Capítulo 10

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• Fernando •

Afundei minha cabeça contra a mesa cheia de documentos, não acreditando que Tati estava gritando há meia hora comigo como se não tivéssemos a mesma idade, como se não fosse minha garotinha.

Suspirei, a vendo falar sobre a importância de ter um filho. Sobre as responsabilidades, a mudança que tudo tinha, como sua vida virava de cabeça para baixo e nunca mais seria apenas você. Sempre teria aquela pessoa dependente, seja por amor, dinheiro ou pelo simples fato de que ela despeja toda sua confiança em cima de você.

Porém, ela parou em frente à imensa janela da minha sala, encarando a rua movimentada, e seus olhos caíram rapidamente na cadeirinha que segurava Melissa quietinha ali. E sorriu, apaixonada pela filha.

Tati: É aquele amor incondicional, sabe? — murmurou com voz calma. — É uma pessoa que você sabe que deposita todo seu coração ali. Que tem todos seus pensamentos. Se ela está bem, se não sente dor ou se ninguém está a machucando.

Sorri, sabendo o quão apaixonada minha irmã era por seus pequenos pestinhas.

Fernando: Eu sei, Tati — foi a única coisa que disse para atrair sua atenção. — Eu estava com muito medo de ser pai, pois a ideia era assustadora a princípio. Não tivemos o melhor dos pais.

Encolhi o ombro, e ela caminhou até mim, pousando a mão em meu ombro, e alisou meus cabelos com a outra, como se eu tivesse três anos e chorasse pelo meu brinquedo perdido.

Tati: E como está seu coração agora? Roberto me falou que estava enciumado. — Fiz careta.

Fernando: Não estava enciumado. Acho normal ter um desconforto ao saber que Roberto e Maiara já dormiram juntos enquanto ela é futura mãe do meu filho. — Ela riu baixinho.

Tati: Tenho a sensação de que isso não é uma verdade absoluta — respondeu, se afastando em direção ao seu celular que estava jogado na mesa e vibrava, se aproximando da borda. — Ah, é Roberto. Ele e Heitor juntos são um desastre.

Ri, encarando o celular.

Escutamos alguém bater à porta e liberei a entrada, sem fazer a mínima ideia de quem se tratava. Maiara colocou metade do corpo para dentro, sorrindo, nervosa. A vi engolir em seco diante da presença de Tati.

Tati: Maiara! — minha irmã exclamou. — Entra, já ia lá na sua sala.

Ia, é? Eu quase perguntei, mas decidi ficar calado e ver a interação das duas.

Maiara entrou, e eu a observei com calma. O cabelo ruivo preso em uma trança lateral, como era bem longo, ia até um pouco antes da cintura, os lábios pintados em um tom clarinho e, pelo que percebi, era a única maquiagem presente no rosto. As roupas, como sempre, eram muito discretas. O vestido ia um pouco acima do joelho, justo de forma moderada. E merda! Ela era linda demais...

Tati: Parabéns pelo bebê, Mai... — minha irmã falou, a abraçando. A mulher sorriu de orelha a orelha com isso. — Veja só como será sua vida daqui a alguns meses. — Apontou levemente para Melissa, que balançava as pernas para cima, agitada por estar há muito tempo deitada.

Minha sobrinha, com sua porção de fios loiros na cabeça, vestia um shortinho pequeno jeans, que não sabia como era possível ter uma peça do tipo para alguém tão pequeno, e uma blusinha azul apertada ao seu corpo.

Maiara riu, se inclinando para ver a criança. Alisando sua bochecha, atraiu a atenção de Mel, enquanto eu continuava ali, paralisado. Engoli em seco ao vê-la fazer voz fofinha e rir em seguida com o gracejo da menina.

Para Sempre Nós DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora