Correntes

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AI MINHA JISOO ÚLTIMO CAP DO ANO🙌🙌🙌 finalmente esse inferno de 2022 vai acabar, ano de muita desgraça , mas 2023 vai ser diferente, eu espero.

Na noite anterior, quando me preparava para dormir, pensei que acordaria no dia seguinte e imediatamente me arrependeria de ter cedido às investidas de Wanda. Mas quando levantei para ir trabalhar, a primeira coisa que passou na minha mente foi a ideia de ir lá acordá-la só para lhe dar bom dia.

É claro que eu continuava receosa quando a tudo isso, mas a ideia me parecia cada vez menos complicada e mais agradável. Wanda, apesar de jovem e do corpo pequeno, pensava e agia — na maior parte do tempo — como alguém mais velha. E ela não se fez de rogada para deixar nítida a sua atração por mim. E agora eu já não conseguia esconder que também me sentia assim. Dentro de um tempo eu poderia olhar para trás e certamente veria o quanto isso era errado, mas no momento eu não estava dando muita importância as questões morais.

Resisti ao impulso de acordar Wanda e desci as escadas, seguindo o cheiro de café fresco até a cozinha, onde Kate estava de costas, cortando algo em cima do balcão.

— Bom dia, Kate — cumprimentei com um sorriso indo direto para a cafeteira.— Bom dia, Dra. Romanoff. Vai tomar o café da manhã em casa hoje? — ela perguntou parecendo surpresa por me ver ali.

— Vou. Mas não tenha pressa. Vou ler um pouco o jornal.

Apesar de prolongar ao máximo a hora de sair na tentativa de ver Wanda antes de ir para o trabalho, quando eu vi que teria que sair logo ou me atrasaria, me contentei apenas em deixar um recado com Kate pedindo para Wanda me ligar quando acordasse.

E eu já estava fazendo a primeira ronda quando meu celular vibrou no bolso do jaleco e eu atendi apenas para lhe dizer que retornava a ligação em dez minutos. Terminada a ronda, fui para o meu escritório e liguei de volta para casa, sorrindo quando Wanda atendeu.

— Você dorme demais, sabia? — comentei depois de cumprimentá-la.

— Passei a noite sonhando. Não queria acordar — ela se defendeu em tom dengoso.

— E que sonhos foram esses? Posso saber? — perguntei, me recostando na minha cadeira de couro, sentindo um sorriso surgindo nos meus lábios.

— Sonhei que você entrava no meu quarto só de jaleco e nada mais e dizia que queria brincar de médica. Hum... E você deve estar vestindo esse jaleco agora, não é? Você poderia vir com ele hoje para realizarmos esse sonho. O que acha?

— Eu nunca levo o jaleco para casa, Wan. E por favor, vamos mudar de assunto? Eu estou no trabalho e não posso ficar falando sobre essas coisas.

— Então eu também não posso falar que estou chupando um pirulito?

Abaixei a cabeça deixando-a bater no tampo da mesa e fechei os olhos, respirando fundo para afastar aqueles pensamentos da minha mente.

— O que você vai fazer hoje? — perguntei tentando desviar o assunto.

— Ler um pouco ou rasgar mais algumas folhas de um certo livro. Vai chegar tarde hoje?

— Não. Devo chegar um pouco mais cedo que ontem. E deixe meu livro em paz.

—Ele é tão interessante. Achei um poema perfeito aqui. Quer que eu leia para você?

— De jeito nenhum — falei apressada.

— Tudo bem. Mas eu vou ler outro para você.

— Acho melhor não.

— Relaxa. Não é desse livro. Posso? — Pensei um pouco antes de murmurar um "sim", me preparando para o caso de ela estar mentindo, mas ela não estava. — "Demasiada loucura é o mais divino juízo. Para um olhar criterioso, demasiado juízo, a mais severa loucura. É a maioria que nisto, como em tudo, prevalece. Consente e és são. Objeta, és perigoso de imediato. E acorrentado."— Serei louco então se tentar agir como alguém ajuizado?

— Juízo não é, pensando bem, apenas correntes morais? — Fiquei em silêncio pensando naquelas palavras e perdi a minha vez de falar. — Pense nisso. Nos falamos mais tarde, Dra. Romanoff. Tenha um bom dia.

Eu mal consegui falar um "bom dia" para ela também e Wanda já desligava.

Passei o dia realmente pensando no que ela tinha falado e naquele poema que eu não sabia de quem era, tentando imaginar como eu me sentiria se resolvesse agir com a sensatez que me dizia que escolher impor aquele caminho era errado.

Errado para mim por me permitir um envolvimento físico com alguém tão jovem, mas mais errado para Wanda, que, como toda adolescente, se apaixona com a mesma facilidade com que se enjoa de uma roupa. Eu tinha medo por ela. Medo por não saber até onde ela se permitirá se envolver com alguém como eu. Teria ela a capacidade de separar as coisas? De encarar aquilo como uma aventura, uma brincadeira para passar o tempo? Eu duvidava muito. E, embora Nathaniel não se desse muito ao respeito atualmente, por tudo que andava fazendo, eu também tinha medo por ele, caso viesse a descobrir que sua namorada andara lhe pondo chifres com sua própria mãe. E que eu não tinha feito muito para resistir a isso. É claro que ele não tinha o direito de ficar irritado com Wanda, tendo em vista que ele mesmo provavelmente estava traindo-a neste exato instante com a prima. Mas eu? Eu poderia fazer meu filho ficar mais distante de mim do que ele já estava. Eu poderia perdê-lo de vez.

