Vanessa Aguiar
A Beatriz parou de chorar, mas está deitada olhando para o teto de um jeito assustador, me pergunto se devo falar com ela, ou se é melhor eu continuar calada. Até porque eu tenho certeza que a gente vai brigar e eu estou de saco cheio de brigas.
Eu queria conseguir sair daqui e fugir, mas eu não sei se a Beatriz toparia tentar algo, foda que eu não sei onde a gente tá, porque se o Drogo nos trouxe para o território dele, isso significa que estamos muito perto do território do Elfo, dependendo da localização, mas ainda assim, se a gente conseguisse sair daqui ja era bom.
Estar sob o controle dele significa estar correndo muito perigo, significa que estamos diante de situações horríveis, as quais eu definitivamente quero evitar ser expostas ou passar, porque eu não estou pensando só na violência física ou nele matando a gente, ele pode fazer coisa muito pior e eu não quero testar a coragem dele para isso.
Drogo já deu provas o suficiente de que ele é um escroto nojento, e eu quero ir para o mais longe daqui e dele. Eu quero tanto conseguir voltar para casa, quero tanto me sentir segura e protegida, mas simplesmente tudo dá errado, sempre.
Agora que eu tinha conseguido informações sobre onde a Carol está, agora que eu ia poder tomar uma atitude para ajudar ela, estou presa. Que sina é essas das irmãs Aguiar que vivem em cárcere privado? Eu só queria um pouco de liberdade e nem estou pedindo muito.
— A gente vai morrer aqui? — Ela pergunta virando o rosto em minha direção.
— Eu realmente não quero morrer aqui — Respondo e vejo ela respirando fundo — No que está pensando?
— Que eu nunca deveria ter ido te procurar, que a minha mãe estava certa e que eu não deveria me envolver em problemas alheios, pensando em como eu gostaria de estar na minha casa agora, deitada na minha cama e mexendo no meu celular — Ela suspira — Eu não achei que ia acabar o meu dia jogada em um chão sujo, com um colchão mais sujo ainda com você.
— Definitivamente, essa também não era a minha intenção para o final do dia — Respondo dando de ombros — Não foi programado.
— Eu tenho uma coisa para te falar — Ela diz sentando e ficando de frente para mim.
— O que? — Pergunto confusa.
— Eu quero me desculpar com você, por tudo, eu tava aqui pensando que talvez a gente morra, e não quero que a gente tenha pendências sabe? — Ela explica e eu assinto — Então, me desculpa por todas as coisas que eu fiz, todas as povoações, fofocas, ou quando troquei a sua prova por uma em branco.
— Foi você? — Pergunto indignada.
— Foca no pedido de desculpas — Ela fala e eu reviro os olhos.
— Tá tudo bem, eu te desculpo por tudo — Respondo depois de respirar fundo — E a gente não vai morrer aqui, me recuso, ainda mais depois de tanta merda que eu já passei na vida.
— Você sempre pareceu que levava uma vida de princesa — Ela comenta e eu rio baixo.
— É por isso que é muito feio ficar desejando a vida dos outros, nunca dá para saber quando é boa de verdade e quando é só uma maquiagem para esconder a realidade — Respondo com um sorriso triste — Mas eu queria muito que a minha vida fosse perfeita.
— Sinto muito — Ela diz e eu dou de ombros.
Ficamos em silêncio novamente, a gente não tem muito o que conversar. Definitivamente, ficar preso com alguém é muito ruim, mas com alguém que não temos nenhuma afinidade, nada é muito pior. Eu não quero brigar, felizmente ela também não, porque se não o clima seria ainda pior, um espaço pequeno desses e um clima de guerra seria um completo caos.
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Anatomia do Caos - Morro
RomanceSinopse: Vanessa, uma patricinha de família rica, sobe o morro com sua melhor amiga, Laura, na intenção de conhecer o baile mais falado do Rio de Janeiro, só não contava que a festa seria invadida e ela ficaria no meio de uma troca de tiros, e o que...