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Acordo e olho ao redor. Vejo máquinas, uma sala completamente branca, uma cadeira ao lado de onde estou deitada, e escuto um bip.

Tento me mexer e percebo que tem um aparelho me ajudando a respirar e vários tubos ligados a mim. Tiro o aparelho que me ajuda a respirar, e grito para que alguém venha me ajudar. Rapidamente um médico e meus pais adentram o quarto.

- Oh meu Deus, é um milagre! – Minha mãe diz e começa a chorar.

- O que aconteceu? Onde está o JJ? E porquê meus pais estão tão diferentes?

Ao olhar para os meus pais, percebi que meu pai tinha algumas linhas de expressão que eu nunca tinha visto em seu rosto, e seu cabelo estava começando a ficar branco. Já minha mãe estava com o cabelo mais curto e claramente tinha sido pintado recentemente.

- Vossa Alteza, – disse o médico – a senhorita sofreu um acidente de carro. Ficou em estado grave e entrou em coma. Isso tudo aconteceu há 3 anos. Seu ex secretário está bem. Ele ficou desacordo por alguns dias mas logo depois se recuperou e voltou para casa. Vou deixar vocês três a sós. Com licença. - Ele termina e sai do quarto.

Eu demoro alguns minutos para tentar raciocinar o que aconteceu. Eu fiquei desacordada por três anos?! Perdi três importantes anos da minha vida? Isso é... Inacreditável. E algo que o médico disse me chamou a atenção: "ex secretário". Bom, é claro que comigo desacordada, JJ não trabalharia mais como meu secretário. Mas será que ele está bem financeiramente? Será que entrou para aquela agência, sobre a qual tinha me falado pouco antes do acidente?

Meus pensamentos caóticos são interrompidos pela voz da minha mãe.

- Como está se sentindo, meu amor? – Ela diz com a voz embargada.

- Meio tonta com tantas novidades. Eu fiquei desacordada por anos, JJ foi despedido, vocês estão mais velhos... Quantos anos eu tenho? 22?

- Vai completar 23 daqui a duas semanas. – Meu pai finalmente diz algo.

- Uau. Vocês sabem o que aconteceu? Por que aconteceu o acidente?

- Conhece o caso da Princesa Diana? – Minha mãe pergunta e já imagino o que aconteceu.

- Sim, é um caso super famoso.

- Conhece as teorias que criaram em cima desse caso?

- De que alguém da família real planejou o acidente e não foi nada por acaso?

- Exatamente. Quando foram investigar o seu caso, descobriram que um cidadão sueco estava dirigindo em alta velocidade atrás do carro onde você estava. Ele causou o acidente. Ao investigar mais fundo, descobriram que ele tinha ligação com a família real da Suécia. Basicamente o rei queria se vingar por termos prendido Rafe e por ele não ter se casado com você. Ele ainda está sendo julgado, mas a sentença dele deve sair ainda esse mês.

- Então foi proposital. Se nossas famílias não tivessem arrumado briga há muitos anos atrás, eu não estaria aqui. Quanto egoísmo da parte deles... Mas não dá pra mudar o passado. Agora só posso focar no futuro e tentar recuperar o tempo perdido.

- Sim, mas você precisará descansar por um bom tempo quando finalmente puder sair daqui. Nada de tentar se envolver em assuntos políticos, nada de entrevistas e nem romances. Descanso total. – Meu pai alertou.

- Você diz como se eu tivesse tempo para relacionamentos. Não tinha tempo antes de tudo isso acontecer, e muito menos agora. Só... Quero saber quando vou poder sair daqui. Alguém tem ideia?

- Não. Ninguém nem sabia que você iria acordar justamente agora, filha. – Meu pai diz enquanto passa a mão em meus cabelos. – Mas vamos falar com o médico para analisar sua situação.

- Ok, obrigada.

Eles passaram mais uma hora ali comigo, mas meu pai recebeu uma ligação importante e teve que sair para atender. Depois eu pedi para a minha mãe me entregar meu celular, para que eu pudesse mandar mensagens para uma amiga (no caso, Sarah). Meu celular estava em uma bolsa ao lado da minha cama, junto com alguns pertences meus. Liguei meu celular e torci para que o número de Sarah ainda fosse o mesmo. Por sorte era. Ela surtou quando viu minha mensagem. Minha amiga perguntou se poderia me visitar no hospital, mas eu achava melhor não. Não queria ver ninguém naquele momento. Porém, pedi para lhe ligar por chamada de voz. Ela aceitou, claro. Então pedi para minha mãe sair do quarto enquanto conversávamos, e ela concordou.

- Kie! Quanto tempo! – Sarah diz com a voz embargada. Percebi que estava chorando.

- Oi amiga. Eu dei um susto em todo mundo, né?

- Eu quase tive um ataque quando soube. Fico feliz que esteja bem.

- Não tô totalmente bem, mas vou me recuperar.

- É isso aí, pensamento positivo. E você aceita um passeio pela cidade quando voltar para o palácio? As coisas mudaram muito desde aquele fatídico dia.

- Óbvio que aceito. Você será minha guia?

- Eu mesma. Bom, eu e John B. Inclusive... Estamos noivos.

- Uau. Eu sempre soube que vocês foram feitos um para o outro. Tô muito feliz por vocês. Me convida pro casamento hein.

- Pode deixar. Se você quiser ir mais disfarçada, pode até ser uma das madrinhas.

- Isso seria incrível!

Houveram alguns segundos de silêncio, até que eu perguntei o que estava entalado na minha garganta.

- E... O seu irmão?

- JJ? Está mais ou menos.

- Ele trabalha em uma agência de modelos? Ele me contou, pouco antes do acidente, que queria ir para lá.

- Ah ele tá lá sim. Mas isso também causou problemas na vida amorosa dele. Porém isso é assunto pra se discutir em outro momento. Agora me conta como é aí no hospital. Eles te tratam bem? Eles dão gelatina e pudim igual nos filmes? Tem aquele regulador de cama que tem nas séries? Tô curiosa.

- Na verdade, eu acabei de acordar. Não sei nada sobre o local onde estou.

- Ah, é verdade. Desculpa pelas perguntas idiotas. Acho melhor você descansar. Quando pudermos nos ver, vou te atualizar de tudo.

- Eu agradeço. Bom, vou desligar agora. O médico tá voltando.

- Tudo bem. Me avisa quando sair daí. Beijos.

- Pode deixar. – Digo e desligo.

O médico entra e começa a me examinar juntamente com uma enfermeira. No final ele disse que estava tudo certo, mas que eu precisaria ficar ali por mais alguns dias.

Quando fiquei sozinha no quarto novamente, tirei o lençol das minhas pernas e vi algumas cicatrizes. O médico explicou que tiveram que tirar cacos de vidro das minhas pernas, e deram pontos no meu braço direito. Foi um acidente feio. Felizmente o motorista também ficou bem. Ele não teve ferimentos graves e nem ficou desacordado, porquê o outro carro bateu no lado onde eu estava no carro.

Mas o que realmente importa é que todos estamos vivos.

Royals - {Jiara}Onde histórias criam vida. Descubra agora