Thaís
— o que você ta achando do clube, o que pode estar dando errado? — perguntei pra o homem largado no estofado em minha frente.
— não sei — deu de ombros.
— você não tem ideia? Quando você chegou a situação do clube tava melhor embora agora não esteja de todo mal.
— eu acho que a doutora é que deve descobrir isso, né?
E assim tava sendo desde que a sessão começou. Pra tudo que ei perguntei eu só tive três respostas: não, não sei, talvez. Só isso e nada mais.
— e eu preciso que você fale pra que eu consiga descobrir, Jude. — suspirei.
Tudo bem, pensa Thaís, o que você realmente precisa é abaixar a guarda, porque com esse perfil de durona não vai conseguir arrancar nada dele.
— OK — falei e dei um sorriso. — vamos começar do começo, tá?
— como assim, começar do começo? — fez cara de confuso.
— vamos começar do começo, simples assim — me ajeitei na cadeira — meu nome é Thaís Guerreiro, tenho vinte um anos, sou terapeuta — RI — mas isso você já sabe e...— torci o lábio — eu tenho medo de elevadores.
Ele se acabou de rir.
— como assim você tem medo de elevadores? — disse ainda rindo.
— sei lá, tipo, é um negocio estranho, quando eu entro num elevador me da umas tonturas malucas.
— mas você vive no decimo quarto andar, como você faz?
— tenho que controlar nem — dei de ombros — agora sua vez.
— hmmm — suspirou — meu nome é Jude Bellingham, tenho vinte anos, sou inglês e jogador profissional...— nada que eu não saiba né, como psicóloga do clube eu fiz minhas pesquisas.
— você sabe que isso eu já sei — me joguei na mesa — eu falei um medo meu, sua vez de falar um seu.
Ele riu — tá, ehh — ele pareceu pensar — não é um medo, mas é algo que eu não falo muito...— já fiquei curiosa — uma vez, ainda na Inglaterra, eu tava de moto e tive um acidente, caí feio e levei cinco pontos no braço — fiquei em choque e ele riu sozinho — desde então, quero tudo que é moto longe de mim.
Rimos juntos.
— você tem pontos? — perguntei não acreditando e ainda rindo.
— tenho, quando eu voltei pra casa, minha mãe ralhou pra mim e eu não quero mais saber de motos desde então... — ele me olhou — sua vez, que segredos mais você tem?
— uma terapeuta não conta seus segredos pra seus pacientes, Jude!
— ai não? mas eu ouvi você me contar um agora.
— isso não foi propriamente um segredo, foi só...uma verdade que eu partilhei com você! — sorri de lado.
— sei, e porque partilhar essa verdade comigo? — se ajeitou na cadeira.
— só colocando em pratica os meus dotes — pisquei um olho e ele riu.
(...)
— mãe, eu tô bem, tá — falei pela milésima vez pela video chamada — não se preocupe.
— ela ta bem e furando meu bolso — resmungou meu irmão do lado.
— alimenta sua irmã direito, ela ta mó gostosa e não é você que vai estragar isso.
— quê isso mãe? — Lewis falou do meu lado com os olhos arregalados — quem tá ensinando isso pra senhora?
— acha que só sua geração fala isso? Sou jovem ainda — sorriu.
— ta bom, falei nada — rimos.
— mãe, eu tenho que desligar.
— tá minha filha, se cuida...te amo.
— a gente te ama também — eu e Lewis falamos ao mesmo tempo.
Desliguei a chamada e já fui subindo pro meu quarto.
— tu só vive nesse quarto agora — Lewis falou wu ainda no meio da escada.
— sua caçula começou a trabalhar, então agora é assim. — mandei beijo pra ele e entrei no meu quarto.
Tentei preparar as sessões de amanhã, mas o problema é que uma sessão em especial não me saía da cabeça.
Hoje pela primeira vez eu quebrei uma regra, eu falei de mim pra um paciente, o que é completamente errado, mas digamos que foi um erro do bem, caso contrario ele não ia falar nada, embora também não tenha falado muita coisa...dizer que ele tem trauma de moto não é propriamente um grande feito.
Mas é que aquele jeitinho meio debochado e ao mesmo tempo silencioso do Jude me deixa frustrada. Mas o foco é fazer meu trabalho e fazer ele falar coisa com coisa e não as gracinhas dele. E isso eu vou conseguir.
Ahh, se vou!!
N.A: capitulo mó difícil, meu Deus a inspiração tava difícil por aqui!
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Vizinhos de Trabalho
Random- acho bom - olhei pra ele - vamos estabelecer regras - vi um sorriso sem dentes surgir dele - eu sou sua terapeuta, eu pergunto você responde, simples assim....pode ser? - claro, bonita - passou a mão na boca como se escondesse um sorriso - quis di...