Capítulo 12

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Capítulo 12

Vanessa Aguiar

Tiro outra foto minha para postar no meu instagram, eu tenho quase cem mil seguidores, acho que vou começar movimentando as minhas redes sociais por aqui já que já tenho algum engajamento. Ainda estou muito confusa sobre como isso funciona, por isso vou só começar a conversar com as pessoas, postar fotos e vídeos e ver no que vai dar, uma hora algo tem que dar certo na minha vida.

Me olho mais uma vez no espelho e sorrio sem vontade, odeio que já seja sábado, odeio que eu esteja sendo obrigada a ir, mas pelo menos estou muito bonita. Meu cabelo preto está preso em um coque elegante, e o vestido de seda vermelha ficou lindo em contraste com a minha pele bronzeada. Pelo menos chamar a atenção de todo mundo por onde eu passar, eu vou. Linda e cheirosa, e completamente contrariada.

— Está pronta? — A Eliza pergunta ao abrir a porta do quarto, sem nem mesmo se dar o trabalho de bater antes.

— Estou sim, já está na hora de ir? — Pergunto virando o meu olhar para ela.

— Está, vamos descer que o seu pai já está esperando na sala — Ela avisa e  eu aceno.

Pego minha bolsa brilhosa que combina perfeitamente com o tom do meu vestido e saio do meu quarto acompanhando a minha mãe, ela começa a tagarelar alguma coisa sobre bom comportamento e que eu deveria me enturmar melhor, até mesmo dar moral para algum político, mas eu apenas ignoro toda essa conversa, ela não vai conseguir me vender como um peixe na feira. Já basta tudo que eu ando precisando suportar aqui.

— Estamos quase nos atrasando, andem logo — Roberto diz impaciente enquanto olha no relógio.

— Não estamos atrasados e já podemos ir — Eliza responde tranquila — E o Motorista já está nos esperando.

— Ótimo, porque eu não tinha a intenção de dirigir hoje, quero beber um pouco — Meu pai diz.

Eu acompanho eles em silêncio. É estranho não ter nada para conversar com os pais, eu acho que isso é até ruim, mas o que eu posso fazer quando foi essa a relação que eles escolheram estabelecer entre nós?

Entro no carro e fico olhando pela janela, a cidade do Rio é linda. Movimentada a todo tempo, e eu gosto de ver as pessoas enquanto passo de carro, sempre imagino que tipo de vida elas levam e tenho certeza que algumas pessoas devem fazer isso também quando veem o carro passando, acho que faz parte da curiosidade.

Mas quando mais o carro anda, mas sei que estamos nos aproximando do local do evento, e só de pensar nisso sinto vontade de chorar, preferiria ficar em casa olhando para o teto a ter que lidar com tanta gente falsa e hipócrita no mesmo lugar, mas eu já faço isso dentro de casa, vou me sair bem.

— Seja educada, sorria e não revire os olhos para ninguém — Meu pai alerta, mas tenho certeza que a Eliza já me disse isso — Eu não quero perder a paciência com você hoje.

— Vou me comportar tal qual uma princesa — Respondo e ele me olha com os olhos semicerrados.

— É exatamente isso que eu espero de você — Ele rebate sério.

Tento ignorar, não é a coisa mais fácil, mas também já estou tão acostumada com isso que já não me afeta da mesma forma que antes. O motorista estaciona o carro na entrada do evento, e um funcionário abre a porta do carro. Eu mesmo teria feito, mas conheço meus pais o suficiente para saber que depois reclamariam que eu não estava sendo elegante o suficiente. Isso é chato e muito cansativo.

Entramos no salão do evento, e meus pais são cumprimentados por algumas pessoas, a falsidade está no ar. Sinto vontade de apenas ignorar todo mundo, mas sei que isso não seria bom para mim. E quase respiro aliviada ao ver a Laura em um canto da festa conversando com mais alguns colegas, ao menos não vou estar sozinha aqui.

Anatomia do Caos - MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora