Londres - Inglaterra
Não posso dizer que sou fã das manhãs. Elas passam a sensação de paz, sucesso e talvez bem-estar com a vida. Não que eu não esteja bem, mas é como se passasse a maior parte do meu tempo sozinha. Não é como se as pessoas me compreendessem. Sinto que todos ambientados no mesmo mundo ou carreira que eu tendem a ser superficiais e muitas vezes fúteis, por ser o caminho mais fácil. A fama exige muito de você, então as pessoas tendem a desligar tudo que sentem para evitar a dor. Como muitos dizem, a fama tem o seu preço.
Não que justifique eu estar na parte mais escura da cafeteria. Eu só queria que as coisas fossem um pouquinho menos complicadas. Está prestes a dar 9:50, o horário do meu voo. Aparentemente, vai ser tranquilo, cerca de 1 hora de viagem, e eu estou significativamente animada para rever minha família.
Continuo bebendo meu café na pequena cafeteria do aeroporto. Não tinha muitas pessoas nas proximidades da minha mesa, mas, considerando que o aeroporto estava completamente lotado como sempre, afinal era uma manhã fria, todas aquelas pessoas estavam distribuídas para cada lado, seja em guichês ou perto das paredes cinzas do local. Me mantenho distraída olhando alguns quadros na parede da pequena cafeteria quando sou desperta e percebo que faltam exatos 30 minutos para o embarque.
Me apresso e caminho até o balcão de embarque da companhia aérea. Lá, encontro uma moça a qual me refiro como recepcionista. Então, apresento meus documentos com o e-ticket e assim realizo o check-in. Recebo meu cartão de embarque, que confirma as principais informações do voo, como horário e portão de embarque.
Rumo até os guichês da companhia com minhas malas, que são pesadas e identificadas. Após fazer todo esse processo, me direciono ao portão de embarque. Meu cartão de embarque é verificado, e logo após passo pelo detector de metais. Aguardo algum tempo na sala de espera e, por fim, embarco.
Sinto que já estamos chegando. Eu estava morrendo de frio, consisti em passar a viagem toda assistindo "House of the Dragon", e eu estava amando essa série, é simplesmente incrível. O tempo foi passando gradativamente, e por fim, chegamos a Manchester após uma viagem curta e relativamente tranquila.
Após pegar minhas malas, pego meu celular para mandar uma mensagem a İlkay. Mas vejo que não é necessário, já que o mesmo já estava no aeroporto. Olho o termômetro climático que marcava 7°C. Isso explica o frio exorbitante.
— Ei, maninha, quanto tempo — diz ele com um sorriso no rosto, me puxando para um abraço apertado que logo é desfeito — Estávamos com tanta saudade, Katerina.
— Eu também estava com tanta saudade de todos vocês — digo, fazendo biquinho.
— E aí, vamos indo para o carro. Você quer ir logo para casa ou quer sair para passear por aí, falar as novidades, colocar o papo em dia — diz ele, dando uma leve risada.
— Nossa, nem me fale. A situação em Londres tá terrível. Aproveitando que estamos saindo do aeroporto, posso usar o termo "turbulência" — respondo rindo, mas no fundo, um pouco apreensiva.
— Eu estou sabendo. Sou seu maior fã — diz ele, enquanto guardávamos minhas malas no porta-malas.
— Eu sei, eu sou incrível — digo em tom de deboche. Afinal, era uma brincadeira — E como vai a vida do galã, vulgo jogador de futebol, no Manchester... City? — pergunto, após o nome do time ter fugido da minha cabeça.
— Melhor impossível. Inclusive, você deveria ir ao jogo prestigiar nossa vitória amanhã. Derby de Manchester, e nós sabemos quem vai vencer — responde ele, se gabando.
— É, eu posso pensar. Talvez eu te conceda essa honra — falo, enquanto baixo o volume do som, pois a música que tocava me irritava profundamente.
— Ei, recapitulando a pergunta que eu tinha lhe feito, mas ainda não obtive resposta. Casa ou passeio no frio de Manchester? — pergunta ele, descontraído.
— Podemos ir para casa primeiro. Estou com saudade dos meus adoráveis tios — informo a İlkay.
— Eles também estão, pode apostar. Sempre que podem, falam de você — ele revela.
Após cerca de 15 minutos conversando durante o percurso, chegamos até o local. Era absurdamente lindo. A frente continha um lindo gramado, por trás de um portão sofisticado. A estrutura da casa não era como as casas modernas. Era algo um pouco mais retrô, o que a deixava ainda mais bonita. İlkay segue até a garagem, estacionando o veículo com outros demais.
— E aí, gostou? — pergunta ele, retirando minhas malas do carro enquanto o ajudo.
— É sensacional — digo, abismada com o local, e eu nem sequer vi o restante da casa.
Claro que eu morava em uma cobertura luxuosa, mas isso aqui nem se compara. Me lembra bastante a casa dos meus pais na Alemanha, contudo em uma versão melhorada.
Sigo meu primo até adentrarmos na casa. Creio que deve estar me levando até o quarto onde irei ficar.
— Kat, esse é o seu quarto. Fique à vontade — diz ele, se retirando do quarto.
Era simples, mas sofisticado. As paredes brancas, com alguns detalhes cinza. O lustre também era bastante elegante. Um guarda-roupas para que pudesse guardar minhas coisas durante esses poucos dias. Afinal, não tenho planos de continuar em Manchester.
Após organizar minhas coisas e admirar o local, saio do quarto indo em busca de meus tios. E então os vejo na cozinha.
— Olá! — digo, sorrindo ao vê-los.
— Ah, minha menina, eu estava com tanta saudade sua. Vem aqui me dar um abraço — diz ela, me puxando para um abraço apertado e caloroso, assim como os da minha mãe.
— Eu também estava com tanta saudade de vocês — digo, cumprimentando-os.
— Olha se não é a nossa estrela — diz meu tio, me dando um abraço breve, e se retira da cozinha para atender um telefonema.
— E você tem falado com seus pais? — pergunta ela, franzindo o rosto.
— Não com muita frequência. Eles parecem um pouco distantes. Eu até tento falar com eles, mas é quase impossível, de verdade — digo, dando um sorriso sem graça.
— Acontece, minha filha. Você tem mesmo é que se divertir e aproveitar a vida. Você vai ao jogo do İlkay amanhã? Se sim, acho melhor providenciar uma camiseta do clube.
— Camiseta de time, nem pensar em usar uma coisa dessa. O máximo que vou fazer é vestir algo azul — digo, fazendo pouco caso.
— Você não mudou nada mesmo — diz ela, rindo, e logo começo a rir também.
— Eu sou uma estrela, tia. Estrelas sempre brilham — digo, em tom irônico, me gabando.
— Ah, com certeza — responde ela.
— Estou tão cansada. A senhora se importaria se eu fosse descansar um pouco? — pergunto, soltando um bocejo.
— Fique à vontade — diz ela, sorrindo.
Subo as escadas que me levam até meu quarto e fico refletindo e admirando a vista da janela. E então vejo um pequeno campo de futebol e penso se eu deveria ou não ir ao jogo. Então, resolvo que sim. Afinal, tenho que apoiar meu maninho mais velho.
Eu não sei o motivo, mas estava sentindo que algo bom aconteceria. Esqueço isso e resolvo olhar possíveis looks para usar amanhã.
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Dream | E. Haaland
Fanfiction"Eu não o amo por causa de quem você é, mas por causa de quem eu me torno quando estou com você..."