Capítulo I

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 A paz não estava nem perto de ser instaurada em Westeros, ter Aegon sentado no trono de ferro deixava Rhaenyra com sangue nos olhos ao mesmo tempo em que o próprio Aegon não queria a posição que estava. Se quer pode-se dizes que seu avô Otto e sua mãe Alicent o aconselharam a portar a coroa, pois sem mais nem menos eles o obrigaram a ter o título de protetor dos sete reinos por mais que ele não quisesse essa responsabilidade. Alicent acreditava fielmente que antes do último suspiro de Viserys, ele teria dito a ela que queria Aegon como rei. Por mais que ela já tivesse esse desejo por influência de Otto, tinha convicção de que Rhaenyra realmente seria uma boa rainha. De qualquer forma a realidade agora era outra, realidade essa onde eram os negros contra os verdes. A guerra teve início por um acidente, um grave acidente. Mesmo que Aemond não tivesse realmente intenção de matar Lucerys que naquele dia havia ido até Ponta Tempestade apenas como mensageiro, o Targaryen teve sim uma grave atitude ao tratar como brincadeira a perseguição com Vhagar atrás de Luce e Arrax. Tendo os dois dragões provocado um ao outro, ambos os domadores perderam o controle sobre as feras o que ocasionou numa tragédia. Quando Aemond se deu conta do que havia feito, apenas olhou os restos mortais dos dois caindo no mar. Sem saber o que fazer, voou pelos céus sem rumo enquanto pensava que atitude tomaria. Independente disso estava ciente de que quem havia começado a guerra era ele.

Quando chegou a Porto Real, viu-se obrigado a dar a notícia. Alicent deu um tapa no seu rosto e passou a vê-lo com outros olhos, ela não esperava isso do seu filho mais responsável ou ao menos o que considerava o mais justo. Estava decepcionada de mesmo modo que Aemond também estava consigo mesmo. Àquela hora a notícia já deveria ter chegado até os negros fazendo os verdes temerem um ataque a qualquer instante. Mas sabiam que Rhaenyra por mais fervente que estivesse seu sangue seria, no mínimo, sábia para dar seu próximo passo com cautela tendo como intuito aniquilá-los. Por isso naquela noite prepararam-se para o pior, mas, para surpresa de todos, nenhum ataque surgiu. Uma semana se passou e como um primeiro passo para paz, Alicent enviou Helaena e Aemond para se desculpar (se é que para isso haveria perdão). Voavam tranquilamente pelos ares até um clarão cegar Aemond que acabou se perdendo dela e Dreamfyre, a chuva começou a cair e a neblina ofuscava sua visão. Ele procurou por todos os lados, mas só o que viu foi a calda de um dragão que reconheceu não ser de Dreamfyre, percebendo que isso poderia ser uma brincadeira por parte dos negros, algo como uma vingança para assustá-lo ou até mesmo matá-lo, Aemond gargalhou como naquele mesmo dia, naquele mesmo céu acinzentado.

– Por incrível que pareça, vim em paz, tio. – Disse ao perceber que o dragão em questão era Caraxes que iluminou o céu com fogo. Aemond tentou desviar, mas Vhagar por ser muito grande e lenta foi minimamente atingida, mas isso não a impediu de ficar enfureceu. Dessa vez Aemond não brincava com um garoto e estava ciente disso, seu tio sabia o que estava fazendo e o príncipe tinha conhecimento de que, querendo ou não, Daemon era muito mais experiente em batalha. Estando perto da fortaleza de Pedra Do Dragão onde a maior parte dos negros estava, Aemond tentou pousar, mas Caraxes deu um rasante a sua frente o que afastou Vhagar deixando ela ainda mais irritada. Meio a tempestade Aemond outra vez teve dificuldade ao controlá-la.

– Vamos tio... Vamos conversar. – Insistiu querendo rir debochado, querendo confrontar Daemon sem medo afinal quem possuía o maior dragão do mundo era ele mesmo. Apesar de toda soberba, concentrou-se em falar uma única frase de modo mais sério e sincero. "Viemos em paz, acredite. Me comprometo em não atacá-los" Disse em Valiriano. Aemond viu o céu iluminar-se outra vez com fogo e suspirou impaciente. Vendo que não conseguiria uma oportunidade de conversar, recuou com Vhagar para procurar Helaena, mas devido a neblina não conseguia ver a longa distância. Estava todo molhado e incomodado com as roupas que colavam no seu corpo estando elas molhadas, geladas e pesadas. De outro lado Daemon estava bem protegido e pronto para uma batalha, muito bem-vestido com sua armadura. Aemond percebeu que o tio estava determinado a segui-lo e por isso desviou da rota principal até Porto Real, estava tudo nos conformes se não fosse pelo vento que soprou para lados desconhecidos do mar estreito. Eram ventos tão intenso que nem mesmo Vhagar queria encará-los. Senão fosse pela cela, Aemond certamente teria caído no mar. Com essa situação, pensou finalmente ter despistado Daemon, mas foi nesse momento que mergulhou nas chamas de Caraxes que o deixou com as roupas pouco chamuscadas. Vhagar, impaciente, deixou de obedecer Aemond e passou a perseguir o outro dragão ao mesmo tempo em que tentava atacá-lo com fogo. Foi então que em uma manobra Daemon fez Caraxes montar em Vhagar que começou a se sacudir, deixando a cela instável e como forma de resposta ao ataque, ela perseguiu a fera de Daemon e atacou com a boca a ponta da sua asa direita o fazendo grunhir e se desestabilizar. Daemon bambeou sobre a cela e com raiva induziu Caraxes a atacar Vhagar outra vez, agora a empurrando com a lateral do corpo. Vhagar respondeu da mesma forma e nem a cela de Aemond nem a de Daemon suportaram e os dois acabaram caindo no mais.

A queda do dragão | House of the dragonOnde histórias criam vida. Descubra agora