• Fernando •
Encarei as informações confusas do teste, sentindo um enjoo vir à boca. Com os resultados ali apresentados, o bebê já avançava para a nona semana de gestação, e eu nem lembrava que já havia se passado tanto tempo. Não havia dúvidas que os últimos dois meses e meio se passaram como o vento. Também com a empresa, família e mil e uma reuniões no dia, não era difícil perder-se com as datas.
Porém, ali, naquele papel, havia algo bem maior do que um simples teste de DNA. Era a confirmação de que algo em minha vida mudaria para sempre. A paternidade nunca tinha me assustado como agora. Talvez a ideia de ser como meu pai era perturbadora demais para ser enfrentada facilmente.
Me joguei no sofá, mas não aproveitei nem um segundo da superfície macia, ouvindo a babá eletrônica apitar, anunciando que um dos gêmeos havia acordado. Levantei-me depressa, correndo pelo pequeno corredor ao lado da sala de jogos que me levava diretamente aos dois quartos de hóspedes em que Tati e Roberto estavam.
Entrei no primeiro quarto, vendo Melissa balançar as perninhas no ar, choramingando em plenos pulmões. Me abaixei, a pegando do pequeno berço montável que minha irmã havia colocado e deixei o ambiente, não querendo acordar seu parceiro de crime. A balançando em meus braços, senti o cheiro de colônia infantil invadir meus sentidos.
Fernando: Meu Deus, pensar que, em alguns meses, terei um desses no mundo — murmurei, entrando em meu quarto, longe o suficiente para que o outro gêmeo não escutasse seu choramingo.
Me sentei na cama e balancei Mel em minhas pernas, cantarolando uma musiquinha que eu não fazia ideia de como começava ou terminava e se estava no ritmo ou não.
Só que a garotinha me encarou com curiosidade, abrindo bem os olhinhos que tanto me lembravam os de Tati e me deu um sorriso banguelo, mostrando o único dentinho que crescia na boca.
E foi ali que eu vi. Não importava o pai que Sérgio havia sido. Eu não era ele. Éramos muito diferentes. E eu não faria com meu filho ou filha o que ele havia feito comigo.
Fernando: Você vai ter um priminho, Mel — disse, brincando. — Que Deus me ajude que não seja gêmeo, mas, devido aos genes dessa família, não duvido nada. — O fato de ter aceitado isso não queria dizer que estava preparado para ser pai de gêmeos.
Melissa mordeu a mãozinha gordinha, choramingando. Parecia com fome. Apalpei a barriga gordinha e senti um desespero ao pensar que ela poderia estar com muita fome. E não fazia ideia de como alimentar um bebê.
Fernando: Deus ajude que sua mãe chegue logo — sussurrei —, para contar a ela que vamos ter mais um herdeiro Zorzanello em breve, que provavelmente não vai ter essas penugens loiras suas. — Alisei um pouco a cabeça da pequena garota. — E, se for menina, vai ficar empinando aquele nariz atrevido em minha direção. Igualzinha à mãe dela.
Pincelei o nariz de Mel, a escutando resmungar e me chutar com aqueles pezinhos pequenos.
Tati: Que negócio é esse de novo herdeiro, Fernando? — A voz de minha irmã gêmea preencheu o cômodo, me fazendo levantar o olhar e dar de cara com a loira com uma expressão assustada.
Roberto apareceu em suas costas com Heitor em seus braços, que mantinha os olhos enormes atentos a tudo. Engoli em seco.
Fernando: Eu vou ser pai. — A primeira confirmação veio mais forte do que eu poderia aguentar. — Maiara está grávida e provavelmente ela vai me querer longe do bebê, porque fui babaca e disse que não queria filhos.
A última parte era uma faca em meu peito. Vi a expressão de Tati se tornar furiosa explodindo em um feroz:
Tati: Seu babaca! — Hunter segurou o riso e, se não fosse pelo choro estridente de Melissa no momento mais oportuno do mundo, eu estaria morto agora.
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Para Sempre Nós Dois
FanfictionFernando Zorzanello não teve o melhor exemplo de família. Gêmeo mais velho, herdeiro de uma família tradicional e influente, passou quase dez anos privado da liberdade e quando finalmente a tem: se relacionar é a última coisa que passa em sua mente...