Sinto a brisa de verão balançar meu vestido juntamente com meu cabelo, respiro fundo, observando o céu repleto de estrelas e ouvindo a música abafada que vinha da casa. Meu irmão, Gabriel, estava dando uma festa em sua casa e eu por estar morando com ele não tinha escolha a não ser participar, tentei ficar em meu quarto mas o mesmo não deixou, queria que eu conhecesse seus colegas de time. Ouço a porta da sacada se abrir e me viro, pronta para sair dali, não queria companhia. Congelo ao ver João.
- Ah, desculpa, eu não tinha te visto aí, se você quiser eu posso sair. - Ele diz, pronto para voltar para dentro também.
- Não, tudo bem, eu já estava de saída mesmo. - Digo, mas permaneço parada, olhando para ele.
Ele havia mudado bastante desde a última vez que o vi, agora seu cabelo estava bem aparado e bem demarcado, seu corpo estava repleto de tatuagens e ele estava com toda certeza mais musculoso, faço uma pequena careta ao notar esse detalhe.
- Cansada da festa? - Pergunta, após alguns momentos em silêncio.
- Sim, muitas pessoas. - Respondo. - E você?
- Também. - Ele diz, dando de ombros e indo até a área da piscina. - Vem. - Ele acena com a cabeça e eu instintivamente o sigo.
Nos sentamos nas espreguiçadeiras perto da piscina e eu observo seus movimentos. Ele estava nervoso e isso me deixava levemente satisfeita.
- Você... você está bonita. - Ele gagueja um pouco e eu sorrio pelo elogio e pelo qual fofo ele consegue ser quando está tímido.
- Obrigada, você também está bonito. - Ele sorri envergonhado e se reclina na cadeira, suspirando.
- Eu estava com saudades. - Ele murmura, após um tempo em silêncio.
- Não, não faça isso comigo, não agora. - Suspiro, pronta para me levantar.
- Você tem alguém? - Ele questiona, se virando para mim.
- Não, todos esses anos nunca consegui me relacionar com alguém. - Admito, observando seus olhos.
- Eu tentei, mas todas me lembravam de você e eu sabia que nenhuma delas iria te superar. - Ele assume, enquanto volta seu olhar para meus lábios.
- João...
- Não, olha só, eu sei que fui um babaca, eu sei que fiz de tudo de errado mas eu te amo e você me ama, esses anos que estivemos separados foram o suficiente para que pudéssemos amadurecer e tentar de novo um dia, por favor, princesa. - Ele diz enquanto toma minhas mãos nas suas.
- Eu não quero me machucar de novo.
- Você não vai, somos eu e você e mais ninguém, como sempre foi. - Ele diz, me olhando esperançoso. - Eu vou recompensar todas as suas lágrimas, se for preciso eu largo tudo só para viver uma vida com você, amadurecer com você, segurar seu cabelo quando você bebe demais, te carregar de volta pra casa quando você não consegue se levantar, porque você fez todas essas coisas por mim quando eu era a metade de um homem para você, eu quero te mostrar que agora vai dar certo, eu sei que nunca vou ser merecedor do seu amor do jeito certo mas eu não consigo te deixar ir mais uma vez. - Ele diz e eu o olho com lágrimas nos olhos. Talvez esteja na hora de dar outra chance e, caramba, o João pode ter quantas chances ele quiser.
Me levanto e vejo um lampejo de dor passar por seus olhos enquanto ele se levanta, indo em direção a porta. Agarro seu braço e o puxo de volta para mim, beijando seus lábios de maneira delicada, suas mãos vem até meu rosto, seu corpo já sabendo qual caminho percorrer pelo meu. Paro o beijo e fito seus olhos, ele sorri e esfrega a pontinha de seu nariz no meu. Abraço o homem em minha frente, descansando minha cabeça em seu peito e ouço seu coração acelerado.
- Você viu que eu consegui dizer tudo aquilo sem gaguejar? - Ele pergunta, sorrindo de orelha a orelha.
- Eu vi, fiquei muito orgulhosa. - Digo, apoiando meu queixo em seu peito, fazendo com que ele se abaixe para me dar um selinho.
- Eu tava muito nervoso, fiquei com medo de estragar tudo de novo. - Ele confessa, olhando me meus olhos.
- Eu sei, meu amor, mas o que importa é que agora seremos eu e você contra o mundo. - Sorrio para ele, que retribui.
- Quais são as chances de eu levar uma coça do seu irmão? - Pergunta, após um tempo abraçado em mim.
- Grandes, bem grandes. - Rio e ele faz uma caretinha fofa.
- Mas por você vale a pena. - Ele sorri de lado e eu o beijo. - Eu tava com tanta saudade disso. - Ele confessa, ainda de olhos fechados e com os dedos em meu queixo.
- Eu também. - Sorrio e ouço a porta da varanda se abrir.
- Eita, tem gente aqui. - Diz Gabriel rindo para a garota ao seu lado. - Ah pera aí, é minha irmã. Volta lá pra dentro. - Ele diz para a garota que sai sem entender.
- Sua hora de ser grandão, garoto, vai lá. - João se vira para Gabriel que fecha a cara imediatamente.
- Minha irmã, cara? - Reclama meu irmão mais velho.
- Olha, Gabriel, eu gosto dela, ela gosta de mim, vamos tentar de novo, não precisa se preocupar, eu vou cuidar dela. - Diz João meio nervoso, seguro sua mão e apoio minha cabeça em seu ombro.
- Olha, eu não confio no que você diz mas eu confio nela, então vou deixar essa passar mas saiba que se você machucar ela todo nosso companheirismo vai embora e eu te quebro no meio. - Diz Gabriel emburrado, indo atrás da garota que estava com ele anteriormente.
- Foi melhor do que eu pensei. - Digo, quando a porta volta a se fechar.
- Acho que ele tava mais preocupado com outras coisas, assim como nós vamos ficar daqui a pouco. - Ele diz rindo e prendendo uma mecha de meu cabelo atrás da minha orelha, se inclinando para me beijar.
- Eu te amo. - Murmuro contra seus lábios.
- Eu te amo mais.