Capítulo 16

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Vanessa Aguiar

Deixo ele guiar o beijo, deixo ele me tocar como quer, até esqueço onde estamos. Só sinto uma vontade enorme de não parar, não sei o que ele fez com a minha cabeça, porque eu nunca imaginaria que a minha noite acabaria assim, mas agora tudo o que eu quero é me perder um pouco mais nele e com ele.

Mas o clima é quebrado completamente pelo toque no meu celular que me faz assustar, como se estivesse me puxando de volta para a realidade, uma que eu não queria estar. Meu pai tem um toque específico e por isso sei que é ele quem está me ligando. E isso me deixa completamente frustrada.

— Ignora o telefone — Ele diz contra os meus lábios, e minha vontade é de realmente fazer isso, mas eu ainda não me recuperei completamente da última surra, não vou passar por outra.

— Eu não posso, eu realmente preciso atender — Falo empurrando ele sutilmente para longe de mim — É meu pai e ele fica muito muito irritado quando eu o ignoro, e eu não vou arrumar uma briga com ele.

— Tudo bem — Ele diz um pouco frustrado e alcança a minha bolsa para mim.

Eu me sento enquanto pego o celular, percebo que o dia não está longe de amanhecer porque já consigo ver um fio de luz do sol surgindo muito distante no horizonte. Olho para a tela do meu celular e me sinto frustrada.

— Oi pai — Digo ao atender a chamada — Pode falar.

— Onde você está, Vanessa? — Ele pergunta com a voz grave e eu sinto que vou ter problemas.

— Na rua, minha mãe deixou que eu fosse para a festa — Eu falo, mas se ele está me ligando é porque sabe de alguma coisa, eu sempre me fodo naquela casa — Aconteceu alguma coisa?

— Aconteceu que você não está onde disse que estaria — Ele responde e meu coração gela.

— Eu vim a praia com um amigo para conversar, mas já estava voltando para casa — Respondo rápido e o Elfo me olha com as sobrancelhas arqueadas — no máximo em uma hora estou em casa.

— Você tem cinquenta minutos para estar aqui — Ele avisa e eu respiro fundo já me levantando — Se eu sair para o meu plantão e você não estiver em casa, quando eu voltar...

— Eu sei, eu sei, eu vou estar aí a tempo — Falo sentindo uma vontade de chorar me consumir.

— Ótimo — Ele responde e desliga a chamada. Eu conto até dez mentalmente e solto o ar que eu nem mesmo percebi que estava segurando. Às vezes, acredito fielmente que o meu pai me odeia.

— Você tem que me levar para casa, agora — Falo limpando a areia do meu corpo.

— Mas ainda temos muita coisa para fazer — Ele diz em um tom sugestivo e eu nego.

— Eu tenho menos de cinquenta minutos para estar em casa — Eu repito sem humor — Se você não me levar, eu vou arrumar um uber, um táxi, até peço carona no meio da rua, mas eu tenho que ir agora.

— Morreu alguém para você estar com toda essa pressa? — Ele questiona se levantando.

— Eu vou morrer se não chegar a tempo — Respondo e me abaixo para recolher o lixo que a gente espalhou.

— Até parece — Ele fala e eu reviro os olhos, estou sem tempo para lidar com a provável frustração sexual dele.

— Não deu para gente transar, ainda bem, porque eu estava me deixando levar e aqui tem muita areia, mas eu não posso lidar com sua frustração, não tenho tempo para isso — Falo impaciente voltando a ficar de pé — Então, como vai ser? Vai me deixar em casa ou eu posso começar a procurar outro meio de chegar lá?

Anatomia do Caos - MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora