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"Nós amamos porque o amor é a essência da sua alma. Por isso não pode deixar de amar."


Julie

8 meses de gravidez, e estamos quase lá. O garotinho está crescendo forte e saudável, e ver o ultrassom foi emocionante. Dane está tão animado com a chegada dele, mas está me enlouquecendo com suas instruções sobre como devo comer para garantir que nosso filho nasça perfeito. E ainda por cima, ele some por horas e quando volta, parece mais interessado em me devorar do que em me explicar onde esteve. Isso está começando a me cheirar mal.

— Querida, cadê você? — A voz dele ecoa pelo apartamento enquanto ele entra com um prato de comida.

Lá vem ele, além de gato e simpático, também é um cozinheiro incrível. Mas tem algo que me falta: explicações. O que adianta ser maravilhoso na cozinha se não é transparente?

— Sala, sofá, sentada como sempre e sem paciência — eu resmungo, a irritação evidente na minha voz.

— Te fiz um prato especial: salada, frango grelhado, arroz e feijoada — diz ele com um sorriso.

Eu olho para o prato, espantada.

— Meu Deus, quem vai comer tudo isso?

— Você e nosso garotão. Sabe o que estava pensando, amor?

— Não, não tenho a capacidade de ler pensamentos ainda. Se eu tivesse, saberia onde você anda e com quem.

— Hahaha, muito engraçada, querida. Você sabe que não ando com ninguém. Estava pensando em dois nomes fortes e queria compartilhar com você.

— Tá bom, diga logo, se eu gostar, ótimo; se não, eu escolho.

— Nem pensar. Decidimos que você escolheria os nomes das meninas e eu dos meninos.

— Como se eu fosse ter mais filhos...

— Tá bom, grandão, diga logo.

Ele sorri radiante e diz:

— Arthur ou Heitor.

Eu gosto dos nomes, ele não é perfeito? Mas, por que não brincar um pouco mais com ele?

— Ah, querido, sinceramente, não sei se gostei dos nomes. Sei lá, parece meio pré-histórico.

Faço uma careta para provocá-lo.

— Qual é o problema com o nome, Julie? Você vive reclamando de tudo que faço. Quando saio, você só me faz um monte de perguntas e me faz sentir como se estivesse sempre errando. Eu estou tentando, estou cansado e nervoso.

— Como assim? Agora eu sou a errada? Foda-se. Gravidez é um porre, casamento é um porre, e você é um porre. Estou grávida de um idiota insensível que não me entende, briga comigo e ainda por cima me deixa de lado para sair sem dar explicações. E quando volto, você joga a culpa em mim!

Ele respira fundo, tentando se acalmar.

— Meu trabalho como detetive é complicado. Às vezes, eu preciso sair sem avisar porque posso estar no meio de algo grande. Se eu der um passo em falso, os caras podem te encontrar e fazer alguma coisa com você.

— Ah, claro! Eles vão me ligar e dizer: "Oi Julie, sabemos que você é casada com Dane, então vamos sequestrá-la." Porra, nunca saímos juntos, quase ninguém sabe que somos casados. Por que você não conta para ninguém? E outra, você anda estranho há tempos e eu não sei o que está acontecendo com você.

Sem mais palavras, corro para o quarto e bato a porta com força, passando a chave por dentro. Me deito na cama, confusa e irritada. Não vou ser capacho de ninguém. Se ele quer distância, que venha me pedir desculpas ou o casamento acaba aqui. Cansei de toda essa merda.

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