Mistakes - Rosaberta

Mente Fechada

Aqui estamos!
Boa leitura Babys!

-x-

Roberta Ratzke

As últimas palavras de Rosamaria continuavam soando na minha mente, indo e voltando. Foi difícil assimilar o que ela tinha dito no início, quase como se eu estivesse delirando.

Mas então a ficha caiu, ela realmente havia dito o que havia dito e então me deixado sozinha para lidar com isso.

Apressei o passo o máximo que pude em direção a escada e então ao elevador. O clima na festa parecia agradável, Paula e Pietra junto com alguns voluntários do abrigo organizavam uma roda de brincadeiras que tinham todas as crianças entretidas, inclusive Lipe e Malu.

A fogueira agora estava completamente apagada e eu sorri para aquilo. Eu tinha certeza que minha amiga era a responsável por tê-la apagado.

Sonaly estava sentada na lateral, comendo alguns lanches, olhei ao redor procurando por Rosamaria, mas ela não parecia estar por ali.

- Ei, você viu onde Rosmaria foi? - Questionei para Sonaly que parecia muito entretida com sua comida.

- Ela falou algo sobre ir até o carro. - A mulher mal me deu atenção e então voltou a mastigar.

Grávidas!

Caminhei em direção ao estacionamento, a noite parecendo ficar cada vez mais fria conforme as horas iam passando. A porta do carro de Rosa estava aberta e quando me aproximei mais um pouco a vi sentada no banco do motorista, os olhos fechados e as mãos batucando levemente sobre o volante.

- Você tem essa mania estranha de me seguir por aí, já te disse que é bem irritante? - Ela disse ainda de olhos fechados, mas um sorriso querendo brotar em seu rosto.

- Primeiro de tudo, eu nunca segui você. Foram apenas encontros casuais. Segundo, nós precisamos conversar. - Esclareci.

A mulher finalmente abriu os olhos, me encarando como se eu fosse um extraterrestre ou algo parecido.

- Não foi isso que acabamos de fazer lá em cima? - Ela parecia realmente surpresa.

- Sim, mas você jogou as últimas palavras sobre mim e simplesmente saiu. Sem esperar a minha resposta. - Apontei os fatos. - Eu não aceito.

- Como assim "não aceita?" - Rosamaria perguntou confusa. - O que você não aceita?

- O seu perdão!

Parecia realmente que eu era um ser de outro mundo, ou pelo menos era assim que ela me olhava nesse momento. Seu corpo agora estava totalmente virado para mim, sua expressão um misto de surpresa e raiva.

Apesar disso, mantive minha postura firme. Nós duas havíamos dividido momentos difíceis e delicados nos últimos dias e isso tinha nos aproximado, com certeza. Mas eu não podia fechar os olhos para tudo que tinha acontecido, não podia fechar os olhos para os anos de trauma e dor que tinha infligido a ela. Isso não desaparece facilmente.

- Bom, que bom que não cabe a você decidir isso. - Eu realmente tinha despertado sua raiva.

- Não é possível que você tenha esquecido tudo que eu fiz. - Apontei o que se passava em minha mente.

- Não, eu realmente não esqueci. A porra da fogueira deixou isso bem claro. Mas perdão não é sobre esquecer, Roberta. É sobre sentir.

- Você não sente isso. - Rebati imediatamente.

- Roberta qual é o seu problema? - Ela agora tinha saído do carro e estava parada na minha frente. - E desde quando você sabe o que eu sinto ou não?