A bolinha de luz

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- Hermione foi torturada. Eu e Harry não pudemos fazer nada. Mas, presos no andar de baixo, ficamos loucos. Por favor, nos desculpem. - Fui direto.

Os pais dela não disseram uma frase.

- Tudo isso aconteceu porque roubamos a Horcrux do cofre da Belatrix. Hermione não quis entregar nossos planos a ela. Desde então, toda vez que sai de um lugar e dorme em outro, ou até mesmo se teve um dia de fortes pensamentos sobre si mesma, ela tem maus sonhos com a tortura que sofreu. Ela não pode ir para um psicólogo. Se trata de outro mundo. Vão dizer que ela está inventando. Mas será verdade. Cada relato, lágrimas, e dor. Ela anda tendo o sonho há meses e faz meses que não dorme direito.

Augusto se manifesta:

- E onde essa porra de bruxa está?!

- Morta... ela foi morta por um amigo nosso, que teve motivo o suficiente pra não hesitar.

- Melhor assim.

- Ela ficará bem? - Perguntou Érika.

- Temos que dar a ela um motivo pelo qual vale a pena lutar. Fazendo com que ela se dedique a ele. Hermione gosta de ler e estudar, talvez, possa ser esse o caminho.

- Pensou em algo? - Indagou Augusto.

- Não. Mas ideias pairaram no ar. Eu vou pensar em algo concreto e gostaria do seu apoio pra que dê certo. 

- Pode contar comigo. - Afirma, vindo em direção a mim e dando um aperto de mão seguro em minha própria. 

- Comigo também. - Afirmou Érika, em um abraço.

- Legal. - respondi feliz. - Querem waffles? - Pergunto indo à cozinha.

- Queremos. - Disseram eles.

- Partiu comer e pensar!

- Bora! - Falaram juntos de novo.

***

~ Quatro horas depois ~

- Ronald? - Chamou Hermione, acordando.

- Oi. - respondi olhando pra ela novamente. Ela se vira de lado para olhar pra mim.

- Tô com fome... - em tom baixo, diz com a mão na minha nuca, mexendo os dedos entre os fios do meu cabelo.

- Vou ver se sobrou alguma coisa na cozinha. - Aviso, já por cima dela.

- Foi tão corajoso durante esses três dias! Foi brilhante, ruivo... - massageando meus cabelos

- Fui mesmo. - concordei desviando o olhar e rindo.

- Convencido! - Em tom de repreensão, ela arqueia as sobrancelhas.

- Sempre. - a retruque, peguei em seu rosto e o  acariciei com o polegar. Suspiro.

- Quê?

- Nada. São só seus olhos castanhos mesmo. Disse os fitando. - Eles são meus.

Hermione ri.

A dou um beijo na testa.

- O beijo tá no lugar errado, cara.

- Que é isso? menina? - Indago sério. - Tenha limites. - Disse em complemento, caindo na gargalhada devido ao olhar dela.

- Haha... pra quê limites, meu caro... vamos quebrar as regras.

Ri ainda mais. Parei de repente. 

- É isso...!

- Isso o quê? - Perguntou vendo minha cara de surpresa.

- Você colocou luz no desiluminador, pessoa!

- Aquele localizador? Tudo que sei é que "Sou a bolinha que tocou seu coração". Eu não fiz nada. - Diz com as mãos um pouco levantadas para cima, em redenção.

Comecei a rir de novo.

- Falei em sentido figurado. Mas essa foi ótima - pisquei o olho direito.

- Vem, bolinha. - A beijo na boca. Após o som de afastamento completei: - Temos muito trabalho a fazer. - E saí de cima dela, pulando da cama.

Hermione senta na cama e calça os chinelos.

- Weasley tinha que acabar com o clima... - comenta, de olhos lateralizados em mim

Ronald faz pouco da minha insatisfação:

- Vamo, cara, você vai amar. - Evoquei, a puxando pela mão. - ATENÇÃO! CONVOCANDO MINHA PRIMEIRA REUNIÃO DE FAMÍLIA! - alerto aos gritos, descendo as escadas apressadamente. De mãos dadas com Hermione.

- Às cinco da manhã?! - Surpreendeu-se Augusto, à porta de seu quarto.

- Sim! - Confirmei, já no hall da sala.

- O que foi? - Perguntou minha sogra.

- Hermione me deu uma ideia que é a cara dela. Hermione? - chamei outra vez, olhando fixamente em seus olhos.

- Oi?

- Você quer casar comigo... Não é...?

- Quero, sim!

- Quer terminar seus estudos, não quer?

- Quero.

- Então olhe bem pra esses olhos azuis e vem comigo. No raciocínio, Hermione... O que te deixa mais puta no meio mágico?

- O jeito que tratam os sangues não-puros, os abortos e mestiços, e é ridículo o modo como tratam os elfos domésticos e suas condições de trabalho!

- Que tal usar sua voz na luta por essas causas? - Perguntei.

- Como assim?

- Propondo uma lei nunca antes feita. Pra garantir os direitos de respeito - lutar com eles. - Seria perfeito. Assim se distrairia, e de quebra, quando saísse de Hogwarts, teria um projeto que te colocaria concorrendo à vaga pra entrar no Ministério! É perfeito! - Eu me animei, a sacudindo levemente.

- Acham mesmo que isso vai me ajudar? - Perguntou desconfiada.

- A ideia é maravilhosa, minha filha!

- Verdade, Hermione! Quem sabe o pesadelo não vai embora ou fique menos frequente... - Incentiva a mãe.

- Não vou fazer sozinha. Quero mais gente comigo.

- Seremos os primeiros a te ajudar. - Nós três afirmamos.

Hermione se virou para mim. 

- Vai ter de estudar demais, hahaha!

- Estou pronto pra ser um homem sábio. - Pisquei novamente, com os braços envolvendo o pescoço dela. Hermione olhava os pais de frente. Com o corpo colado ao meu.

Pensativa, disse após algum tempo:

- Okay. - Levantando as mãos ao rosto, há uma pausa longa: - Eu topo! - Com voz abafada pelas mãos, ri, olhando pra mim com a cabeça levantada. - Eu não acredito! Faz tempo que não me sinto tão feliz assim. Obrigada! - Fala com um sorriso.

Abaixo a cabeça pra selar um beijo em seus lábios. A gatinha gira para uma melhor confortabilidade, dando continuidade a ele.

- Nunca me decepcionou. - disse sorrindo e voltando a beijá-la.

Augusto finge tossir. Olhamos rapidamente.

- Venham. Não fiquem de vela, casal. Abraço familiar coletivo pra comemorar?

- Logicamente. - Falaram juntos Érika e Augusto, colando na gente.

- Nossa nerd favorita vai mudar o mundo bruxo!

- Que orgulho! - Disse a mãe.

- Nosso orgulho. - Eu disse aos beijos em seu cabelo volumoso.

Hermione:

- Amo tanto vocês! - Diz em suspiros, me apertando em um abraço. Recostada e aconchegada em meu peito. Ela abriu o sorriso mais lindo dos dois mundos inteiros.

E assim foi o meio do mês de Agosto.

(Continua)

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