Valeria mesmo à pena? Uma aventura com uma adolescente valia perder meu filho e ainda correr o risco de deixar a adolescente em questão magoada no final? Porque eu sabia que isso não duraria mais do que o tempo em que ela permanecesse na minha casa.

Mas quando eu pensei abrindo mão dessa aventura por causa desses motivos, eu me senti, como o poema dizia, acorrentada.

Afinal, Nathaniel não tinha o direito de me cobrar nada. Minha obrigação agora como mãe era apenas a de lhe dar educação e sustento. Ele tinha aberto mão de um envolvimento maior quando optara por viver longe, só vindo até mim por obrigação. E quando ele estava por perto, poucas palavras eram trocadas, e a maioria das conversas eram forçadas por mim. Nathaniel não queria meu amor. Ele queria meu dinheiro. E isso eu continuaria lhe dando. E se ele só me queria como mãe para a questão financeira, não poderia exigir meu respeito. E quanto a Wanda... Bem, ela tinha sido a responsável por começar tudo isso, afinal de contas. Fora ela a me seduzir, a me tentar, desde o começo. Fora ela a responsável por me deixar no meio dessa encruzilhada, sem saber para onde ir, o que fazer. E ela poderia ser jovem, mas sua cabeça não era nada imatura. Tanto que ela tinha conseguido fazer com que eu me rendesse às suas investidas. Tinha me feito pecar desejando-a como uma mulher sem pudor, tinha me levado a abusar do seu corpo, querendo sentir mais, ir mais adiante.

E mesmo no meu estado sóbrio, eu continuava querendo seu corpo. Seu corpo de menina com atitudes de mulher.

Só de pensar naquelas curvas delicadas, na forma como eu a toquei durante meu estado de embriaguez, um calor forte demais se concentrava nas minhas partes baixas e eu era obrigada a me trancar na minha sala até voltar ao normal.

Eu queria Wanda. E, por Deus, uma vez na vida eu queria agir como uma louca. Ao final do turno, dirigi mais apressada que o normal para casa. Mas quando cheguei, tive que me controlar para não denunciar a minha agitação ao ver Kate na garagem me esperando como sempre.

— Seja bem vinda, Dra. Romanoff — ela cumprimentou, ajudando a remover meu casaco e pegou minha maleta, levando-a para o interior da casa.

— Como estão as coisas, Kate?

— Tudo tranquilo. Wanda me ajudou a fazer uma torta de morango.

— É a minha preferida.

— Eu sei. E acho que foi por isso que ela quis fazer — Kate falou, sorrindo ao me olhar de lado.

Mordi os lábios para evitar sorrir também e não comentei nada, me limitando a andar ao seu lado em silêncio.

Quando cheguei ao hall de entrada, Wanda estava descendo as escadas sorridente, usando um lindo vestido branco que lhe conferia um ar ainda mais juvenil e delicado.

— Você voltou — ela vibrou, abrindo um sorriso, e desceu o resto dos degraus correndo, se jogando nos meus braços em seguida.

Apressei-me a abraçá-la de volta, envolvendo sua cintura com meus braços quando ela envolveu meu pescoço com os seus. Percebi pelo canto dos olhos que Kate se afastava sorrindo e quis repreender Wanda por ter feito aquilo na frente dela, mas não consegui falar nada quando ela envolveu suas pernas no meu quadril e cobriu meus lábios com os seus naquele seu beijo típico, firme e apressado.

— Bem vinda de volta, Dra. Romanoff — ela falou, interrompendo o beijo e abriu um sorriso. — Como foi o seu dia?

— Você não deveria ter feito isso na frente de Kate, Wanda — falei por fim, mas não consegui soar tão firme quanto gostaria.

— Correntes, Natasha. Livre-se delas. Além do mais, Kate é de confiança.
Suspirando derrotada — até porque não havia mais nada que eu pudesse fazer —, andei com Wanda ainda nos meus braços até a sala e a sentei no sofá, sentando ao seu lado.

— Só tente não ser tão explicita, ok? — pedi, levando uma mão ao seu rosto para acariciar sua pele macia.

— Tudo bem. Mas você não respondeu. Como foi o seu dia? — ela tornou a perguntar, se recostando no sofá, sentada meio de lado para me observar.

— Um pouco conturbado.

— Algum problema por lá?

— Não. Só na minha cabeça. Passei o dia pensando no que você falou — expliquei quando ela franziu o cenho, inclinando um pouco a cabeça para o lado. — E decidi que não quero viver acorrentada.

Doce Pecado | WantashaOnde histórias criam vida. Descubra agora