Capítulo 7

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• Fernando •

Segurei seus cabelos enquanto batia levemente em suas costas, tentando conter o desespero que se espalhava dentro de mim. Maiara balançou as mãos no ar, até encontrar meu peito e, com isso, me afastar, pedindo espaço. Sorri de lado.

Maiara: Sai daqui. — A ouvi grunhir. — Isso é chato e nada elegante.

Revirei os olhos diante da besteira saída dos seus lábios e me abaixei em suas costas, a ajudando a se levantar, sua pele ainda mais branca como uma folha de papel de tão pálida que estava. Ela se encostou em mim, parecendo cansada, e a vi suar.

Maiara: Não sei nem o que é pior — comentou com um sorrisinho. — Eu ter dormido com meu chefe, estar grávida ou estar vomitando na frente do cara com quem dormi. — Sorri, sentindo o cheiro do seu perfume. É agridoce, exatamente como imaginava a mulher em minha frente. Ela parecia frágil, calma, mas sabia bem que, quando queria, podia fazer uma reviravolta e tanto.

Fernando: Acho que estar grávida deve ser o mais preocupante — sussurrei e a vi ficar tensa, saltando para frente e se apoiando no mármore da pia enquanto abaixava a cabeça. — Vou perguntar novamente. É meu, Maiara? Não estou acusando de não ser, é que apenas foi uma noite, não sei se você tem algum relacionamento fixo ou algo.

Ela me lançou um olhar nada amigável.

Maiara: Pelo amor de Deus. — Revirou os olhos, se aprumando novamente, levantando os ombros como se aquilo a fizesse mais digna. — Posso até fazer um maldito teste de DNA. Estava sem dormir com um cara há mais tempo que consigo contar.

Sorri de lado.

Fernando: Quer dizer que fui sua exceção? — O sorrisinho safado a deixava ainda mais irritada. Seus olhos castanhos ficaram algumas tonalidades mais escuras.

Maiara: Fernando, eu tenho problemas mais importantes para resolver além do fato de se você é ou não a exceção. — Sorri, me lembrando de como ela estava bonita na festa da noite anterior e de como quis apenas segui-la pelo salão, sabendo que me mandaria para puta que pariu em cada mísera oportunidade.

Merda, Fernando! Você tem que ter foco. Um filho! Um bendito filho.

Não era um bom momento para arrumar uma dor de cabeça do tipo, eu tinha muitas responsabilidades no Grupo Zor, e sabia que dependia de mim que tudo fosse muito bem-sucedido. Minha cabeça chegava a girar na medida em que pensava que, em alguns meses, poderia ter toda minha realidade alterada. A perspectiva de que eu poderia não ser um bom pai me tirava do eixo.

Senhor Sérgio Zorzanello não foi lá o pai mais exemplar do mundo. Ele tirou o chão de Tati, a deixando à própria sorte ainda aos dezessete, e me enfiou em um hospital psiquiátrico pelo puro medo de que eu estragasse o status tão imaculado da família.

Fernando: Eu não posso ser pai, Maiara — murmurei, cansado. — Não vou ser um bom pai.

Ela fechou os olhos.

Maiara: Você realmente está me pedindo isso, Fernando? Sério mesmo? Acha que tirá-lo vai te poupar de ser um pai ruim?

Sabia que não. Eu continuaria sendo um péssimo pai, só que, pelo menos, não teria como ver a comprovação disso todos os dias.

Fernando: Sinto que, se for até o fim com isso, veria todos os dias a confirmação de que sou um péssimo pai! E odeio pensar nisso. — Ela se encolheu, passando o braço em volta da cintura.

Maiara: Eu não estou pedindo que o assuma, seu babaca! — exclamou com os olhos cheios de lágrimas contidas. — Apenas para que saiba, vou fazer o maldito exame de DNA para, quando ver os fatos, você terá a certeza todos os dias de que vai ser um péssimo pai se continuar com esse pensamento pequeno.

Para Sempre Nós DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora