Sara.
Uma única vez que uma pessoa falou comigo de forma amigável, sem que se deixasse abalar por essa "Áurea" de uma pessoa hostil que eu acreditava que existisse em volta de mim, foi um garotinho eu tinha 6 anos, e ele 7. E o que fez ele se aproximar de mim, é um pouco inusitado e preocupante pensando agora.
Ele viu meu braço roxo e por pura inocência disse que era sua cor favorita, mesmo sem saber a origem daquela marca. Mas ele a transformou como algo bom, e naquele único dia eu passei a ver apenas como uma cor preferida, algo que me machucou tanto.
—Não precisa ficar tão apreensiva.—Diz levando a torrada com geleia de pêssego e azeite (?) até a boca.
Eu o encarava, para ver que expressão ele faria ao provar aquela combinação, mas aparentemente era algo que agradava ao seu paladar. Eu me pergunto que gosto tem geleia de pêssego com azeite...
—Prove.—Era como se ele tivesse acabado de ler meus pensamentos, pois puxa outra torrada e passa a geleia e o azeite por cima em seguida estica para que eu pegue.
Mesmo que um pouco receosa de comer aquilo, peguei olhando e duvidando de mim mesma se eu realmente iria fazer isso. Ergui o olhar e ele aguardava enquanto me encarava querendo rir.
—Eu estava brincando—Mordi a torrada antes mesmo de raciocinar o "eu estava brincando" ele me olha surpreso, não esperava que eu fosse realmente comer.
E era estranhamente bom.
—É bom.—Confessei como se fosse para mim mesma. Até porquê eu estava impressionada por ter gostado.
Ele sorrir mesmo que não tivesse esperando por isso.
—Você comeu mesmo.—Diz admirado.—E ainda gostou.
—Sim, é muito bom por sinal.—Dei mais uma mordida enquanto ele permanecia apenas me olhando. Ele puxa o copo a minha frente e enche com suco de laranja.—Beba.
Ele era bem gentil, assim como seu pai. Conseguiu tirar todo aquele desconforto que eu estava sentindo naquele momento. Seu sorriso era preenchido por uma simpatia.
—Como descobriu?.—Levanto a torrada fazendo menção a combinação.—Decidiu simplesmente misturar os dois e provar?.—Perguntei curiosa e então dei mais uma abocanhada.
—Sim, gosto de experimentar coisas diferentes.—Diz pegando o bolo e tacando leite por cima e a geleia logo em seguida.—Franzi a testa ao ver ele pegando um pedaço com o garfo e levando até a boca, ele gostou...
Mas ao ver minha cara ele começa a rir, pega o pano e limpa a boca. Esse eu claramente não quero provar.
—Não gosta de se arriscar?.—Pergunta se curvando um pouco para trás e ajeitando sua postura.
—Me arriscar de que maneira?.—Ele arqueia um pouco a sobrancelha como se sua pergunta fosse óbvia demais. Mas então relaxa o rosto novamente.
—O que costumava fazer antes, que pudesse considerar arriscado?.—Ele reformulou sua pergunta.
Não queria falar sobre mim, sobre meu passado e sobre o que eu considerava arriscado porque para mim viver daquela forma, naquela casa, ja era um risco, acordar todos os dias, pensando que a qualquer momento eu poderia ser morta por espancamento, ou abusada pelo namorado da minha mãe ou talvez pelo infortúnio de morrer de fome.
—E então?.—Pergunta esperando a resposta.
—Não quero correr o risco de responder a isso.—Ele fica um tempo digerindo o que eu respondi ele realmente poderia estar esperando qualquer coisa, menos essa resposta não condizente.
—Você é imprevisível.—Diz sorrindo.—Soube que vai começar a estudar, então posso deduzir que tenha 16 anos? não queria ser inconveniente, mas tenho curiosidade.—Ele não tem ideia do quanto agradeci mentalmente por ter desviado o assunto.
—Na verdade, tenho 17, será meu último ano escolar.—Ele balança a cabeça assentindo.
—Entendo, que bom!.—Diz sorrindo.
Ele está sempre sorrindo.
—Uau!.—Adam olha por cima da minha cabeça.—Quem diria você comendo aqui.—Logo alguém se senta do meu lado.
Isaac.
Ele vira o rosto para me encarar. Seus olhos pela manhã pareciam mais claros, mas eram pequenos. Seus lábios bem rosados. Ele ri.
—Ouvi a parte de que você tem 17 anos.—Diz.—Olhando assim para mim vai me fazer ficar apaixonado.
Adam ri dessa vez.
Ele estava muito perto, claro, estava bem ao meu lado. Mas sempre que algum homem seja quem fosse chegasse nesse nível de proximidade comigo me deixava sufocada de tal modo que nem eu pudesse controlar.
—Isaac, porque não senta aqui, do lado do seu irmão mais velho?.—Adam pergunta.
—Gosto de me sentar ao lado de uma pessoa bonita.—Diz e logo pega uma maça para comer.
—Olha quem fala, você comendo aqui também.—Adam diz.
Esse tipo de alfinetadas que os dois deram um no outro, só confirmou minha teoria, eles não comiam ali, não sei o motivo. Mas agora eu tinha essa certeza.
—Bom, agora temos a sara aqui.—Isaac dar uma mordida na maçã me olhando e desvia seu olhar para minha mão.—O que é isso?.—Pergunta.
—Torrada com geleia e azeite.—Ele fez uma careta fazendo com que eu e adam ríssemos juntos.
Acabou que ficou os dois ali, me descontraindo de alguma maneira, percebi que eles eram bem unidos, até na forma como conversavam, havia ali um carinho meio despercebido dos dois.
—Soube que Dylan deu as caras ontem.—Isaac fala.
Adam apenas o encara como se transmitisse algo apenas com o olhar, fazendo Isaac entender na mesma hora.
—Então sara, ja sabe onde vai estudar? posso ir com você?.—Isaac pergunta cortando o assunto anterior rapidamente.
—Como você poderia? já se formou.—Adam diz.—E ainda não tirou sua carteira de motorista.—Isaac o fuzila com os olhos.—Mas eu posso levá-la caso precise de carona.—Ele se levanta.
—Claro.—Respondi
Foi bom ter os dois ali, apesar de que ainda queria que Lena e Lorenzo pudessem se juntar também. Mas não posso questionar as diretrizes que eles seguem.
[...]
—O que acha?—Pergunta dos matérias que estavam postos na escrivaninha.
Eram muitas coisas.
Será mesmo um palácio?—Lena, não é necessário tudo isso.—Falei olhando para às diversas canetas e marca-textos de diversas cores entre a pila de cadernos novos.
—Claro que é, e você vai ver como é.
Minhas aulas iriam começar logo, e eu estava de alguma forma, muito nervosa.
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FanfictionFechei os olhos, e contei 60 segundos, acredito que mesmo sendo tão pouco tempo é o suficiente para mudar tudo. Sara Pearl, uma jovem californiana de 17 anos que desde que se entenda por gente cresceu sendo vítima de agressões e violência verbais p...