"A medida do amor é amar sem medida."

Dane

Eu vejo Julie ali, chorando, e percebo que a situação ficou fora de controle. O medo de que ela pudesse realmente amar aquele cara me atinge com força. Sei que a culpa é minha por ter caído nos braços de outro, e decidi que isso termina aqui. Ela é minha, e somente minha.

— Está mais calma? — pergunto, tentando esconder a minha preocupação.

— Estou. Não vim para matar ninguém, apenas me defendi para não sair com a cara toda machucada por uma esposa brava.

Eu dou um sorriso irônico.

— Isso não posso confirmar, já que não vi a briga, mas aposto que a outra saiu perdendo.

Ela sorri envergonhada.

— Talvez tenha sido o contrário. Mas, mudando de assunto, me explica por favor, o que aconteceu? Eu preciso saber de tudo, Dane.

Sinto o peso da culpa e me preparo para revelar a verdade.

— Antes de mais nada, quero te pedir desculpas. Não sei como tudo isso aconteceu. Eu te acompanhei depois que você veio morar aqui. Como você já deve saber, fui eu quem te protegeu aquele dia no ponto de ônibus. Tirei sua roupa e te coloquei na cama para você dormir, e quando percebi que você estava quase acordando, eu fui embora. Não era o momento certo para você me ver.

Vejo ela respirar fundo e desviar o olhar.

— O que passei não importa. Deixei tudo para trás. O passado deve ficar morto e enterrado. Sem mais enrolação, Dane, me diga logo ou eu pego minha bolsa e vou embora. Finjo que nunca conheci você e ainda peço o divórcio ou algo do tipo. Todo mundo acha que você morreu e eu sou viúva.

Encaro-a, vendo a tristeza em seus olhos, e sei que preciso contar toda a verdade.

— Ok, ouça com atenção e não me interrompa. Quando comecei a trabalhar para o Ben, na verdade eu estava disfarçado. Meu nome verdadeiro é Daniel. Sou um detetive do FBI e estava trabalhando disfarçado porque precisava pegar um mafioso infiltrado na empresa do Ben. Para isso, precisei me passar por segurança. Com o tempo, viramos amigos. Ben sempre foi um cara legal, e eu não pude evitar me envolver com ele.

Faço uma pausa, sentindo a tensão no ar.

— Quando te conheci, sabia que tudo iria por água abaixo se eu deixasse me envolver, mas não consegui resistir. Acabamos nos casando naquela capela em Las Vegas, e eu soube que era a escolha certa para a minha vida. Mas ainda não podia te contar sobre as investigações, era muito perigoso. No dia em que você me ligou para almoçarmos no shopping porque tinha uma novidade, eu estava perseguindo o mafioso que o FBI tanto queria. Era um caso perigoso e, numa das curvas na estrada, o comparsa dele atirou em mim. Capotei o carro, consegui sair das ferragens e fui para o acostamento. Vi o carro se aproximar novamente e, com a minha arma, atirei no motorista, que era o mafioso Kevin. O carro dele também capotou e caiu em cima do meu. Houve uma explosão e eu desmaiei.

Dou-lhe um copo com água e continuo.

— Acordei no hospital, desesperado para correr até você e te abraçar. Mas meu chefe, Gabe, me disse que, além de eu estar em perigo, você também estava. Então, forjamos minha morte com base na explosão. O mafioso e seu comparsa morreram, mas o filho do idiota, Igor, sobreviveu. Eu preciso capturá-lo e não quero que ele vá atrás de você. Estou te protegendo a todo momento. Soube que o tio dele também está ajudando, tornando tudo ainda mais complicado.

Vejo Julie ficar pálida.

— Por que ele iria atrás de mim? — pergunta ela, com a voz trêmula.

Chegou a hora de revelar o pior.

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