Capítulo 84

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Vanessa Aguiar

Acordo me sentindo meio grogue, mas tudo bem porque isso definitivamente é uma coisa comum, eu nunca acordo realmente bem, abro os olhos me deparando com a claridade de um quarto hospital e resmungo baixinho, como eu queria estar em um quarto bem escuro e em uma cama bem confortável que de preferência tivesse o Elfo junto comigo.

Mas a minha situação nem é tão ruim quanto a da Laura, minha amiga está dormindo em um sofá de dois lugares toda encolhida e a coberta ainda caiu do seu corpo, queria poder me levantar para ajudar ela a se cobrir, mas estou presa na cama. Será que algo de ruim acontece se eu tentar?

Começo a me sentar na cama e a porta é aberta e o médico me olha negando com um aceno, é eu acho que eu não podia fazer isso, mas eu nem tentei levantar da cama.

— Você não pode se levantar ainda — Ele me alerta enquanto se aproxima.

— Eu só ia levantar rapidinho — Tento explicar, mas ele nega mesmo assim.

— Você precisa tirar o soro antes de se mexer desse jeito, ou vai se machucar — Ele explica — E você ainda pode ter alguma vertigem ou tontura, então a resposta é não, você não pode se levantar ainda.

— eu ainda vou ficar aqui muito tempo? Com esse trem me furando? — Pergunto um pouco emburrada e vejo a Laura acordando. Além de não conseguir cobrir ela, ainda a acordei.

— Está tudo bem? — A Laura pergunta coçando os olhos.

— Com a Vanessa, sim, ela terá alta mais tarde — O médico responde e eu percebo uma coisa na fala dele que me intriga.

— Quem não está bem? — Eu pergunto e ele me olha confuso — Você disse "com a Vanessa sim", com quem não?

Ele fica em silêncio e respira fundo, certeza que não vem boa notícia daí. Será que aconteceu alguma coisa com a Carol? Eu realmente espero que não, mas ele não abre a boca e isso está começando a me apavorar. 'Ele precisa começar a falar!

— Eu preciso que você esteja calma, ok? — Ele pede e eu deixo uma risada soprada escapar, não é possível que ele esteja falando isso depois de me deixar ainda mais nervosa

— Eu só preciso que você fale logo — Eu peço e ele acena concordando — Quanto mais direto você for, mais eu agradeço por isso.

— Seu pai não resistiu a nova cirurgia, as feridas estavam muito infeccionadas e não conseguimos tratar como deveria — Ele fala e eu fico olhando para ele completamente sem reação — Lamentamos muito a morte dele e prestamos nossas condolências.

— Roberto morreu? — Pergunto em completo choque, sem acreditar bem no que estava ouvindo. Eu sabia que ele estava mal, me falaram quando eu cheguei e tudo, mas eu não imaginava que a Eliza deixaria o próprio marido morrer, o que aconteceu com aquela mulher? é tudo muito... bizarro.

—Sim, lamentamos verdadeiramente sua perda — Ele diz e eu aceno sem dizer nenhuma palavra — Qualquer coisa que precisar, basta chamar um enfermeiro ou auxiliar.

— Eu só queria conseguir me mexer melhor, pede para alguém tirar esses trem de mim, por favor — Eu peço e a minha voz sai mais baixa do que eu gostaria.

— Pode deixar, com licença — Ele diz e sai da sala.

Eu e a Laura ficamos em silêncio encarando ele sair daqui para que a gente possa conversar. Eu realmente odiava aquele homem e tudo de ruim que ele fez na minha vida, mas eu não esperava que algum dia ele fosse morrer assim. Sempre achei que, por mais louca que a Eliza fosse, eu acreditava que ela amava ele.

Anatomia do Caos - MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora