Capítulo 52

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Vanessa Aguiar

A Laura estaciona o carro em uma vaga perto da delegacia e eu respiro fundo, sei que não vai ser legal ou fácil, mas é o que tem que ser feito para acabar com essa droga de acusação, meus pais estão completamente loucos.

Desço do carro junto com as meninas, temos que ir lá logo, Laura manda uma mensagem para o Gota, avisando que já estamos aqui, mas no mesmo momento o Elfo e ele passam por nós, devagar e um com um vidro abaixado, o silêncio é estranho agora, porque a vontade que eu tenho é de gritar até perder a voz.

— Vamos até lá — A Manuela fala e eu suspiro.

— Vamos, melhor não ficar enrolando muito para podermos nos livrar disso logo — Falo.

Caminhamos até a delegacia e eu respiro fundo, sei que as coisas não serão fáceis, mas não tem o que fazer, esse é o momento de resolver isso, é só conversar, mostrar que não estou correndo nenhum perigo, como se eles não soubessem disso. A questão é que Roberto foi longe demais, eles enlouqueceram, será que posso interditar eles?

Entramos na delegacia e eu caminho até a recepção, tem um homem com a expressão que me olha muito sério quando paro diante da mesa, e eu puxo o ar para dentro, preciso resolver isso logo.

— Bom dia, como posso lhe ajudar? — Ele pergunta educado, apesar da expressão ruim.

— Bom dia, meu nome é Vanessa Aguiar, eu estou aqui porque tem uma notícia rodando de que eu fui sequestrada e eu quero desfazer esse mal entendido — Explico e ele fica em silêncio um pouco.

— Você pode aguardar um pouco? — Ele pergunta ficando de pé.

— Claro, estaremos sentadas ali — Respondo, indicando umas cadeiras próximas da parede.

— Certo — Ele fala e começa a se afastar — Eu já volto.

Eu caminho até as cadeiras e me sento, a Laura e a Manuela se sentam comigo. A gente fica em silêncio, sentindo a tensão nos rodear, tá tudo horrível. Eu só quero que isso acabe logo, quero ir para um lugar que eu me sinta realmente segura e não é aqui, não onde eu sinto como se o meu pai fosse aparecer a qualquer momento e me arrastar para algum lugar. E eu definitivamente não quero isso.

— E agora? O que a gente faz? — A Manuela pergunta baixinho, sua expressão é preocupada.

— Agora a gente espera, porque eu vou ter que falar com eles, e a Laura também, tenho certeza — Respondo e olho para a Laura — Cadê o advogado que deveria estar aqui?

— Preso no engarrafamento — Ela responde com a voz embargada.

— Mantenha a calma, não é momento para desespero — Falo olhando séria para ela — Respira fundo e devagar.

— Eu não sei o que fazer, parece que o mundo está desabando, não sei o que fazer — Ela diz quase chorando.

— Manda uma mensagem para a sua mãe, tenho certeza que o que quer que aconteça, ela vai ficar ao seu lado e cuidar de você — Falo segurando a mão dela, tentando passar alguma confiança para ela e depois olho para a Manuela — O mesmo vale para você, se algo sair fora do esperado, saia daqui o mais rápido possível e vá embora, sério, deixa o seu número de emergência acionado, não gosto de pensar que o pior pode acontecer, mas não vamos ser tão sonhadoras a ponto de achar que tudo vai ser perfeito.

— Você também não pode ser tão pessimista — Ela fala, e não parece tão assustada quanto a Laura.

— Não é sobre ser pessimista, é sobre ser realista — Respondo séria — Melhor plano extras que nos mantém seguras do que ficarmos por conta da sorte, e a gente já sabe que eu não tenho muita sorte.

— Isso você tem razão, você é a personificação do azar — Ela diz e eu suspiro dando de ombros.

Eu fecho os olhos me encostando no encosto da cadeira e fecho os olhos, eu sou realmente muito azarada, porque nasci em uma família de classe social mais elevada que a maioria das pessoas, mas tive pais tão loucos e abusivos que faz com que o dinheiro não valha a pena, e pensar que eles teriam coragem de matar de por não seguir as regras malucas deles. Não que eles já tenham falado em me matar, mas não precisa ser muito esperto para saber que o próximo passo depois dos espancamentos é a morte.

— Com licença — Escuto uma voz masculina e abro os olhos vendo o recepcionista ali — Vocês vão ter que entrar separadamente para conversar com o delegado.

— Eu acho que eu vou primeiro, faz mais sentido se eu for logo e explicar o que aconteceu, já que a Laura não tem nada a ver com isso — falo ficando de pé.

— As três vão ter que entrar para falar com o delegado e o escrivão, mas vocês não vão poder mais ficar sentadas juntas dessa forma — Ele diz sério e eu arqueio a sobrancelha — E ele pediu para começar por ela.

— A Manuela? — Pergunto confusa — Mas por que? Qual o sentido disso?

— Você estava sendo procurada por sequestro, temos que averiguar todas as possibilidades — Ele responde firme — Temos que saber se está aqui porque quis ou porque lhe trouxeram sob ameaças.

— Está tudo bem — A Manu diz ficando de pé — Eu vou.

— Mas isso está errado! — Exclamo com raiva, eu não pensei na possibilidade das coisas ficarem ainda piores.

— Sério, não tem problema, eu sou inocente de qualquer acusação, vai dar tudo certo — Ela fala tranquila.

— Certo, então vamos — Ele diz e olha para mim — E você senta dali, não é para ficar conversando.

Eu troco um olhar significativo com a Laura e vou completamente contrariada para o lugar que ele mandou, estou quase tremendo de raiva, mas não vou fazer escândalo ainda, vou esperar para ver até onde isso vai.

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@thainarro

Anatomia do Caos - MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora