Destruindo Muros

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Chegueei!

Boa leitura meus amores!

-x-

ROSAMARIA MONTIBELLER

Roberta não saiu da minha mente pelo resto da noite. Voltei para o bar, recebendo um olhar curioso de Paula mas não falei nada. Meu ânimo para diversão estava acabado e eu dei graças quando eles decidiram ir embora.

Já em casa, minha mãe e minha irmã conversavam animadamente, mas eu apenas fiz companhia a elas. Elas notaram a minha repentina mudança de humor é claro, mas não me fizeram falar sobre isso. Eu amava a forma como elas respeitavam meu espaço me deixando sempre a vontade para lidar com meus sentimentos.

Minha irmã foi para o seu quarto em um determinado momento, deixando minha mãe e eu a sós, em um silêncio agradável e reconfortante. Estávamos no sofá, minha cabeça sobre o seu colo e ela fazia um cafuné carinhoso pelos meus cabelos enquanto assistia a um programa de culinária na televisão.

- Mãe? - A chamei baixinho, não querendo atrapalhar sua concentração.

- Sou toda ouvidos. - Ela disse rindo, sabendo que eu estava guardando o que queria falar desde que cheguei.

- Você acha que todo erro é passível de perdão? - Sua mão parou por alguns segundos, como se tentasse assimilar minha pergunta.

Ela não respondeu imediatamente, Dona Adelir nunca falava algo da boca pra fora, suas palavras eram sempre bem calculadas.

- Você acha? - Ela devolveu a pergunta e voltou a acariciar meu cabelo.

Eu sabia que ela não queria ouvir a minha resposta e sim me fazer pensar sobre minha pergunta. Minha mãe nunca gostou de me influenciar com suas opiniões, preferia apenas mostrar os dois caminhos e deixar que eu decidisse qual valia mais a pena, mesmo que isso significasse que eu quebraria a cara mais na frente.

E pensar sobre esse questionamento foi o que fiz no resto da noite. As coisas eram mais "fáceis" quando Roberta Ratzke era apenas uma memória ruim de um passado que costumava me assombrar dia e noite. Eu gostava de pensar que algum dia a vida me vingaria e a faria sentir o desespero que eu senti.

Mas a verdade é que Roberta estava muito mais quebrada do que eu já estive um dia, ter a vingança que sempre desejei não trouxe o alívio esperado, se eu for bem sincera trouxe ainda mais angústia e desespero.

No outro dia pela manhã, olhei orgulhosa enquanto meus pequenos alunos entravam enfileirados na sala de aula. A maioria deles ainda estavam sonolentos e era a coisa mais fofa de se ver.

Encarei Maria Luiza com um carinho especial, a garotinha era esperta e comunicativa e aquilo me cativava bastante. Ela sorriu para mim e saiu da fila, caminhando em minha direção até parar em minha frente.

- Bom dia, Prof Rosa. - Ela disse animada, puxando sua pequena mochila das costas com agilidade. - Tenho uma coisa pra você, a tia Rô que mandou.

Ela parecia contente em estar me entregando aquilo, como se fosse algum tipo de missão especial.

- Obrigada, Malu. - Peguei o pequeno pedaço de papel que estava em suas mãos.

A garotinha foi sentar em sua cadeira, ainda parecendo muito satisfeita. Uma vez que ela estava longe, a curiosidade me corroeu para abrir o papel e assim o fiz.

" Rosamaria, desculpe mandar esse bilhete por essa doce garotinha, mas era a forma mais rápida de agradecer por tudo que você fez por mim. Não quero invadir o seu espaço pessoal, sei que ainda é uma situação complicada. Eu não teria passado pela noite de ontem sem a sua ajuda. Espero que, algum dia, eu possa retribuir o gesto.

Mistakes - RosabertaOnde histórias criam vida. Descubra agora