Capítulo 13

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• Maiara •

Sinceramente, eu achava fielmente que nem mesmo em outra vida viveria uma situação pior do que a que se desenrolou em minha frente durante a consulta com Aline. A médica simplesmente não escondeu sua grande satisfação em ver Fernando. Chamar o pai do filho de uma mulher para sair, mesmo eles não tendo nada fixo, não deveria ser algum tipo de crime?

Maraisa: Não, Maiara, sem chance nenhuma de ser crime — Maraisa rebateu, foquei os olhos nela enquanto Sofia sorria das palavras da mãe.

Sofia: Sem chance, Titi. — Suas bochechas fofinhas e os cabelos que sempre me traziam a estranha sensação de felicidade.

Me perguntei se meu bebê é menino ou menina – a probabilidade de ser gêmeos estava finalmente descartada – e inspirei fundo.

Minha sobrinha parecia ser o tipo de mistura que eu e Fernando geraríamos. Os cabelos dele causariam – certamente – um tom castanho-médio em nosso filho.

Maiara: Sério? Ela quase olhou para mim. — Me levantei ao falar. — E fez aquela besteira que fazemos quando crianças, de colocar a língua para fora e falar algo para sobressair. Aline diria as exatas palavras: "eu dormi com ele primeiro que você" — completei com voz debochada. — Isso é tão babaca.

Maraisa riu, segurando o avental contra o corpo. Me sentei na mesa da cozinha, pegando uma porção da pipoca com chocolate que fizemos, e enfiei pouco a pouco em minha boca.

Maraisa: Acho que o preocupante nesta situação é você com todo esse ciúme.

Maiara: Não são ciúmes! Mas é mega desconfortável, você nunca viveu uma situação em que o cara que é pai do seu filho foi o primeiro homem da sua ginecologista. — Revirei os olhos. — E o pior é que parece sério. Para Fernando, pode não ter passado de mais uma noite! Mas, para qualquer garota, é um dos momentos que fica marcado em si.

Minha irmã me ouvia tagarelando e se sentou ao meu lado.

Maraisa: Olha, eu acho que os sentimentos da gravidez estão lhe confundindo.

Maiara: Como assim?

Maraisa: Você diz que Fernando foi apenas uma noite.

Maiara: E foi!

Maraisa: Mas fica com ciúmes porque sua médica o quer novamente na cama dela — debochou.

Maiara: E eu não deveria? Ah, nossa, vou chegar no parto do meu filho e olhar para minha obstetra e: "Oi, doutora, quando é que o pai do meu filho vai fazer um filho na senhora também?"

Maraisa: Meu Deus, você está ficando cada dia mais debochada! — exclamou, e não evitei a risada alta. — Realmente, admito que a situação é difícil, mas pensa comigo, você disse que ele deu uns cortes nela.

Maiara: Talvez por respeito. — Dei os ombros. — Ele está tentando ser bonzinho, pois pediu o negócio da chance lá.

Maraisa: Pois, se ele quiser mesmo a chance de ser pai do meu sobrinho, não vai olhar para essa mulher de maneira diferente em nenhum momento. É respeito a vocês, algo que particularmente já me faz gostar desse tal de Fernando Zorzanello.

Suspirei, pegando a jarra de água sobre a mesa e deixei uma quantidade generosa cair em meu copo. A viagem até Goiânia demorou mais do que eu previa, entretanto, correu tudo muito bem e, quando vi, já estava sendo abraçada pelo clima escaldante da Fazenda.

Eu, particularmente, nunca seria boa o suficiente para viver aqui. Gostava mais do movimento da cidade grande, das coisas sendo facilmente encontradas e da minha vida sempre nos trilhos. Já Maraisa preferia a forma previsível do campo.

Para Sempre Nós DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora