CAPÍTULO 01

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   Olívia Wilson ainda ouvia o estridente e irritante som da sirene da escola ecoando pela sua cabeça e provocando um zumbido fino, como se fosse uma pequena mosca fazendo aquele  barulhinho chato ao lado da sua orelha. Ela odiava como aquele som era alto e sempre à pegava de surpresa, mas naquele momento, ignorou arduamente o zumbindo e ficou feliz por ter escutado o barulho, pois aquele último toque indicava que as aulas daquele dia já haviam acabado. Ela levantou da cadeira e colocou suas coisas dentro da mochila cinza com zíperes roxos, enfiando tudo de qualquer jeito dentro do bolso maior, para então fecha-lo rapidamente.

    — Nos vemos depois, Olive! — Sabrina, uma das suas amigas, apesar de não ser tão próxima assim, falou, acenando levemente para Olívia enquanto saia da sala. Ela odiava ter que fazer aulas de trigonometria alí, quando todas as suas amigas mais próximas haviam ficado em outras turmas.

     — Até depois! — Ela respondeu, colocando a mochila presa em um dos ombros e pronta para correr dali e sair da escola o mais rápido possível. Olive jogou o cabelo longo e escuro por cima do ombro, não querendo que ele ficasse emaranhado nas alças da mochila. Ela estava quase saindo da sala, quando o senhor Gerald, professor de trigonometria, geometria e álgebra (mais conhecido como: o pesadelo de metade dos alunos) a parou com um simples gesto de mão. O professor era um homem baixinho de trinta e poucos anos, ele tinha olhos apertados e entradas profundas no cabelo castanho escuro, que ele tentava arduamente esconder repartindo o cabelo e penteando para os lados.

     — Posso falar com você, senhorita Wilson? — Disse ele, olhando-a de cima à baixo. Olive estava com um par de tênis brancos de solado alto, um jeans de lavagem clara e cintura alta, além de uma blusa branca e simples por cima. Ela era o tipo de garota que gostava de se sentir bonita, mas não dispensava o conforto.

     — Claro, senhor. — Olive abriu um sorriso amarelo e agarrou as alças da mochila, lançando um olhar demorado para a porta aperta e desejando sair o mais rápido possível. Depois de uma rápida checada no relógio preso acima do quadro negro, ela constatou que ainda tinha pouco mais de uma hora para chegar no trabalho, que começava às três da tarde e ia até pouco mais de seis e meia (Olive trabalhava em uma lanchonete, o único lugar onde havia encontrado um trabalho de meio período que pagasse alguma coisa que não fosse absurdamente pouco. E apesar de ser praticamente uma escrava naquele lugar, os seiscentos e cinquenta dólares que recebia por mês eram bastante motivadores).

     — O diretor quer falar com você, na diretoria. — Disse ele, enfiando os seus próprios livros e pastas dentro da bolsa quadrada de couro, típica de gente velha.

     — Conversar comigo? Aconteceu alguma coisa? — Olive arregalou levemente os olhos, tentando lembrar de qualquer coisa que poderia tê-la colocado em alguma encrenca, e depois de repassar rapidamente os acontecimentos das últimas semanas, constatou que não havia feito absolutamente nada e andado perfeitamente na linha (Olive havia saído aos tapas com uma ex-amiga na frente da escola, mas não havia sido precisamente DENTRO da escola, não é? Até porque a rua não faz parte do domínio escolar, certo?).

    — Ele vai explicar tudo para você, senhorita Wilson. — Disse o professor, fazendo-a assentir levemente com a cabeça e começar a caminhar para fora da sala, sem saber ao certo porque raios iriam querer conversar com ela.

     A escola pública da cidade era gigantesca, com três andares, piscinas e estádios poliesportivos. Ela havia sido reformada dois anos atrás, então ainda estava praticamente novinha em folha. Olive começou a caminhar rapidamente pelos corredores largos e bem iluminados, que tinham armários dos dois lados nas áreas em que não haviam salas de aula. Alguns dos armários metálicos já tinham os cantos amassados, além de que a maioria deles eram pichados e repletos de adesivos (tecnicamente "customizar" o armário era permitido pela escola, desde que a modificação fosse reversível, para que a pessoa que o usasse no ano seguinte não recebesse um armário completamente detonado).

PROFESSOR PARTICULAR [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora