estava faminta
-Como se dessa maneira você escutasse, além disso...o que aconteceu?
-Matamos Callum
-Conta algo que eu não saiba-Ele fala a garota desvia o olhar
-Eu...matei minha mãe, ela iria me matar e matar Sky
-Não precisa me justificar, você matou alguem e?
-Eu gostei-Ela confessa, sentia o peso da palavra, sentia aquilo esmagando seu coração-Eu gostei de matar...Eles não conversaram mais. Blanc se retirou da cozinha após comer, estava indo para o quarto, quando notou, uma marca na parede, ela respirou fundo, se recordando o que aconteceu para ter aquela marca ali.
Quando era criança, enquanto treinava com seu pai, entraram na casa, ele tirou a espada da mão dela, que bateu com força na parede, ela pegou as adagas que levava consigo, bloqueando outro golpe dele, o que fez o homem se orgulhar da menina.
-Está cansada?-Andreas pergunta a olhando
-Por que?-Ela não o olha, mas já podia imaginar o que ele iria propor
-Vou pegar minhas armas...vamos treinar, e você vai me mostrar a sua magia-Ele fala olhando para a garota que se vira para o olhar, ela nunca usou magia para treinar, ou para lutar direito, mas seu pai não parecia se importar com aquele detalhe.Os dois estavam do lado de fora, a luz da lua iluminava um pouco, junto com a luz da casa. Blanc se posicionou, não sabia se estava pronta para treinar com o auxílio de sua magia, porém não tinha mais volta. Andreas atacou, ela desviou, mas não foi rápido, a espada do homem arranhou seu braço, a garota reclamou baixo de dor.
-Não tenha medo de me machucar-Ele fala a olhando, a garota volta para sua posição
Andreas volta a ataca-la, os olhos dela brilham, mas nada acontece, ela cai no chão com uma rasteira do homem.
-Silva te deixou frágil?-Ele fala com um sorriso no rosto-Ele te amoleceu, não foi? Seu papai
A garota levanta novamente, fechando a mão o olhando, sabia o que ele estava fazendo, provocando, insinuando, era pura manipulação para fazer ela se irritar.
-Você é uma arma, Blanc...não esqueça isso!-Andreas fala atacando, a garota desvia do golpe. Ela se afasta dele, sua mente não estava focada, estava pensando em Sky, no beijo deles, nos dois junto no reino invernal, de como eram uma boa dupla, então se lembrou de Riven, quando ele estava caído no chão, quase sendo morto pelo queimado, ela usou magia.
-Silva te estragou-Andreas fala apontando a espada para a filha, que o olha-Você é fraca igual ele, sempre foi, mas eu te ensinei a ser forte, mas só passou uns dias com ele...treinando com ele, e voltou para casa na primeira oportunidade, essa não é a minha filha!
Ele ataca novamente, ela cai no chão, perdendo o equilíbrio, olhando para o homem na sua frente. A garota colocou a mão no chão
-Fala mais-Ela fala e sorri-Eu não caio mais na sua manipulação, Andreas
Os olhos dela brilharam, um vento gelado soprou, com força o afastando dela. Blanc se levantou do chão, com um movimento de mãos tinha uma estaca de gelo, um sorriso curvou os lábios dele.
Os dois lutaram, a espada contra o gelo, Blanc se afastava com um sorriso, sentia a magia por todo seu corpo, não precisava pensar muito, apenas agir, que a magia parecia ter vida própria e atacava. Andreas bloqueava os golpes com a espada olhando para sua filha, então notou algo que fez ele parar, havia uma mecha branca no cabelo da garota.
Ele se recordou o que aconteceu com a mulher, que seu ex melhor amigo amava, a Rainha Invernal. A mulher era boa, adorável, tinha os cabelos pretos igual o da garota, os olhos castanhos, mas a magia começou tomar conta dela, envenenando seus pensamentos, a transformando no que era conhecida.
-O que foi?-Blanc pergunta-O velho está cansado?
-Nunca.
VOCÊ ESTÁ LENDO
THE CHAOTIC FEELING
Hayran KurguA vida pode mudar em questão de segundos. Um sentimento puro pode surgir E tudo se transforma, talvez tudo vire um pesadelo ou talvez tudo se transforme em um doce sonho. Ninguém sabe o que pode acontecer. Um sentimento pode ser tão caótico, que na...