"O verdadeiro amor é como os fantasmas. Todos falam nele, mas ainda ninguém o viu."


Marie

Segunda-feira, 10 da manhã

Entro no prédio moderno de vidro e aço, onde Ian me espera para a entrevista. Não vou mentir, estou um pouco nervosa. Faz tempo que não trabalho, e estou saindo de uma fase bem complicada da minha vida. Mas não posso deixar isso transparecer. Hoje, sou outra pessoa, e vou mostrar a Ian e ao mundo que a Marie que ficou para trás não existe mais.

A recepcionista me guia até o escritório dele, e assim que entro, lá está ele: impecável, sorriso charmoso, olhos brilhando como naquela primeira vez no aeroporto.

— Bom dia, Marie. Pronta para começar?

Sorrio, confiante.

— Mais do que pronta.

A entrevista, na verdade, é uma formalidade. Ele já sabe que sou a pessoa certa para o trabalho. Conversamos sobre as responsabilidades e expectativas, e em menos de uma hora, já tenho meu primeiro dia de trabalho confirmado. Começo na semana seguinte.

— Fico feliz que aceitou — ele diz, enquanto me acompanha até a porta. — Acho que vai se sair muito bem.

— Obrigada, Ian. Pode contar comigo.

Saio do escritório com um sorriso nos lábios, já me sentindo mais forte. Com o emprego garantido, decidi que está na hora de cuidar também do meu corpo, então fui direto para a academia. O lugar está cheio, mas isso não me incomoda. Coloco meus fones de ouvido e começo meu treino. Hoje, a única pessoa com quem me comparo é a versão antiga de mim mesma.

Enquanto corro na esteira, sinto uma energia renovada. Cada passo me aproxima de quem eu quero ser. Mais forte, mais confiante, mais livre.

Dias depois ...

Jason começou a aparecer com mais frequência. Primeiro, foi uma mensagem aqui e ali, perguntando sobre nossa filha. Depois, visitas inesperadas. E agora, ele está me esperando na porta da academia quando saio, suada e cansada, mas sentindo o corpo revigorado. Ele me olha de cima a baixo, como se estivesse surpreso com as mudanças.

— Marie, você está incrível. Nunca te vi tão... bem.

Dou de ombros, sem dar muita atenção.

— Cuido de mim agora. Alguém tem que fazer isso.

Ele tenta um sorriso, mas não me impressiona. Não mais.

— Pensei... pensei que a gente pudesse conversar.

— Conversar? — Solto uma risada curta, sem humor. — Sobre o quê, Jason? Sobre como você jogou nosso casamento no lixo? Ou sobre as vezes que me fez sentir que eu não valia nada?

Ele parece desconfortável, mas não recuo. Já passei da fase de piedade, já não aceito mais desculpas vazias.

— Sei que errei, Marie. Quero consertar as coisas, te provar que sou um homem diferente agora.

— Diferente? — Pergunto, cruzando os braços. — O que mudou, Jason? Porque do meu ponto de vista, você continua o mesmo homem que me traiu, que me insultou, que disse que nunca me amou.

Ele dá um passo em minha direção, e eu dou um para trás.

— Eu estava errado. Não sabia o que estava fazendo, estava confuso.

— Ah, estava confuso? — Dou risada, amarga. — Jason, não me venha com essa. Já não me importo mais com suas desculpas. Eu estou bem, finalmente. E a única coisa que eu quero de você é que cuide da nossa filha e me deixe em paz.

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