7 | NÃO PARA

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Thaís

Bato à porta do apartamento que fica no quinto andar.

Pois bem, fui obrigada a corrigir minha brincadeirinha, mas qual é, a vingança era para os dois, até porque se ela não estivesse lá em casa, meu irmão teria ido me buscar.

— oi — falo logo que ela abri a porta.

— moça eu não quero discutir, eu juro que ele não me falou nada de você, se resolva com ele não comigo — nem me deu espaço de falar!

— eu não vim discutir — falei toda sem graça. — ele não é meu namorado, foi uma brincadeira.

— como assim — franziu o cenho.

— sim, ele na verdade é meu irmão, eu tava chateada com ele porque ele esqueceu de me levar no trabalho, você acredita? — revirrei os olhos.

— acredito, odeio quando me fazem isso — negou com a cabeça.

— pois é, ele não foi me levar, e quando eu vi ele com você só deu vontade de me vingar — me expliquei — desculpa o incomodo.

— Ahh, não tem de quê — sorriu — quer entrar?

— sim, obrigada — entrei e olhei o apartamento, é igual ao nosso, só que com a decoração diferente, claro.

— como você se chama?

— Thaís, e você!

— Haonna! — foi pra cozinha — eu tava indo fazer um bolo, quer me ajudar?

— claro — a segui — só não coloca muita confiança que eu na cozinha não presto muito.

Rimos.

— tudo bem,eu aceito fazer a maior parte do trabalho.

— você ta à quanto tempo aqui? — me sentei na cadeira da bancada.

— cinco anos.

— nossa, é muito tempo, eu só tô a cinco dias e já quero a minha mãe.

— com o tempo você acostuma — me entregou uma tigela com claras de ovo — bate.

— tá, você levou muito a sério mas obrigada — rimos e eu comecei a bater as claras.

— já fez alguns amigos?

Você conta?

— não, na verdade eu to mais perto de fazer inimigos do que amigos. — revirrei os olhos.

— nossa porque isso? — ligou a batedeira.

— sabe o vizinho do decimo quinto andar? Ele é chato, insuportável e barulhento e ainda por cima eu tenho que aturar ele no trabalho, você acredita.

Desligou a batedeira.

— Thaís, me desculpa mas eu não ouvi nada, tipo nada mesmo — ela gargalhou e eu Fechei a cara parando de bater os ovos.

— NÃO PARA — gritou e eu imediatamente voltei a bater as claras — o que você dizia?

— que meu próximo inimigo é o vizinho do decimo quinto andar. — parei pra pensar  — embora eu acho que não tenho inimigos.

— o Jude! Ele é barulhento mesmo, mas é gente boa! — até parei de bater as claras de novo.

— a próxima vez que você parar eu te mato, inclusive da isso aqui... — entreguei.

— gente boa com você, ou sei lá com os outros — fiquei fazendo círculos na ilha de mármore — comigo ele é super insuportável.

— porque eu sinto que tem mais aí? — sorriu sapeca.

— tipo? — semicerrei os olhos.

— não sei, diz você — mordeu o lábio inferior, que isso? — vai dizer que não acha ele bonitinho?

Acho, acho e muito, só que o que ele tem de bonito tem de mal educado.

— nem é tudo isso — torci o lábio.

— vamos deixar o tempo falar né? — meteu o bolo no forno — bom, agora é só esperar.

— e enquanto isso?

— assistimos alguma coisa, cê topa?

— aham!

Nós fomos procurar alguma série ou algo interessante pra ver, acabamos por recuar no tempo e colocar La Casa de Papel mesmo, tiro certeiro, intemporal!

Passaram exactos trinta e cinco minutos e nós fomos tirar o bolo, quer dizer, o que era suposto ser bolo!

— você pôs fermento? — perguntei do lado dela, vendo o bolo um pão, literalmente.

— ah não — choramingou — esqueci.

Eu tive uma secção de risos, até eu olhar pro lado e ver ela quase em lágrimas.

Limpei a garganta tentando me focar.

— não fica assim, Haonna, da próxima sai melhor.

— eu queria muito que desse certo — mas a vida não é como você quer, minha filha, ria disso e segue em frente, queria dizer isso mas ao invés disso...

— é, eu também, mas podemos fazer outro, ne? — ela abriu um sorriso que foi o bastante pra eu perceber que me Ferreira bonito.

Foram duas horas sucessivas tentando fazer um bolo sair direito.

O segundo saiu deformado o terceiro não cozeu e só o ultimo saiu aparentemente perfeito.

— finalmente — quase gritei

— é, mbora provar?

Ela pegou dois pires, garfos e serviu.

Sentamos e eu levei a primeira garfada a boca.

— Haonna, tem açúcar de mais — deixei o prato na mesa, fazendo careta.

— não quero mais saber de bolo, foda se! — fechou a cara.

Pensei que eu fosse um desastre na cozinha, mas depois de hoje provei e comprovei que não!

Vizinhos de TrabalhoOnde histórias criam vida. Descubra agora