Capítulo 7.

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Larissa acordou sem saber que horas eram. Mas estava evidente que era de manhã, a luz do sol transpassava a janela e brilhava intensamente.
Mais uma vez havia esquecido de fechar as cortinas e se xingou por isso, pois queria ter aproveitado mais o fato de ter dormido abraçada a Bruna.

Do mesmo jeito que a loira se enroscou nela quando voltaram da despedida, deitando seu braço esquerdo e a abraçando pela cintura, se encontravam desse mesmo jeito. Bruna a segurava como se não quisesse que ela escapasse durante a noite - e não queria mesmo.

Vê-la com o semblante relaxado e aproveitando o sono, Larissa se lembrou das coisas que ela havia dito e sorriu um pouco triste. Quais eram as chances do que ela disse ser verdade? Quais eram as chances dela se lembrar daquelas palavras quando acordasse? Em sua mente, eram praticamente nulas.

Para o seu desespero, gostava tanto de Bruna.
Gostava do jeito que ela mexia no cabelo e ficava nervosa com facilidade. Gostava como ela tinha uma boa relação com a mãe que, tecnicamente, era madrasta. Gostava quando ela perdia a linha com Fred e Marvila e fingia que não estava brava. Mas gostava muito mais quando Bruna a olhava e a ouvia o que tinha dizer. Como uma boa pessoa apaixonada gostava tudo nela.

No entanto, o que tinha a oferecer à ela? O que tinha para chamar a sua atenção? O que tinha de extraordinário para Bruna ficar com ela e não voltar com o ex? Nada. Não tinha nada, assim pensava.

O dinheiro que ganhava lhe dava uma vida confortável, conseguia se manter estável e não passava perrengues. Quando começou a trabalhar como acompanhante só queria o dinheiro rápido para as contas, não podia deixar sua mãe perder a casa e ficar sem o tratamento adequado. Depois que ela morreu, continuou trabalhando para quitar todas as dívidas. Claro que Letícia ajudava, mas não ganhava muito trabalhando como garçonete.

Quando conseguiu quitar as contas, continuou trabalhando para conseguir abrir o próprio negócio. Há dois anos vinha juntando dinheiro para conseguir abrir um restaurante onde ela e a irmã poderiam trabalhar juntas. Letícia também juntava uma grana, mas em quantidade muito menor. Com o dinheiro que receberia de Bruna ao final de toda mentira, já poderia ir correr atrás do seu sonho e deixar de ser acompanhante de luxo.

Só que vinha se sentindo tentada a devolver o que já tinha recebido e esquecer dela para não ter que lidar com a dor de um amor não correspondido.
Desde que entrou nessa vida, sempre pensou que no dia em que a deixasse, teria seu restaurante, encontraria alguém legal e formaria uma família.
Era só isso que queria, não precisava de nada mais a não ser viver sossegadamente. E então Bruna chegou e já até imaginou essas coisas ao lado dela.

Agora, tinha dormindo em seus braços uma mulher que apareceu de repente e que seria capaz de fazer tudo por ela. Mas eram de mundos tão diferentes e sabia que Bruna podia ter quem quisesse, o que quisesse, na hora que quisesse. Porque ela olharia justamente para ela? E se olhasse, quem podia garantir que não seria uma conquista barata?
Não queria julgá-la, porém não tinha como não pensar em tudo isso.

Uma CEO, herdeira de império e uma acompanhante. Onde isso chegaria a algum lugar?
Talvez o melhor mesmo fosse agradecer a hospitalidade dos Orphaos e voltar para São Paulo. Sabia que quando voltasse para casa Bruna não a procuraria mais e seria melhor assim. Cada uma vivendo em seu lado do muro em que o mundo era dividido.

O melhor a se fazer era não ultrapassar. Dando um olhada na loira, passou a mão delicadamente em seu rosto e suspirou. Não queria deixá-la, mas não via muita solução para o seu caso.
Tentando se desvencilhar dela, a sentiu a apertar mais contra si. Deveria ter saído dali antes, assim evitaria uma situação estranha. Não sabia como Bruna poderia reagir as encontrando abraçada, ela podia não se lembrar de nada da noite anterior e achar que Larissa estava se aproveitando dela. Só que não parecia que essas suposições estavam corretas.

Muito bem Acompanhada  (Brulari)Onde histórias criam vida. Descubra agora