Conforme os meses se passaram a diferença de atenção que davam para criança de Rhaenyra era gritante. Aemond compreendia o motivo, sabia que o tratamento de uma bastarda seria completamente diferente do de uma princesa, mas o revoltava pensar que Jacaerys e Joffrey que também eram bastardos eram tratados como iguais apenas por todos se calarem sobre a linhagem duvidosa deles. Incomodava Aemond não deixarem nem mesmo Jaehaerys nem Jaehaera ter contato com sua filha por ser malvisto pelo fato dela ser uma Waters como chamavam os bastardos na terra da coroa. O fato dela ser puro sangue não fazia diferença até porque o único que sabia disso era o próprio Aemond que jamais abriria a boca para falar que, na verdade, Visenya não tinha mãe e sim outro pai sendo ele o rei. Conseguia compreender tudo isso e principalmente o fato dela não poder ser considerada como uma verdadeira Targaryen por mais que seu sangue disse o contrário. Mesmo estando ciente de tudo isso, ficava inconformado e revoltado, mas guardava isso pra si afinal só o fato dela estar ali já era um privilégio.
E passou-se um, dois, três, quatro e cinco anos. A medida que ela crescia ficava cada vez mais bonita e mais parecida com Aemond, com exceção daquele nariz e sorriso que não deixaram de ser nem um pouco parecido com o de Daemon. As pessoas sabiam que alguns traços dela lembravam alguém muito familiar, mas ninguém relacionava as feições ao outro pai. Ela corria pelo castelo e tentava se aproximar das outras crianças, Helaena não se importava em deixá-la brincar com Maelor que era um pouco mais novo que Visenya, eram amiguinhos até Aegon chegar de suas bebedeiras e afastá-los. Ela ainda não tinha o entendimento do por que não podia brincar com as outras crianças, às vezes chorava por estar sozinha, mas nada podia ser feito. Aemond não se constrangeria ao ponto de pedir ao irmão para deixar seus filhos brincarem com a menina, não se submeteria ao possível "não" do irmão que considerava o mais irresponsável da família. Um jantar estava marcado para aquela noite, era o aniversário da princesa Rhaenys e todas as crianças estariam presentes e sentadas junto a cada um de seus pais à mesa. O Aniversário de Visenya não era comemorado afinal só o próprio Aemond sabia que ela havia nascido naquele dia ao entardecer, lembrava perfeitamente que foi antes mesmo do sol se pôr. Todos estavam reunidos apenas ela que, pela primeira vez, no primeiro jantar dedicado às crianças, estava excluída em uma mesa apenas para ela que era uma bastarda. Sentada na cadeira a menina sacudia as pernas enquanto olhava as pessoas a sua volta que quando a percebiam sua presença a observavam com desdém.
– Hoje é um dia muito especial para nossa família, o aniversário da minha primeira filha que veio ao mundo saudável e que certamente no futuro será uma grande mulher. Devemos brindar ao seu quinto ano de vida e esse será certamente o primeiro brinde de muitos que serão dedicados a ela. – Rhaenyra ergueu a taça e todos brindaram homenageando a herdeira. Começaram a comer e vez ou outra Aemond olhava para Visenya na outra mesa até que ela, percebendo ter a atenção do pai, abanou na sua direção, animada e com um sorriso de orelha a orelha. Aemond não correspondeu, quebrava seu coração ver as outras crianças reunidas enquanto ela se via distante. Foi então que se levantou e encarou a todos naquela mesa que acomodava seus familiares, ele os observava de queixo erguido o que chamou a atenção dos convidados. Aemond saiu à mesa, o silêncio tomou conta do salão e até a banda parou de tocar, o príncipe foi até a filha e estendeu a mão para ela que com um sorriso segurou firme. Ele voltou até a mesa onde estava anteriormente e ao sentar-se na cadeira colocou a menina sobre uma de suas pernas. Todos ficaram sem reação, o silêncio era desconfortável, mas ele tampouco se importou e seguiu comendo. Rhaenyra se levantou e Aemond a encarou sem parar de comer.
– Como sua rainha, permitirei que essa criança coma à mesma mesa conosco até que seu entendimento seja pleno e só o que espero é gratidão de sua parte, príncipe Aemond. – Ela fez uma pausa e Aemond ergueu sua taça.
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A queda do dragão | House of the dragon
Fiksi PenggemarToda ação tem uma reação, toda reação tem suas consequências, mas ele não imaginava que aquela ventania causaria uma tempestade na sua vida. Depois da queda no mar tio e sobrinho precisavam um do outro para sobreviver e depois do dia cansativo, quan...