Capitulo 12

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Sara.

               Queria acreditar que eles não estavam ali simplesmente para me buscar no colégio, poderia existir um motivo a mais.

—Isaac?.—Any falou com a voz baixa me virei para encarar e podia ver o olhar das duas direcionada para cada irmão.

Eu com certeza estava por fora da relação que a família Smith poderia ter com as pessoas desse colégio, na realidade eu não sabia nada e nem queria, sabendo e aceitando que eu era apenas uma intrusa na vida deles.

—Que raridade ver você dois juntos.—Any fala.

—Sara?.—Olhei para Adam ao me chamar.—Vamos?.—Pergunta me olhando.

Eu queria entender a razão por ter vindo os dois me buscarem, eu acho que o correto seria apenas eu pegar um ônibus de agora em diante para voltar. Mas passa algum onibus pela aquela rua?

—Vocês viraram guarda costas?.—Ela pergunta e então vejo Lilian dando um leve tapa em seu braço esquerdo.

—Senti saudades, Any.—Isaac diz com tom de ironia.

Ela revira os olhos e então percebo que o olhar da coordenadora não desviava-se nem por um segundo de Adam.

—Ficou tudo bem. Não precisam se preocupar.—Ela diz.

—Obrigada Coordenadora Lilian, até amanhã.—Ele fala formalmente.—Vamos.

Caminhei junto com eles enquanto todos olhavam para nos três.

—Porque vieram os dois?.—Perguntei curiosa.

—Eu estava entediado.—Isaac diz com as mãos no bolso.—E queria matar a saudade do COB.

—Como foi o primeiro dia?.—Adam me pergunta.

Parecia que na verdade tanto Adam quanto Isaac estavam preocupados com algo a mais.

"Ficou tudo bem. Não precisam se preocupar."

Foi bom.—Falei e então eles se entreolharam e logo chegamos no carro. Adam assim como havia feito antes abriu a porta traseira para que eu entrasse. E então entrei, em seguida os dois também entraram e adam deu partida no carro.

Queria entende o porque desse tratamento, eu era uma pessoa qualquer no qual eles mal conheciam. Ainda sim, eram tão gentis comigo.

—Está com fome?.—Pergunta dirigindo.

—Não muita.—Respondi.

—Você gostou mesmo do Lorenzo, não é?.—Isaac por sua vez fala.

Olhei para ele e o mesmo me encarava como se estivesse bastante curioso. Isaac não sentou-se a frente com seu irmão, mas atrás comigo.

—Sim, gosto de conversar com ele.—Respondi sorrindo.—Ele me ensinou como fazer, ravi...—Mordi os lábios inferiores tentando me recordar do nome.—Ravioleo.—Isaac começa a rir.

—Ravioli.—Adam corrige.—Você gostou?.—Assenti com a cabeça enquanto ainda encarava Isaac vermelho de tanto rir.

—Desculpa.—Diz tentando se conter.—Isso melhorou 99% do meu dia.

Voltei a olhar para a janela pensando: nunca que eu iria poder me dar o luxo de comer algo daquele nível.

—Você tinha muitos amigos na sua antiga escola, sara?.—Isaac pergunta curioso.

Eu costumava dizer que meus "amigos" eram os livros, o céu, as estrelas. Era uma parte de mim que queria aceitar de alguma forma que eu não estava sozinha.
Apesar de que a solidão não é algo ruim.

Não, eu gostava de ficar só.—Respondi.

—Porque?.—Pergunta.—Porque gostava de ficar só?.—Ele fica um tempo calado.—Não acha que a solidão é algo triste?

Me pareceu que ele estava falando aquilo para ele mesmo.

—Isaac.—Adam o repreende.—Já chega.

Virei meu rosto para encarar ele, e o mesmo me olhava aparentemente ainda mais curioso.

—Sim, dizem que a solidão é algo ruim ou realmente um sentimento ligado a tristeza, de certa forma existem casos na qual realmente está ligado a isso.—Respirei fundo.—Na maioria das vezes as pessoas se vêem solitárias em momentos de transtorno e desamparo, e realmente há infinitas razões pela qual nos sentimos sozinhos, quando existem situações na qual não podemos dividir com alguém nossos problemas ou desabafos.—Fiquei um tempo calada lembrando de todas as vezes que eu implorava aos céus que eu pudesse apenas ter alguém que me ouvisse ou me concedesse apenas um colo para chorar, longe daquele lugar, porque nem isso eu podia fazer ali, mas eu repensei muito sobre isso, as vezes ficar sozinho não é tão ruim.—Mas pra mim a solidão é algo necessário, não devemos ter dificuldade de aprender a lidar com nossa propria companhia, é assustador? talvez, mas para mim se tornou algo imprescindível.

O silêncio tomou conta no carro. Eu não queria que ficasse esse clima até chegarmos na mansão, eles não sabiam um terço da minha vida, assim como eu também não sabia da deles. Então provavelmente devem estar se questionando porque uma garota de apenas 17 anos, teria esse tipo de pensamento.

—Vocês estudavam na COB?.—Era uma pergunta meio óbvia mas eu apenas queria que surgisse um assunto no meio daquela silêncio ensurdecedor.

Vejo Adam suspirar aparentemente aliviado por eu ter trazido algum assunto.

—Sim.—Isaac responde.—Nos quatro.

"Nos quatro?"

Inclusive, Adam estudou com a coordenadora Lilian, os dois se conhecem muito bem.—Isaac completa em tom de provocação.

—Cala a boca, Isaac.—Isaac ri.

Como eu imaginava, eles talvez tivessem tido algum laço forte. A coordenadora não o olhou como apenas um amigo que ela não via a muito tempo, mas como uma mulher apaixonada a tempos.

Ele foi contando um pouco de como era sua vivência na escola, sem citar mais nada de Adam e logo chegamos na mansão. Assim que saímos do carro caminhamos para a parte de dentro, e ao adentrarmos, vejo o Senhor Fabricio sentado na sala de estar naquele enorme sofá curvo, ele estava de lado e havia mais uma pessoa sentada la, de costas. Um homem.

Ele estava com uma expressão séria no rosto, e ao notar minha presença ele respira fundo tentando relaxar novamente, e se levanta.

—Sara! como foi seu primeiro dia de aula?.—Pergunta abrindo um sorriso.

Nem parecia que a poucos minutos estava tão sério.

—Estou de saída.—Adam diz e antes de sair toca no meu ombro.—Até amanhã, sara.—Ele sai sem falar se quer um "Oi" com o seu pai. Então o Sr Fabricio novamente respira fundo. E puxa seu pulso para ver as horas e volta a encarar a pessoa no sofá.

—Essa conversa ainda não terminou.—Diz o Sr fabricio.

—Pra mim acabou.—Sua voz era grossa e um pouco roca, e quando ele se levantou se colocando de frente para o Sr Fabricio e então percebi que ja tinha o visto antes.

A pessoa da moto, pelo menos a estrutura corporal era a semelhante. Ele vira um pouco o rosto e então me olha. Seu olhar era sério, marcante. Eu não tinha visto seu rosto antes, por conta do capacete. Mas agora eu podia ver perfeitamente. Seu cabelo era um castanho escuro combinando com a cor dos olhos, ele não tinha nenhum traço do Sr fabricio, mas aparentemente era mais um dos seus filhos.
Ele era absurdamente bonito.

Mas me olhava com um completo desprezo.

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