Ela se foi

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Boa leitura babys!

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Rosamaria Montibeller

Eu sabia que estava em um hospital antes mesmo de abrir os olhos. O cheiro característico e a dor em meu braço direito me inundaram de memórias nada agradáveis, mas dessa vez era diferente. Roberta como da primeira vez que eu estive em um hospital dessa forma, foi a primeira coisa que passou pela minha mente, a diferença é que agora eu precisava desesperadamente vê-la.

- Roberta? - Chamei seu nome tentando me situar no tempo e espaço, vendo minha mãe levantar da cadeira ao meu lado em uma questão de segundos.

- Filha, você acordou! - Seus olhos estavam mareados e ela me apertou entre seus braços, fazendo meu corpo doer e minha cabeça latejar, mas não me importei tanto com isso. - Eu fiquei tão preocupada. Achei que perderia você.

Eu podia sentir a dor na voz da minha mãe e desejei não tê-la feito passar por tudo isso. Devolvi seu abraço da maneira que consegui e deixei que ela me segurasse contra si, como forma de proteção.

- Estou bem, mamãe. - Sussurrei tentando tranquiliza-la. - Está tudo bem agora.

A equipe médica entrou não muito depois disso e todo o procedimento padrão de checagem começou. Eu estava tão ansiosa que era difícil me concentrar nas perguntas que eles me faziam. Paula chegou logo em seguida, me abraçando e dizendo palavras reconfortantes e eu esperei ansiosamente o momento que Roberta entraria pela porta.

Esse momento nunca chegou, conforme os minutos passaram enquanto eu ainda era examinada, minha namorada nunca apareceu e aquilo me deixou em desespero.

- Paula, cadê a Roberta? - Perguntei quando desisti de esperar. - O que aconteceu com ela? Em que hospital ela está? Por favor, não mente pra mim!

Minha irmã meu olhou intensamente, suas mãos segurando as minhas e me mantendo no lugar. Alguns minutos depois a equipe estava fora, nos dando um pouco de privacidade e só então ela falou.

- A Roberta está bem, maninha. Ela teve alguns ferimentos, mas nada comparado a você. - Ela me tranquilizou. - Ela... não está aqui. Teve alta há dois dias atrás.

Uma onda de alívio percorreu todo o meu corpo, saber que ela estava bem acalmava meu coração. Vivemos um horror naquela noite e se eu for honesta, houveram diversos momentos que achei que não sairíamos vivas de lá, ou pior, que Roberta não sairia viva de lá.

- Eu preciso falar com ela. - Pedi insistentemente. - Você pode avisá-la que eu acordei?

Conhecendo a minha namorada como eu conhecia, sabia que seria um momento difícil o que viria pela frente. Ela provavelmente se culparia pelo que aconteceu e eu precisava deixar claro que não era sua culpa e que eu a amava mais que tudo.

Paula e minha mãe se entreolharam e então me encararam com receio, parecendo procurarem as palavras certas para falarem.

- Filha...- Minha mãe começou, mas Paula a interrompeu.

- Eu vou ligar para a Pietra avisando que você acordou. - Minha irmã disse simplesmente. - Preocupe-se apenas em ficar bem, ok?

Depois disso uma enfermeira veio até mim com alguns comprimidos e trocou todos os meus curativos. Esperei pacientemente para que ela fizesse o seu trabalho, que não demorou mais do que alguns minutos. O médico retornou algum tempo depois, dizendo que fariam alguns exames e então, se tudo estivesse bem, eu poderia ter alta em alguns dias.

Nesse meio tempo, acabei dormindo novamente, sentindo meu corpo esgotado e minha cabeça doer. Aparentemente a fratura de crânio doía como o inferno e era algo que eu iria precisar me acostumar pelos próximos dias, até que tudo ficasse bem.

Mistakes - RosabertaOnde histórias criam vida. Descubra agora