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"A maior parte das pessoas vê no problema do amor, em primeiro lugar, o problema de ser amado, e não o problema da própria capacidade de amar."

Dane

Abro os olhos e sinto uma dor aguda e sufocante me invadir. Respiro fundo e percebo que estou em um quarto branco, cercado por aparelhos que emitem um bip constante. Viro a cabeça para olhar melhor e, instantaneamente, a dor aumenta. Me deparo com o olhar preocupado de meu pai.

— Que bom que você acordou, filho. Estávamos todos muito preocupados com você.

Então, tudo se apaga novamente. Ouço meu pai dizendo que tudo vai ficar bem e vozes de pessoas me pedindo para ficar acordado, para não se deixar levar. Penso rapidamente na Julie e no meu filho, lindo como a mãe.

Uma mulher diz:

— Ele está indo embora. Ligue a máquina.

O medo e o pavor me consomem. A ideia de perder a única mulher que conseguiu penetrar meu coração e fazer morada nele, me dando mais do que eu poderia imaginar, é aterradora. Tenho que me concentrar em não seguir para a luz. Sinto uma voz dizendo que tudo vai ficar bem.

Mas dessa vez, eu quero lutar. Não posso morrer agora e deixar minha família. Eu consigo, eu consigo.

Sinto meu corpo voltando, a escuridão se dissipando enquanto adormeço ao som de sussurros de algumas pessoas dizendo: "Conseguimos."

Quando acordo, os bips suaves dos aparelhos são reconfortantes. Vejo meu pai adormecido no pequeno sofá ao meu lado e meu irmão conversando com uma enfermeira na porta. Ele me vê, sorri e se aproxima.

— Bem-vindo de volta, cara. Você nos deu um baita susto, hein?

Sorrio, mas minha tentativa de falar não sai.

— Calma, você acabou de voltar. Geralmente demora um pouco para conseguir falar. Vou chamar a doutora Boss.

A enfermeira sai e meu irmão acorda meu pai, que se levanta assustado e corre para o meu lado.

— Filho, que saudade. Nunca mais faça isso, se você quer continuar tendo um pai.

Aceno devagar, sentindo uma dor infernal na cabeça. Aos poucos, lembro de tudo que aconteceu. Julie e meu filho, essas perguntas martelam na minha mente. Me debato, e meu irmão, como se lesse meus pensamentos, sorri e responde.

— Fica calmo, mano. Eles estão bem. Sua esposa e seu filho estão em casa. Gata sua mulher, hein?

Sorrio satisfeito, aliviado por saber que alguém entende minha preocupação. A doutora chega com a enfermeira e começam a realizar alguns exames.

— Você está bem, deu um susto em todos nós, mas conseguimos trazê-lo de volta. Aos poucos você vai se recuperar. Vou medicá-lo agora e, após 48 horas em observação, você poderá ter alta. Tudo bem?

Aceno lentamente, a dor na cabeça é quase insuportável, minhas pálpebras pesam como se fossem feitas de chumbo, mas mantenho-as abertas. Não pretendo dormir mais hoje, não enquanto ainda estou aqui.

— Ok — é tudo o que consigo dizer, mas é um avanço. Deixo a cabeça cair pesadamente sobre o travesseiro.

Depois de algum tempo, sinto uma mão suave no meu ombro e abro os olhos com dificuldade.

— Oi — murmuro, meio atordoado. Não posso acreditar no que vejo. É a minha Julie, e sinto que devo estar alucinando.

— Você é um fantasma? — pergunto, com a voz embargada.

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