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A vista é como se você estivesse no céu, sentado no mesmo nível das nuvens, e não sabe o que está fazendo. Há um astro do rock - um astro do rock egoísta, de cabelo bagunçado, vendedor de platina certificado - na cama em algum lugar atrás de você e você está vestindo a camisa dele. Tem o cheiro dele também. Cigarros e suor e a colônia cara. Você tem certeza de que cheira assim agora também.
Você olha para ele por cima do ombro, o sol nascente deixando sua silhueta em chamas enquanto você pressiona suavemente as pontas dos dedos nos hematomas em seu pescoço. Seu tufo de cabelo preto está contra a roupa de cama branca imaculada e você destaca a ponte de seu nariz, meio enterrada em um travesseiro melhor do que você jamais imaginou existir antes. Você gosta do nariz de Sirius, a protuberância no meio que tem a forma de um diamante na frente, a ponta arrebitada que dá um ar esnobe a um rosto já arrogante. A vontade de afastar o cabelo do rosto dele só para admirá-lo com mais facilidade surge e você se detém. Você fica firmemente colocado na chaise branca, sentado em suas mãos. Você ainda o encara, no entanto. Você gosta de suas tatuagens, a colcha de retalhos delas estragando o alabastro de sua pele. Você os traçou mais vezes do que pode contar, as linhas finas e delicadas e as mais grossas e envelhecidas. Você gosta particularmente dos louros da vitória logo abaixo da clavícula e da pilha de caveiras na parte interna do antebraço esquerdo, logo abaixo da dobra do cotovelo.
Na parte de dentro de cada dedo ele tem algarismos romanos, o que você adivinhou são datas. Você não perguntou e Sirius certamente não ofereceu, mas você se lembra de perguntar a ele sobre o curativo sobre uma tatuagem recente em seu dedo anelar na segunda vez que o viu. Sirius apenas dispensou você - aniversário da minha mãe - mas o ano é muito recente e às vezes você ainda olha para ele e imagina, secreta e profundamente dentro de si, que tem algo a ver com você.
Sirius dá um gemido, um som de profundo aborrecimento por ter que enfrentar mais um dia com roupas, e enterra seu rosto completamente no travesseiro de pelúcia. Sua voz sombria chega até você em uma imoralidade ininteligível. “Use suas palavras,” você zomba dele com um movimento de sua sobrancelha, escondendo seu sorriso em seu joelho dobrado.
Ele se vira dramaticamente de costas, jogando os cobertores para trás enquanto caminha. Você tenta não olhar para ele. Ele está nu, olhando para o teto, e suas lindas coxas tatuadas estão implorando para serem olhadas. "Eu disse", ele enuncia com aquele sotaque esnobe que você gostaria de não amar, "encarar é assustador."
Você suspira. "É romantico."
"É por isso que você fica toda inquieta quando olho para você, querida?"
Seu rosto está quente e só piora quando o olhar de Sirius finalmente se digna a pousar em você. “Não é romântico quando você olha para mim”, você diz.
Ele se apoia nos antebraços, preguiçoso e com o cabelo como a juba de um leão em volta do rosto. "Você está ferindo meus sentimentos, S/N."
