silent cry - seungmin + jeongin

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all the king's horses, all the king's men
(todos os cavalos do rei, todos os homens do rei)
couldn't put me together again
(não poderiam juntar os meus pedaços novamente)
'cause all of my enemies started out friends
(porque todos os meus inimigos começaram como amigos)
help me hold on to you
(me ajude a me apegar a você.)

🏹

JEONGIN
point of view

A crueldade sempre venceu nos filmes. Eu tenho um discurso de cem coisas que eu quase disse ao meu pai.

Eu me acostumei a procurar pelo lado sombrio das pessoas antes de me relacionar, porque eu chegava a imaginar que todos eles seriam cruéis como o meu pai.

Eu odiei o meu reflexo no espelho por muito tempo. Nunca tive nenhum problema com a minha aparência, mas passei a odiá-la porque conseguia ver o que ninguém via em mim. A dor e a solidão que uma alma vazia como a minha podia carregar.

Eu sempre tive tudo. Coisas caras, do bom e do melhor, mas isso nunca me impediu de vagar por aí como um fantasma, porque eu nunca tive o que o dinheiro não poderia comprar: amor.

E a maneira mais fácil de destruir alguém que te ama é nunca amá-lo o suficiente. Implorar para receber amor de alguém que deveria te amar sem precisar pedir é torturante. Um filho nunca deveria implorar pelo amor dos pais, é algo que deveria ser genuíno e nascer de forma pura.

Nunca terei nada para reclamar da minha mãe, talvez uma coisa aqui e outra ali. Mas serei grato eternamente por ela tentar me proporcionar tudo que eu nunca receberei do meu pai.

A vida é irônica, não é? Me privei de viver e amar quem eu queria amar por medo, uma validação que eu sequer sabia que crescia dentro de mim.

Implorei diversas vezes para que algo me mudasse, para que eu recebesse um sinal de como fazer as pessoas me amarem por eu ser quem sou, sem precisar fingir uma personalidade que está longe de ser a minha verdadeira ou por tentar mudar tudo em mim para me encaixar.

Todos os meus heróis morreram sozinhos. É uma frase que gosto bastante, é triste e verdadeira. Morrerei sozinho como todos os meus heróis que se foram?

Nunca soube o que é a sensação de ter conforto e se sentir em um lar dentro da minha própria casa. Eu sempre guardei para mim o que queria dizer e me sufoquei com isso por anos. Eu acho que nunca cresci e isso está ficando exaustivo.

Eu só queria que alguém viesse para ficar, para me amar mesmo sabendo que eu nunca seria capaz de dar paz à essa pessoa.

Odiei as minhas atitudes e moldei uma personalidade que faria todos gostarem de mim, que faria meu pai se orgulhar e me exibir como seu filho por aí.

Sempre foi isso que ele fez. Jeongin é um bom exemplo de pessoa, sempre tira notas boas na escola e nunca me deu trabalho, diferente de Seol-ah. Era o que sempre ouvíamos e eu odiava isso. Por que ele sempre tinha que desmerecer a minha irmã para tentar exaltar uma personalidade que sequer era real? Eu inventei tudo. Nunca fui forte, me matei de estudar para tirar boas notas na escola e já fiquei doente diversas vezes por isso.

Me trancava em casa por puro medo de socializar com as pessoas, o que elas pensariam de mim? O que eu deveria mudar para fazê-los gostar de mim?

O que eu poderia fazer para ter mais amigos? O que eu poderia fazer para viver a minha vida da forma que eu sempre quis sem decepcionar o meu pai? Por que eu tentava tanto priorizar a felicidade de quem eu amava e esquecia de mim?

De todas as coisas que eu já consegui amar, por que eu nunca fui uma delas?

— Amor? Você não vem? — Seungmin estendeu a mão para mim e sorriu. Estávamos brincando no quintal, enchendo balões de água e jogando uns nos outros. Todos estavam felizes e isso me deixava genuinamente feliz, eu nunca precisei fingir ser alguém que eu não era com eles. Eles me aceitaram por quem eu era desde o primeiro momento.

Quem poderia me deixar, querido? Mas quem ficaria?

Seungmin pode ficar. Para sempre se ele quiser.

— Eu já vou. — devolvi o sorriso.

Minha irmã estava do outro lado, na grama e gritando com Changbin que havia jogado um balão com água em seu rosto. Gargalhei baixo. Nem parecia que estava acontecendo um caos na minha família agora com a investigação sendo feita no hospital.

— Minnie? — chamei e ele me encarou. —Você pode me ajudar a me apegar em você?

— Somente se você me deixar ficar. — apertou a minha mão e sorriu.

— Sempre.

— Então isso não será um trabalho difícil para mim.

Pela primeira vez, eu não precisei me preparar para luta nenhuma. Porque a minha luta interna estava congelada com o fim de uma fase tão difícil na minha vida, já que eu decidi colocar o fim em algo que sempre me machucou.