Capitulo 13

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Sara.

Algo que aprendi com o tempo foi sobre o olhar principalmente quando através dele eu consigo enxergar um vazio que vem da alma. E era dessa forma que eu enxergava no olhar dele, um olhar frio, vazio e sobretudo um olhar que escondia muito sobre si.

Ele finalmente muda o campo de visão e caminha até as escadas subindo elas. O Senhor fabricio parecia completamente frustrado com a situação, e mais ainda pelo fato de eu estar ali.

—Desculpa sara.—Diz me olhando.—Está se sentindo bem?—Pergunta preocupado.

—O que o Dylan faz aqui?—Pergunta Isaac.—Pensei que ele tivesse ido embora de vez.

Isaac chega próximo ao sofá se jogando em seguida enquanto encara seu pai por uma resposta.

—Isaac, outra hora.—O Senhor fabricio diz sério.—Suba, vá tomar um banho, imagino que esteja cansada.—Ele diz.

Agradeci mentalmente por isso e então caminhei em direção as escadas e subi para ir ao quarto. Só que ao chegar no corredor parei ao notar aquele cara escorado bem ao lado daquela porta preta, de braços cruzados encarando com aquele mesmo olhar a porta do quarto que eu dormia. Comecei a caminhar, em direção a porta mesmo que receosa.
Ele me encara, ao chegar próximo da porta como se esperasse apenas uma brecha para falar algo. Mas não fiz, me virei de costas para abrir a porta.

—Acho melhor ir embora.—Diz com o tom de voz sério e autoritário, enquanto minha mão ainda estava na maçaneta prestes a gira-la.

Fiquei um tempo parada, e então me virei para encara-lo. Ele permanecia da mesma forma escorado e de braços cruzados.

—Ou vai descobrir que veio parar em um lugar tão ruim quanto o inferno.—Parecia que de alguma maneira aquilo não era mais como um alerta, e sim uma ameaça.

—"Tão ruim quanto o inferno?"—Repeti e fitei o chão ouvindo essa frase ecoar na minha cabeça então voltei a encara-lo.—Então talvez eu me familiarize, afinal, eu já vim desse mesmo lugar.—Vejo sua testa levemente se franzindo com minha resposta.

—Então vamos ver...—Ele se desencosta da parede e em passos lentos vem se direcionando até onde eu estava me obrigando a recuar até encostar completamente na porta. Prendi a respiração com sua proximidade, seu corpo e rosto estavam a centímetros do meu, e aquilo tava me causando um desespero e uma agonia interna, completamente sufocante, pois tudo me trazia a memória do que bryan iria fazer comigo naquela noite.—...Se você vai realmente se familiarizar.—Diz me encarando, meu rosto provavelmente estava trêmulo com ele tão perto, era evidente o meu medo, se sua intenção era me intimidar ele com certeza conseguiu seu objetivo.—Foram cinco...não, seis...—Diz aproximando sua boca perto do meu ouvido.—ou melhor, sete.—Tentei sair rapidamente de lá mas ele de forma ágil me puxa me escorando bruscamente no mesmo lugar segurando e apertando meus dois braços com sua mão.—Foram daqui, direto pro cemitério.—Eu estava ofegante, me tremendo e se quer sabia porque ele estava fazendo aquilo, e do que estava falando. Mas sei que ele estava de alguma forma querendo que eu me rendesse, e fizesse o que ele queria: ir embora.

Olhei seria para cara dele mesmo que eu estivesse com medo, eu já lidei com coisas piores, e foi o Senhor fabricio que me concedeu esse lar temporário, pois eu não tinha onde eu cair morta.

—Me solta.—Falei séria me rebatendo mas sua força era absurda.—Que seja então daqui pro cemitério, se tem uma coisa no qual eu não tenho medo, é da morte.—Olhei para lado pois seu olhar no fundo dos seus olhos já estava de certa forma me deixando sufocada.

Sinto suas mãos lentamente parando de pressionar os meus braços. Mas ele não soltou.

—Lembre de engolir essas palavras, quando se encontrar perto dessa condição.—Ele finalmente solta meus braços e naquele momento foi como se a todo momento eu fosse realmente morrer, mas sem ar. Eu respirei fundo ele se vira e entra naquele quarto.

Eu ainda estava imóvel, meus braços doíam.
cinco, seis, "foram sete"? o que ele quis dizer com isso? porque esse lugar é pior do que o inferno? eu não vi nada demais aqui, ainda sim tem tanta coisa que parece omitida, e agora mais do que nunca pretendo arranjar um emprego para sair daqui. Essa é a única maneira de eu não descobrir sobre o que ele estava falando. Além disso, parece que a convivência de pai e filhos nesse lugar não é tão boa, eu não quero me envolver.

Entrei novamente no quarto e fui passar um hidratante, meus braços ficaram com as marcas dos seus dedos, de tão forte que ele estava me apertando, seus braços eram musculosos então não me admira sua força. Mas eu preciso manter distância desse cara. Por mais que seu quarto seja justamente em frente ao meu.

Ele não me trás uma boa sensação.

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