Vanessa Aguiar
Eu me levanto, me afastando do Elfo. Eu não quero ser consolado, não quero mais chorar, não vou entrar em pânico e muito menos cair no jogo dos meus pais, porque eu sei que é isso que eles estão fazendo, jogando comigo. Eu não vou me deixar ser derrubada dessa forma, tá na hora de eu agir de maneira ativa nessa porra.
— Eu vou deixar vocês sozinhos para continuar com essa conversa — A Laura diz se levantando e eu olho séria para ela — Ou eu vou ficar sentada aqui assistindo ao vivo a discussão.
— Não, não vai ter mais discussão, agora vamos chegar em um consenso inteligente para resolver esse problema — Falo decidida — Não vou deixar que meus problemas continuem sendo um problema para os outros.
— E o que você está pensando em fazer? — O Elfo pergunta arqueando a sobrancelha.
— Primeiro, você não vai matar o meu pai, mesmo que ele seja um filha da puta — eu falo firme e vejo ele revirar os olhos — E mesmo que eles façam alguma denúncia por sequestro, eu posso ir em qualquer delegacia e mostrar que eu apenas saí de casa porque eu quis, sou maior de idade, não podem me obrigar a voltar.
— Mas o que você pretende fazer sobre os seus pais? — A Laura pergunta — Eles não vão parar.
— Eles vão — Eu afirmo convicta — Eles deixaram a Carol em paz, mas essa não é nem a principal questão, seria excelente se conseguíssemos algumas provas contra ele e ele fosse preso.
— É muito mais fácil resolver qualquer problema matando logo — O Elfo comenta e eu reviro os olhos.
— Eu já disse que não quero nenhum processo perto de mim sobre a morte de qualquer um dos dois — Repito firme e ele abre a boca para me responder, mas eu olho para ele séria e continuo — Eu já entendi que você tinha um plano antes, ok? Eu realmente já ouvi essa parte, mas foi antes de eu estar aqui, antes que algo pudesse ser relacionado a minha imagem, seria um inferno ser conhecida como alguém que mata os próprios pais.
— Sem contar que você perde todo o direito à herança — A Laura lembra e eu aceno concordando.
— Você está pensando em herança? — O Elfo pergunta e eu bufo, não acredito que de tudo o que eu disse foi só isso que ele escutou — Certo, se você não quer que ele seja morto, como vou tirar ele do meu caminho?
— Precisamos de provas que ele é corrupto, e vamos mandar um dossiê para a grande mídia, e depois para o departamento de polícia, porque quando a bomba já tiver estourado nos noticiários, eles vão ter que fazer alguma coisa, mesmo que isso seja afastá-lo ou exonerar ele.
— O que está acontecendo aqui? — Escuto a voz do Gota atrás de mim, e me viro, vendo ele na porta da sala.
— Estamos fazendo uma reunião, quer participar? — Pergunto arqueando a sobrancelha.
— Claro, vou adorar saber como vamos exonerar um delegado — Ele fala com deboche enquanto se senta ao lado da Laura, abraçando ela — Você vai mesmo ouvir esse tipo de coisa, meu bem?
— Claro que sim, se for para ficar ao lado da minha amiga, eu mato se for preciso — Ela diz tranquila e eu sorrio para ela, é muito bom ter alguém em quem a gente possa confiar a vida.
— Vamos continuar aqui? — O Elfo pergunta, atraindo a atenção de todos — Como acha que vai fazer isso?
— Você vai ter que conseguir isso — Eu digo e ele deixa escapar uma risada soprada — Presta atenção, você tem que dar um fim no drogo, lembra? E nós sabemos que eles têm algum tipo de sociedade, eu quero que você consiga computadores, cadernos, celulares, tudo que estiver ao alcance para que a gente possa fazer a denúncia.
— Eu acho uma boa ideia — A Laura concorda e me olha pensativa — Posso falar com a minha mãe.
— Eu não acho que minha sogra vai querer se envolver em algo assim e muito menos vai ficar feliz se descobrir a profissão do seu namorado, meu bem — Gota fala segurando a mão da Laura e ela suspira.
— Talvez, muito talvez, ela já saiba — a Laura confessa e eu olho surpresa para ela — Mas eu só confirmo que ela realmente sabe tudo o que está acontecendo se ninguém for ficar bravo porque eu falei.
— Como isso aconteceu? — Pergunto curiosa e quase rindo de nervoso.
— Ninguém aqui vai brigar com você, ninguém — O Gota diz firme, mas posso ver a mudança na postura. Antes, apesar do assunto ser sério, ele estava mais relaxado e agora ele está completamente tenso.
— Depois que a sua mãe saiu lá de casa, ela começou a fazer um monte de perguntas, disse que eu estava com um comportamento muito estranho e me pediu para ser sincera — Ela diz se encolhendo um pouco.
— E o que você contou, exatamente? — O Elfo quem pergunta olhando diretamente para a Laura.
— Tudo, eu contei tudo! — Ela exclama nervosa — Falei sobre os pais da Vanessa e tudo o que eles fizeram, contei sobre vocês, contei que ela estava morando aqui, contei sobre o pai dela também, desde do dia do baile até o último dia que eu estive aqui. Eu não consigo mentir para a minha mãe.
— Você tem noção de que você contou sobre traficantes para uma juíza? — O Elfo pergunta e eu consigo ver que ele está ficando nervoso na mesma medida que está ficando vermelho.
— A gente pode dar um jeito nisso — Eu falo rápido, não quero que isso vire uma briga — O que ela disse depois de tudo o que você falou?
— Ela quer que você vá para nossa casa — A Laura diz em um tom de voz baixo — Ela quer falar com você.
— Você não vai, Vanessa! — O Elfo fala firme, ficando de pé.
— Claro que eu vou — eu respondo como se fosse óbvio.
— Não, você não vai! — Ele repete autoritário e eu arqueio a sobrancelha.
— Vai começar de novo — A Laura diz baixinho, mas eu ignoro ela e continuo encarando o Elfo.
Ele acha o que? Que manda em mim? Ah, mas não mesmo.
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Oie, tudo bom?
Qual o personagem favorito de vocês?
Meu inst @thainarro
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Anatomia do Caos - Morro
RomanceSinopse: Vanessa, uma patricinha de família rica, sobe o morro com sua melhor amiga, Laura, na intenção de conhecer o baile mais falado do Rio de Janeiro, só não contava que a festa seria invadida e ela ficaria no meio de uma troca de tiros, e o que...