Capítulo XVI

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 Daemon o levou até a nova casa de Mysaria que dessa vez se definia mais como um esconderijo. Bateram na porta que foi atendida por uma criança que ao identificá-los deu-lhes passagem.

– Daemon e... Aemond, um prazer lhe conhecer mesmo que a situação não seja propícia. – Ela sorriu fechado e indicou as duas cadeiras a frente da mesa a qual também estava sentada.

– Ele disse que você saberia onde ela está. – Aemond disse ansioso, sem querer se sentar, mas Daemon se acomodou sabendo e conhecendo ela que não daria essa informação de boa vontade.

– Sente-se. – Ela indicou a cadeira outra vez, Aemond olhou para Daemon que assentiu com a cabeça.

– O que você quer? Seja objetiva. – Daemon pediu, ela sorriu com o canto da boca e com os dedos cruzados apoiou o queixo enquanto os cotovelos ficaram sobre a mesa.

– Quanto? – Aemond se precipitou e ela rio pigarreando.

– Da última vez que fiz um acordo com a corte não tive minha parte do trato cumprida, mas quem sabe dessa vez tenham mais empatia pela situação que trouxe a tona há tantos anos.

– Do que está falando? – Aemond perguntou ansioso.

– Talvez se lembre do lugar onde seu irmão gostava de ir, onde as crianças disputavam a sobrevivência, em outras palavras... – Aemond se levantou com o olho arregalado. – A rinha infantil. – Ela salientou e Aemond apoiou-se na parede.

– Onde fica? Imagino que a localidade desses eventos mude com o decorrer do tempo.

– Primeiro... Ouro. – Ela estendeu uma mão esperando um saco com moedas.

– Prata. – Daemon negociou.

– Quanto?

– O suficiente. – Ele jogou na mesa o saco pesado, cheio de moedas, ela abriu para conferir e sorriu. Indicou o local e os dois foram a passos largos até lá, Aemond avançava o caminho apressado, corria vez ou outra, mas Daemon segurava seu pulso antes que chamassem atenção. – Não se precipite, já pensou em como vamos tirá-la de lá? Não podemos chamar tanta atenção.

– Por quê?

– Já pensei como você, mas agora sou rei e ir a lugares assim e ser reconhecido nos traz uma responsabilidade maior do que queremos. O povo vai cobrar uma atitude e não quero assumir essa responsabilidade.

– Você não gosta de assumir certas responsabilidades mesmo. – Daemon sorriu com o canto da boca reconhecendo o deboche do príncipe. Foram interrompidos ao verem um homem querendo entrar sem pagar e essa foi a ocasião que aproveitaram para passarem despercebidos. – Onde vamos procurar? – Aemond olhou para todos os cantos e não a encontrava.

– Acho que não precisamos procurar. – Daemon chamou sua atenção e apontou para espaço central do lugar, onde as crianças brigavam. Lá estava ela, assustada sem entender o que estava acontecendo, Aemond podia escutá-la chorando e via a menina tentando limpar as tantas lágrimas que desciam pelo seu rosto que estava vermelho. Visenya vestia trapos e estava suja, havia se passado três dias, mas seu estado deplorável dava a entender que ela estava lá há mais tempo. Viram alguém maior que ela entrar e partir para cima dela que era tão pequena. Haviam muitos adultos abancados acima do lugar onde eles estavam e aqueles que viam o que acontecia estavam empolgados pela luta.

– Mate a bastarda! Mate a bastarda! – Era um dos tanto incentivos contra a vida da menina. Aemond se segurou no que separava o lugar onde estava entorno daquilo que mais parecia um ringue embaixo da arquibancada e puxou com força a grade, mas de nada adiantou e depois de tanto tempo sentiu lágrimas escorrerem do seu olho enquanto via o oponente da filha bater nela que estava no chão. Cerrou os dentes e passou a procurar alguma entrada que pudesse acessar, foi quando viu Daemon surgir e empurrar aquele que deixou a menina desacordada. O rei carregou a menina que estava mole, Aemond vendo aquilo sabia que o pior poderia ter acontecido. Daemon correu para fora e apesar de não ter passado despercebido, ninguém imaginava que se tratava dele até aquele que lutava com Visenya puxar sua capa e descobrir seus cabelos. Escondeu o rosto no ombro da menina que apoiava a cabeça sobre o seu, saberiam que era um Targaryen, mas não que se tratava do rei. Ele correu para fora e Aemond fez o mesmo. Alguns os perseguiram, mas conseguiram se esconder antes que os outros alcançassem. Aemond não parava de olhar para o rosto da menina, cheio de sangue, aquilo o assombraria para sempre mesmo se tudo ficasse bem. Ele tocou nos seus cabelos claros como o dos pais que pela primeira vez se viam juntos pelo seu bem. Enquanto isso Daemon cuidava as ruas e esperava que ficassem vazias para passarem.

A queda do dragão | House of the dragonOnde histórias criam vida. Descubra agora