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[1 dia após a explosão]

E mais uma vez eu acordei no hospital. Tinham várias máquinas apitando ao meu redor. Me virei e vi minha mãe em uma maca perto de mim. Olhei para a porta (que tinha uma janelinha) e percebi um tumulto no corredor. Uma máquina de ventilação me auxiliava a respirar, e meus braços estavam cobertos de curativos e tubos levando soro para minhas veias. Minhas pernas doíam e meus olhos pesavam. Por conta de tudo isso, eu não conseguia pedir ajuda médica. Porém, um médico percebeu que acordei e entrou acompanhado por outros profissionais.

Eles começaram a me examinar e fazer perguntas, mas eu estava em choque. Só conseguia pensar em minha mãe e meu pai. Não entendi direito o que havia acontecido no palácio, e não fazia a mínima ideia de quanto tempo havia ficado desacordada dessa vez.

Assim que tiraram minha máscara de ventilação por um instante, a primeira coisa que perguntei foi:

- Onde está meu pai? E minha mãe está bem?

Um médico se aproximou de mim e pediu para que os outros profissionais se afastassem.

- Vossa alteza real, sua mãe não está em estado crítico, porém também não está muito bem. Precisamos fazer alguns exames nela e esperar que ela acorde, para dizermos com precisão se ela se recuperará logo ou se será um processo gradativo.

- Por quanto tempo eu fiquei desacordada?

- Apenas algumas horas. Não se preocupe, vocês não entraram em coma.

- Fico feliz com essas notícias, mas... E meu pai? Eu gostaria muito de vê-lo. Ele está neste hospital também não é?

- Eu... Sinto muito... – Foi tudo que o médico disse, e já foi suficiente para que eu entendesse a gravidade da situação.

- Não, não, não, não, não pode ser. – Respondi chorando.

- Ela está acordando! – Gritou um dos profissionais, e rapidamente todos foram até onde minha mãe estava.

E foi assim que começou meu luto.

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[2 semanas após a explosão]

Felizmente a explosão não deixou muitas sequelas em mim e minha mãe, só alguns machucados pelo corpo. Os médicos disseram que nossa sobrevivência é um milagre, mas eu acredito que por meu pai estar mais perto da cozinha, ele foi o mais afetado.

Depois de uma longa investigação, a CIA descobriu que a explosão foi causada por uma funcionária. Era uma espiã (pois é, também achei que isso era só coisa de filme) de um país rival. Ela estava lá para coletar informações sobre minha família e meu país, porém também morreu com a explosão e portanto não conseguiu divulgar tais informações com seu país.

Mas eu não quero pensar tanto nesse dia, pois o foco agora é meu pai. Hoje é o enterro dele e ainda estou na fase da negação e isolamento. Minha mãe praticamente precisou me arrastar para fora do quarto e me obrigar a vestir roupas pretas para ir ao enterro. Sei que preciso me despedir, mas ainda é estranho não ter ele aqui. Parece que ele está em uma viagem de negócios e que logo voltará. E ter que ver o corpo dele dentro de uma caixa de madeira, ser enterrado enquanto pessoas choram e colocam flores por cima, simplesmente acaba com a ilusão de que daqui a pouco ele vai me abraçar por trás e dizer que era brincadeira, que está tudo bem e ainda seremos uma família feliz...

Hora de acabar com a negação e o isolamento.

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Royals - {Jiara}Onde histórias criam vida. Descubra agora