Capítulo 7: Cinderela

232 20 10
                                    


Ambos, curiosamente, acordaram quase no mesmo horário, deduziram que possivelmente estavam tão sincronizados ao ponto de acordarem no mesmo período de tempo, com apenas alguns míseros minutos de diferença. Para Victor, a relação entre eles estava sendo uma boa experiência, trazendo mais alegria e diminuindo a solidão, sabia que talvez, ao decorrer do tempo, poderiam passar por dificuldades e divergências em suas opiniões, mas estava disposto a enfrentar tudo se o Ximenes estivesse em seu lado. Já Saiko, achava que o relacionamento era um tanto peculiar, nunca se imaginou em um envolvimento amoroso com uma pessoa do mesmo gênero, muita vezes perguntando a si mesmo se aquilo resultaria em algo a mais ou seria somente para acabar com a carência causada pela vida adulta, muitas vezes cogitando em dar um fim naquilo por não sentir encaixado na comunidade lgbt+, contudo admitia que adorava a companhia de Victor, as interações, os beijos, os abraços e todas as sensações boas proporcionadas, porém temia que algo acabasse saindo errado e afetar a relação de amizade entre eles, afinal, eram somente amigos.

Victor se mostrou mais carinhoso naquela manhã, rodeando o parceiro com abraços e beijos, porém Saiko estava um pouco mais pessimista, calado na maior parte do tempo, assustando Victor. Não estavam com fome no período da manhã, então apenas foram descansar no sofá, dessa vez, Gemaplys deitou a cabeça nas coxas do amigo, deitando no sofá.

- Saiko, está tudo bem contigo?

- Uhum.

- Você parece meio estranho.

- 'Tô de boa.

- Tem certeza?

- Absulota.

- Já que você diz.

Gemaplys continuou preocupado com o que poderia ter acontecido, pensou que talvez tivesse feito algo que Rodrigo não gostou muito, mas não sabia o que poderia ser. Saiko ficou jogando enquanto Victor assistia, não trocaram muitas palavras e Rodrigo apenas respondia de forma pragmática, não dando oportunidades para iniciar um diálogo desenvolvido o suficiente. A hora do almoço estava se aproximando e Rodrigo foi à cozinha para preparar a comida. Victor também foi até o cômodo, se sentando no balcão. Saiko terminou de cozinhar, preparou macarrão e esquentou dois pedaços grandes de frango em uma frigideira, era a única coisa prática e rápida que conseguiu pensar no momento, logo serviu os pratos.

- Irei perguntar mais uma vez, está tudo bem?

- Você não tem medo também? -Perguntou Saiko.

- Medo de quê?

- Disso... da gente junto.

- Por que eu teria medo?

- Medo do que os outros podem achar.

- Por que essa pergunta agora? Apenas relaxa.

- Responde.

- Okay, okay. Eu tenho minhas incertezas, okay? Mas isso importa?

- É claro que importa, Victor!

- A opinião dos outros é mais importante do que a gente?

- Não é isso que eu quero dizer, mas 'porra'... a gente é homem, 'né?

- E daí? Não podem fazer nada contra nós dois.

- Eu não quero ser preconceituoso, mas se a gente amar mais do que devia e não gostarem de vê nós dois juntos?

- Como assim "se a gente amar mais do que devia"?

- Isso vai mesmo sair disso? Você pretende ter algo comigo? Não somos gays, não somos?

- Não existe só gay e hétero.

- Eu sei, eu sei. Mas a gente faz parte dessas coisas?

- Você realmente gosta de mim, Saiko?

Em rumo às bolasOnde histórias criam vida. Descubra agora