• Fernando •
Observei Maiara remexer as mãos de maneira inquieta, claramente faltando abrir a porta e correr para fora, desesperada. Segurei o riso, mas a verdade era que estava temendo o que o almoço na casa dos meus pais iria dar. Sérgio, com toda certeza, estaria presente por videochamada, já que sair do hospital, nos últimos tempos, seria como se matar.
Inspirei fundo, lembrando-me do vídeo da câmera de segurança que vi dois dias atrás. A confirmação que Suzana pegou o exame de DNA em minha casa veio como um tapa na cara, mas foi o suficiente para sabermos em que caminho estávamos seguindo.
A mãe de Maiara, bom, como ela costuma dizer, era problema dela, mas não conseguia ficar de fora ao ver como a mulher conseguia atingir a filha de uma maneira tão devastadora.
Tentei entender como funcionava a relação das duas, mas tudo que eu tinha era pontas soltas. A mãe dela costumava chorar e dizer que a filha queria vê-la infeliz, enquanto Maiara dizia que ela mesma plantava sua infelicidade. Enquanto isso, mais confuso eu ficava em relação às duas.
O confronto com Suzana ainda não tinha sido possível, devido à toda demanda de trabalho nos últimos dias, e Maiara decidiu que eu era a pessoa mais indicada para falar com a mulher. Era o chefe dela, o dono da casa e, com toda certeza, ela não usaria o tom debochado comigo.
Maiara: Você acha que...
Fernando: Que eles vão gostar de você? — cortei, a vendo fazer careta. — Maiara, minha família te adora desde que começou a trabalhar na empresa.
Maiara: Eu sei, sabe, mas sempre pensei que fosse pelo motivo de eu ser uma boa funcionária e porque não usei da má-fé para fazer mal a vocês com os documentos que tinha. — Encolheu os ombros. — E se eles começarem de novo com o negócio de casar?! — praticamente gritou, me fazendo rir.
Fernando: Olha, sendo sincero, tenho medo desse papo aí também, mas Tati e Roberto vão estar lá e acredito que as coisas ficarão fáceis com as crianças em casa. — Ela puxou o ar. — Minha prima também vai estar lá, se isso facilita as coisas.
Maiara: Ah, ótimo, vou ser apresentada à, praticamente, toda a família Zorzanello! — Ela pareceu meio pálida. — Mas alguém vai estar lá?
Fernando: Meu primo e a esposa, e os gêmeos, além de Beatriz. — Ela franziu a testa. — Filha da minha prima.
Maiara: OK, eu vou desmaiar antes de chegar lá. — Parei o carro no sinal, o deixando em ponto-morto, e me inclinei, segurando a cabeça de Maiara em minha direção, a fazendo deslizar os olhos pelo meu rosto calmamente. — Merda, você deveria me acalmar, Fernando, falar: "não, tudo vai ficar bem".
Segurei o riso.
Fernando: Vai ficar tudo bem, princesa. — Alisei sua bochecha ao falar o apelido que sei que ela odiava. — São meus pais, eles são meio malucos, mas amam a adição de nova gente na família. Sabe, meus primos não vêm em minha casa há muito tempo. Minha irmã está aproveitando ao máximo cada reunião familiar, pois os Zorzanello, há muito tempo, não eram uma família grande e barulhenta. — Beijei seus lábios. — Eles vão amar você. Já amam.
Ela se afastou com um sorrisinho se estendendo nos lábios vermelhos.
Maiara: Só tenho medo agora do papo de casamento — falou, mas seguiu rindo. — Com mais gente, fica mais difícil de negar.
Balanço a cabeça em concordância. Infelizmente, era verdade.
Leandro e Karen finalmente vieram para uma reunião familiar, depois de muitos convites dos meus pais. Filhos de Maria Zorzanello, minha tia renegada pelos meus avós, que morava nos Estados Unidos desde a juventude. Não precisavam de nós. Só que, com o nosso histórico de erros, de renegar pessoas, papai teve a consciência pesada pelos seus progenitores e quis, a todo custo, trazer os sobrinhos para perto.
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Para Sempre Nós Dois
Fiksi PenggemarFernando Zorzanello não teve o melhor exemplo de família. Gêmeo mais velho, herdeiro de uma família tradicional e influente, passou quase dez anos privado da liberdade e quando finalmente a tem: se relacionar é a última coisa que passa em sua mente...