Capítulo 05

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Vanessa Aguiar

Eu começo a perceber que não morri quando sinto minha cabeça doendo, meu corpo parece ter sido passado em um moedor. Mas pior do que tudo o que eu estou sentindo, são as lembranças que invadem a minha mente, eu peguei em uma arma, eu atirei, defendi o dono do morro e tudo sem qualquer explicação. E isso me dá um estalo na mente. Onde eu estou e o que aconteceu?

Sento de uma vez atordoada, isso faz com que eu sinta ainda mais dor pelo corpo e de cabeça. Olho ao redor tentando entender onde estou, como vim parar aqui. Eu lembro que estava saindo sendo acompanhada por um cara e depois não lembro de mais nada, será que eu desmaiei?

— Vanessa? — Escuto a voz da Laura e a vejo da porta com os olhos arregalados e uma expressão preocupada — Finalmente você acordou, está se sentindo bem?

— Com um pouco de dor, confusa, onde eu tô e o que está acontecendo? — Pergunto ficando de pé — Nós temos que ir embora para casa antes do meu pai chegar no plantão.

— Já são quase seis da manhã, nem se corrermos chegamos a tempo — Ela fala um pouco tensa, e eu arregalo os olhos, isso é uma droga, o que eu vou fazer? — Você desmaiou, e pouco depois o Elfo apareceu falando que qualquer pessoa que te incomodasse iria sofrer as consequências, nem eu pude tentar te acordar. O que aconteceu quando você sumiu?

— Muita coisa — Respondo sendo evasiva e respiro fundo pensando no que fazer — Nós temos que sair daqui logo, não importa que a gente chegue depois, vamos direto para a sua casa, porque sei que o meu pai não vai ficar muito irritado se ele tiver que me buscar lá, porque ele vai me procurar.

— Seu pai é um idiota controlador — ela fala e eu aceno concordando — Mas ainda assim temos um problema.

— Eu não aguento mais problemas — Reclamo prendendo o cabelo em coque — Qual é?

— O Elfo mandou que você ficasse aqui até que ele pudesse falar com você — Ela explica e eu rio alto.

— Que piada é essa? Ele acha que manda em mim? — Pergunto muito nervosa — Laura, eu não posso e não vou ficar aqui, é a droga de um tiro no pé. Você conhece o meu pai, você sabe disso.

— Eu não sei o que fazer, eu juro — Ela fala com a voz embargada — Me desculpa por ter feito isso, eu não deveria ter vindo com você para cá, não sabia que isso tudo ia acontecer.

— Respira Laura, já viemos e já aconteceu, e agora temos que resolver a situação, é só isso — Falo indo até a minha amiga e segurando no seu ombro — Mantém o foco, porque nós temos que ir para casa.

— E não podemos falar sobre os nossos pais — Ela diz baixinho — Não ficaria bem a filha de um delegado e de uma juíza aqui, então vamos evitar a confusão.

— Certo, mas agora podemos sair desse quarto? — Pergunto e ela assente — Você está com as minhas coisas?

— Sim, e o seu celular está ali — Ela indica uma mesinha perto da cama — mas tem gente lá fora, não vão nos deixar ir embora só porque queremos ir embora.

— Não apavora, vamos agir com calma — Falo enquanto pego o meu celular e vejo meu cartão ainda dentro da capinha, pelo menos não perdi ele e vou poder pagar um táxi para casa.
— Você tem muito mais controle emocional do que eu — Ela diz enquanto respira fundo e devagar — Estou no meio de um surto, porque eu sei que é tudo culpa minha.

— Está tudo bem, não importa o que aconteça — Consolo ela, não quero que ela se sinta mal por algo tão fora do controle dela. Ela não foi a responsável pela invasão no morro que atrapalhou a festa e muito menos tem culpa pelas atitudes do meu pai — Vamos para casa.

Anatomia do Caos - MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora