Sara.
Não gosto de me sentir instável perto de ninguém, mesmo sabendo que eu frequentemente me sentia assim quando convivia com minha própria mãe, mas era algo que eu não podia evitar. Eu estava usando uma roupa hospitalar, e eu me sentia fraca, de tal modo que mal conseguia me levantar direito, pois eu tentei.
—Não se mexa.—Pede.—Você precisa de repouso.
Não sei por qual motivo mas as pessoas não costumavam ser gentis comigo, talvez pelo convívio de uma pessoa hostil fez com que eu também me tornasse hostil aos olhos de outras pessoas.
—Como você se chama?.—Ele pergunta mas fico o encarando meio receosa.
—Sara Pearl...—Falei baixinho então seu celular começar a tocar ele olha de relance para a tela e desliga em seguida.
—Bonito nome.—Não vi maldade em suas palavras.—Sara, onde você mora?.—Pergunta em seguida fazendo com que eu engolisse seco.
—Eu não tenho casa, também não tenho família.—Respondo fazendo ele ficar em silêncio como se estivesse pensativo me olhando.
Novamente seu celular toca e dessa vez ele se levanta e se afasta um pouco vai até a porta para atender.
—Diga.—Ele fica um tempo calado e então eu começo a analisar aquele quarto hospitalar analiso sua vestimenta também, ele usava roupas sociais e pela estrutura do quarto percebi era um hospital particular eu não entendia muito bem sobre isso, afinal eu não tinha uma visão ampla do mundo, por viver presa aquele quarto, mas eu sabia que tudo ali custava muito dinheiro. Era notável.—Eu resolvo isso outra hora, prepare o melhor quarto e compre peças femininas que caiba em uma jovem de aparentemente 16 anos.
O que? mesmo que ele não estivesse falando alto o suficiente eu consegui ouvi-lo muito bem. Logo ele desliga e volta sua atenção para mim e se aproxima novamente.
—Eu tenho 17.—Respondi e então ele fica meio surpreso por eu ter ouvido.
—Bom, não é um número tão distante.—Brinca.—Já que ouviu, provavelmente você não tem para onde ir, certo? então eu a levarei para minha casa até conseguir um lugar para ir. Tudo bem?
Porque?!! ele não parecia uma má pessoa, mas ainda sim, porque ajudaria alguém que não conhece? que apenas encontrou a mercê da rua? eu queria o questionar sobre isso, mas não o fiz. Porque eu não tinha escolha a não ser aceitar sua proposta.
—Obrigada.—Falei baixinho com minha voz dando indícios de que eu queria chorar.
Foi como luz no fim do túnel, que apareceu no momento em que eu estava mais perdida, e eu irei agarrar essa chance, porque eu estava sem rumo, sem direção. Pensei que viver na rua seria melhor do que morar naquela casa, mas não. O mundo está perdido.
—Eu estarei de volta logo, por favor repouse.—Ele pede e em seguida sai do quarto.
Então finalmente pude chorar, levei minhas mãos que estavam trêmulas até meu rosto o tampando. Mas eu estava feliz, era um choro de alegria, de esperança de alívio. Eu sei que não poderia depositar completamente minha confiança a um homem que eu se quer conheço direito, mas eu queria seguir minha intuição. E é o que vou fazer.
***
Não temos a capacidade de escolher bem a vida que queremos ter, afinal, se tivéssemos tal capacidade, eu não escolheria viver dessa forma, como filha de uma mulher narcisista. Eu me sinto como uma criança que finalmente está conhecendo o mundo, e como as coisas realmente funcionam nele. Não era mais um sentimento como de um pássaro preso a uma gaiola.
—Sara?.—Me virei para encara-lo já que eu estava de pé olhando da janela a cidade a fora.
Ele estava na porta segurando uma sacola em sua mão esquerda enquanto me olhava.
—Está se sentindo melhor?.—Pergunta e então retornei para a cama e assenti com a cabeça. Logo ele se aproxima e deixa a sacola em cima da cama.—Sairemos amanhã cedo, então trouxe algumas roupas para que você use. Não sei exatamente qual era o seu estilo, mas espero que se sinta confortável com o que eu comprei.—Diz.
Ele não sabe, mas a verdade é que eu se quer tinha roupas para usar, uma única vez que ganhei roupas na minha vida toda, foi quando eu tinha 13 anos, que foi da minha vó no dia do meu aniversário, ela nunca mais apareceu depois desse dia, e boa parte das roupas que ela havia me dado, minha mãe queimou, ou jogou fora com exceção das que eu escondi. Então eu geralmente usava roupas repetidas e apertadas o suficiente, já que não eram mais proporcionais ao meu corpo.
—Obrigada...—Falei com a voz baixa quase como um sussurro. Eu queria poder expressar melhor minha gratidão, mas não conseguia, ou melhor dizendo, eu não sabia como.
Ele sorriu e então me deixou a vontade saindo do quarto. Peguei a sacola que ele havia deixado perto, e abri puxando as roupas que haviam dentro assim que vi cada peça abri meus olhos completamente admirada! eram roupas que com certeza minha mãe NUNCA me deixaria usar.
Eu nunca tinha visto roupas tão bonitas de bem trabalhadas quanto aquelas, então novamente deduzi que fossem roupas de marca cara, só pelo tecido e pelos detalhes mesmo parecendo serem apenas roupas casuais. Eu não saberia descrever cada uma pelo simples fato de não entender nada sobre.
Pela primeira vez irei usar algo bom sem que seja destruído.
Passando-se as horas, eu guardei as sacolas de roupas e me ajeitei para tentar dormir, mas foi uma tentativa falha, chegava a noite e eu tinha o hábito de me encolher no meu canto. Eu não conseguia ter uma noite tranquila como uma pessoa normalmente tem, desde que eu era criança eu me agachava frente a porta do meu quarto e ficava fitando o céu estrelado da minha janela.
Eu costumava pensar com apenas 6 anos de idade: "caraca, como eu sou pequena" mas não se tratava do fato de eu ser apenas uma criança, mas da conjuntura diante do céu, eu era quase que insignificante, tanto como eu acreditava que era minha vida, eu passei a me interessar bastante pelo universo, e só podia entender sobre quando ia realmente para a escola, apesar de não ter feito amigos eu me afundava nos livros que haviam na biblioteca, me aprofundando a cada tema sobre a física quântica que é os estudos de átomos e partículas subatômicas, livros que tratavam sobre o comportamento dos sistemas físicos de dimensões reduzidas ou seja, de coisas extramentes minúscula e invisíveis ao nossos olhos! e percebi que há tantas curiosidade que eu tinha e tenho relacionadas ao universo e era como um escape eu ansiava que o dia passasse voando para que eu apenas ficasse no escuro do meu quarto olhando aquela vista.
E cá estou eu, pensando, será se algum dia conseguirei alcançar uma felicidade tão grande quanto a imensidão do céu? ou do universo?
é possível...?
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FanfictionFechei os olhos, e contei 60 segundos, acredito que mesmo sendo tão pouco tempo é o suficiente para mudar tudo. Sara Pearl, uma jovem californiana de 17 anos que desde que se entenda por gente cresceu sendo vítima de agressões e violência verbais p...