Thaís Guerreiro
Acabo de desembarcar em Borussia, na Alemanha, o meu voo teve um atraso, o que significa que eu também estou atrasada para minha entrevista de emprego — óptimo — a ideia era eu ter vindo ontem mas as condições climáticas não permitiram, hoje mais cedo também houve alguns atrasos, o que me fez estar atrasada, o que mesmo sem atrasos de avião é meu costume.
Eu vou à uma entrevista para ser preparadora física e terapeuta da equipe alemã, Borussia Dortmund. Eu fui recomendada pela minha equipe anterior, o Braga, em Portugal onde por acaso eu era apenas terapeuta, não sei como eu vou me sair sendo também preparadora física.
Tenho 21 anos e me formei a pouco tempo, no Braga, onde eu tive minha primeira experiência, na verdade era como estagiária, eu consegui o estagio lá porque eu era das melhores alunas da universidade.
Com este atraso, eu tive que ir directamente pra o centro de treinamento do Borussia Dortmund. Entreguei minhas malas à um taxista — que seja de boa índole Pai — e pedi que levasse pra casa do meu irmão — ele casou uma alemãzinha, e veio viver aqui, que sorte a dele viu —, onde eu vou ficar até eu ter um lugar pra mim.
Segui meu caminho, pedi um taxi e dei o endereço pra o motorista, foi um trabalho já que de alemão eu não entendo nada, tive que trocar meu idioma pra inglês, que graças a Deus é bem entendido por mim.
Depois de uns minutos eu cheguei ao CT, quando eu saí do carro eu percebi que o meu vestuário talvez não era o mais adequado para a ocasião, é que vejam, eu vestia um boddy preto de renda, uma calça jeans apertada azul e uma sandália de salto. Revirei os olhos ao perceber isso, mas não tinha como, tinha e ia ser assim.
Eu olhei pra aquele edifício e já fiquei perdida. Senhor me ajuda, vai. Segui meu instinto e andei ate uma suposta recepção.
Vi uma mesa e uma garota ruiva que olhava pra suas unhas.
— oi, bom dia — falei pra ela, que só me olhou e voltou sua atenção à suas unhas.
— desculpa, eu estou falando com você mesmo, ruivinha do banheiro. — foi só falar no cabelo dela que me deu atenção.
— é natural — respondeu me olhando, parecia irritada, nem ligo.
— então, ruivinha natural, onde fica a sala do dr Vladimir Smichël? — perguntei.
— segui o corredor e depois vira, a terceira porta. — falou e depois sorriu falso.
— obrigada, ruivinha — falei e também sorri falsa pra ela.
Segui pelo corredor e lá na frente tinham mais dois corredores, um pra direita e outro pra esquerda. Ruivinha chata, agora como eu sei por qual corredor eu vou?
Sou destra, então vou seguir pelo corredor da direita, a lógica? Também não sei, só vou.
Segui pelo corredor, mas não via nenhuma porta, comecei a me estressar e andei mais rápido, quase correndo, só que a dotorzinha esqueceu que tava de saltos. Tava andando, quando senti o meu pé esquerdo todo torto e no chão gelado, me desequilibrei com isso e quase caí até sentir uma mão na minha cintura.
— cuidado, bonita — um jovem, alto, um pouco musculoso e negro me segurou e impediu minha queda com um sorriso no rosto.
— me solta — disse tirando suas mãos de mim.
— ei ei ei, baixa bola ai que eu só te ajudei — falou se afastando e me analisando, dos pés a cabeça e depois deu um sorrisinho — você ia caindo, então esta até me devendo um "obrigada", não custa nada.
— não devo nada, a ninguém — retruquei ajeitando minha postura — não era sua obrigação me ajudar, sendo que eu nem tava caindo.
Ele riu — tudo bem, se a bonita diz — falou e eu segui meu caminho até ouvir a voz do serzinho que julga ser um herói.
— ehh, à não ser que você queira ver homens pelados, — me virei para o encarar — acho melhor seguir pelo outro corredor. — falou e saiu rindo. Ele tem problema de riso por acaso?
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Vizinhos de Trabalho
Random- acho bom - olhei pra ele - vamos estabelecer regras - vi um sorriso sem dentes surgir dele - eu sou sua terapeuta, eu pergunto você responde, simples assim....pode ser? - claro, bonita - passou a mão na boca como se escondesse um sorriso - quis di...